A 19 de Abril no departamento de Matemática da Universidade de Coimbra efectuei uma intervenção convidada num Encontro da FENPROF em Coimbra, sobre ciência e ensino superior. Deixo aqui o resumo, da responsabilidade da FENPROF, que editei ligeiramente para ficar mais fiel:
"Já Carlos Fiolhais, começando por defender a necessidade de haver uma maior ligação entre ensino superior e ciência, dirigiu um forte ataque contra a FCT e o actual governo que, com a sua política , hipotecaram o trabalho de mais de metade das unidades de I&D. “A premissa de que metade das unidades tinha de ser excluída (cláusula secreta)” é incompreensível, frisou. “Não sei por que é que isto acontece. É irracional”. E lembrou que o processo conduzido pela FCT e pela European Sciense Foundation, tendo sido um rotundo falhanço, como fez questão de salientar o próprio CRUP, no entanto, está aí. “Mantém-se!”. E afirmou que “a actual presidente tem a obrigação de vir esclarecer se também considera a avaliação um falhanço. É uma avaliação sem qualidade nenhuma”.
O físico, que tem sido uma voz forte na contestação a todo o processo de avaliação das unidades de investigação e dos investigadores, exigiu ainda que a nova presidente da FCT seja “uma pessoa empenhada, que tenha tempo para acompanhar todo o processo e para se dedicar, efectivamente, à gestão da ciência como causa e bem público ao serviço do desenvolvimento". E chamou a atenção para que “enquanto não for restabelecida a confiança na comunidade científica, ninguém acreditará que possa haver, efectivamente, uma mudança de rumo”. Num quadro de não cumprimento da própria lei, de inexistência de suficientes peritos devido uma uma errada composição dos júris neste processo de avaliação, exige-se que tudo seja refeito, que se perca algum tempo para se ganhar credibilidade e viabilizar uma avaliação justa e adequada.
Carlos Fiolhais, em tom acusatório, lembrou que, em Portugal, ao contrário do que acontece nos outros países, “não são as empresas, os privados, que apoiam a ciência e a investigação públicas. É o contrário. É o Estado que dá aos privados”. Acrescentou: "Maria Luís Albuquerque não pode vir dizer que tem os cofres cheios e depois dizer que não há dinheiro para um sector e objectivo estratégico – o desenvolvimento científico". E a terminar, deixou o repto: “Peçam desculpa pelo engano, façam de novo e façam bem”. Mas, ironizou, "não é muito habitual no governo pedir-se desculpa e corrigir erros”.
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