sexta-feira, 1 de maio de 2015

A aprendizagem dos alunos do ensino básico portugueses em Português e Matemática

Há alguns dias, em Abril, o Instituto Nacional de Avaliação Educativa - IAVE - deu a conhecer um relatório onde se apresentam e analisam, com fins de aferição do sistema educativo, os resultados das provas finais de Português e de Matemática, obtidos entre 2010 e 2014 pelos alunos dos 2.º e do 3.º Ciclos do Ensino Básico.

Explica-se, nesse relatório, o seu sentido:
... reforçar e enriquecer a informação, de ordem qualitativa, que cada prova pode facultar (...) a valia que a avaliação externa pode representar para uma atuação informada dos professores na sala de aula, no sentido de progressivamente poderem ser minorados os constrangimentos que em certos domínios cognitivos (...) são evidenciados por uma percentagem significativa dos alunos (...) constituiu-se como uma ferramenta (...) de reequacionamento pedagógico e didático que possa concorrer para minorar, gradualmente, os aspetos menos positivos das dimensões da aprendizagem em que os alunos continuam a mostrar crónicas e persistentes fragilidades (página 5 e 55).
Para a disciplina de Português apresentam-se as seguintes conclusões:
(...) as características dos textos literários e não literários que servem de suporte aos itens interferem nos resultados obtidos, independentemente do conteúdo em avaliação: linguagens e universos mais complexos geram piores resultados. Daí a importância da exploração, em contextos de ensino-aprendizagem, de textos progressivamente mais complexos ao longo dos ciclos de ensino em análise. Independentemente do suporte textual que lhes serviu de base, os itens em que se requereu a localização, paráfrase ou interpretação de informação explícita no texto, bem como os itens que implicavam a realização de inferências simples, apresentaram, de um modo geral, resultados superiores. Os itens que implicavam operações cognitivas mais exigentes, como as inferências complexas, a formulação de juízos de valor ou o posicionamento crítico, obtiveram, geralmente, resultados inferiores. Torna-se evidente a importância de praticar a leitura inferencial a partir de suportes progressivamente mais complexos (...).
Para a disciplina de Matemática apresentam-se as seguintes conclusões:
(...) verifica-se, em geral, que a maior ou menor dificuldade dos itens é determinada, fundamentalmente, pela complexidade dos processos cognitivos envolvidos, independentemente do tema em avaliação. As evidências permitem concluir que deve ser dedicada especial atenção à resolução de exercícios e problemas envolvendo números racionais nas suas diferentes formas, com vários graus de dificuldade, no âmbito do domínio Números e Operações (...) importância de estimular e trabalhar o cálculo mental, promovendo-se a exploração de estratégias de cálculo. O significado dos símbolos matemáticos, assim como a sua escrita, como meio de comunicação matemática, merecem também atenção adicional, bem como o uso de uma linguagem cada vez mais formal, e a construção de justificações simples. No domínio Geometria e Medida, resulta evidente a necessidade de insistir na resolução de problemas que envolvam as noções de áreas, perímetros, volumes e propriedades de figuras planas/sólidos com figuras suporte, mas também sem figuras suporte, de modo a trabalhar a capacidade de abstração. No domínio da Álgebra, no 2.º CEB, salienta-se a necessidade de dar ênfase ao estudo da proporcionalidade direta e de continuar a trabalhar no estudo das propriedades das operações com os números racionais. Os resultados apresentados no domínio Organização e Tratamento de Dados parecem encorajadores; no entanto, as evidências sugerem a necessidade de continuar a trabalhar a noção de média, pois, como se verificou, se não é solicitada uma média direta o desempenho dos alunos piora bastante. As dificuldades significativas verificadas na resolução de problemas e nas situações que implicam comunicação e raciocínio matemáticos requerem a resolução sistemática de problemas que impliquem a identificação da informação relevante (leitura e interpretação do enunciado), a utilização de contextos e de estratégias diversificadas, a verificação dos resultados alcançados e a discussão das estratégias utilizadas e dos resultados obtidos.
*Os destaques a azul são meus.
Este texto tem continuação.

1 comentário:

Unknown disse...

Ileteracia funcional

O BRASIL JUNTA-SE AOS PAÍSES QUE PROÍBEM OU RESTRINGEM OS TELEMÓVEIS NA SALA DE AULA E NA ESCOLA

A notícia é da Agência Lusa. Encontrei-a no jornal Expresso (ver aqui ). É, felizmente, quase igual a outras que temos registado no De Rerum...