Num momento em que, a nível internacional, ressurge um discurso muitíssimo afirmativo contra a organização do currículo escolar (já não "por" mas) "com" disciplinas, começando, em alternativa, a implementar-se em países europeus um modelo curricular por projectos, problemas ou fenómenos, surgem notícias como a que se segue, só possível porque... (ainda) há disciplinas, algumas delas tão fundamentais como a Filosofia.
A notícia é que nas Olimpíadas Ibero-Americanas de Filosofia (onde participam Portugal, México, Espanha, Costa Rica e República Dominicana) três alunos portugueses, José Nuno Forte, Maria Beatriz Santos e Hugo Ferreira, ganham, respectivamente, as medalhas de ouro, prata e bronze numa prova de ensaio.
Sendo eu muito pouco entusiasta de olimpíadas ligadas à educação escolar, reconheço que se trata de uma iniciativa que permite destacar o bom trabalho que se faz em certas disciplinas, neste caso, numa das que mais risco corre de exclusão do currículo.
A Associação para a Promoção da Filosofia (Prosofos) disse a respeito: "É a prova inequívoca (...) da qualidade do trabalho desenvolvido pelos professores de Filosofia no nosso país". Concordo.
E acrescentou "Estes resultados (...) reiteram a necessidade de não esquecermos a importância do pensamento, muitas vezes relegado para segundo plano, sob as ciências exatas, num momento que se assume crítico na História da nossa sociedade". Com isto (que, reconheço, é trivial dizer-se) já não concordo. As Humanidades, Artes e Ciências, todas elas, podem desenvolver capacidades que dão forma ao pensamento. Não podem estar umas contra a outras, mas umas com as outras.
À parte este pormenor (que faz muita diferença, mas é de ordem diferente desta notícia), louvo o trabalho dos professores e dos alunos envolvidos, tanto portugueses como estrangeiros, pelo entusiamo que se alia ao conhecimento, neste caso, filosófico. No seu conjunto, são a esperança de que a Escola há-de continuar no seu rumo.
Muitos parabéns!
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