No passado dia 17 de Setembro, Miguel Seabra, actual presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia, foi ouvido na Comissão Parlamentar de Educação, Ciência e Cultura, a propósito do financiamento da ciência e do concurso de bolsas individuais que recentemente encerrou.
A audição, a pedido do grupo parlamentar do PCP, ocorreu na sequência de uma iniciativa da Associação de Bolseiros de Investigação Científica, uma petição que reuniu mais de 4000 assinaturas, pela resolução de vários problemas do concurso de bolsas individuais deste ano. Entre outros assuntos, como o atraso no concurso de bolsas, os painéis de avaliação e o financiamento da ciência em Portugal, foi abordada a questão da extinção da área de promoção e administração da ciência e tecnologia.
É uma longa audição, com intervenções dos deputados de todos os grupos parlamentares (à excepção dos Verdes, que não estão representados nesta comissão), mas penso que é esclarecedora. Fica aqui o registo áudio.
5 comentários:
Ataque-se o problema onde ele realmente está:
YOU MUST SEE THIS!: Karen Hudes World Bank Whistleblower...
https://www.youtube.com/watch?v=owanSt6XnmM
O que diz respeito a política estuda-se !
Num concurso onde não se sabe quem é o júri; que não se sabe qual é precisamente o processo de avaliação; que se desconhece a data da publicação de resultados; que foi adiado por duas vezes; em que o regulamento foi alterado a meio; cuja aplicação informática deu e continua a dar problemas; em que por três vezes fizeram os orientadores aceder à aplicação para corrigir trapalhadas da FCT (a última das quais já depois de terminado o prazo); em que é oculto o número de candidaturas submetidas e ninguém sabe quantas serão aprovadas, há quem esteja preocupado, exclusivamente, com a área da promoção e administração da ciência...Este país tem a mentalidade de uma aldeola.
Caro anónimo, as questões que levanta são muito pertinentes e conto que haja quem as denuncie - entre os mais de 6 mil candidatos a bolsas individuais, seus orientadores e co-orientadores, bem com a Associação de Bolseiros de Investigação Científica. No entanto, a área da promoção e administração de ciência e tecnologia tem poucos defensores, ou assim pensava a FCT que a eliminou sem apelo nem agravo, pensando que não levantaria ondas ou comoção de qualquer espécie. Juntámo-nos uns quantos bolseiros preocupados com o assunto e conseguimos até à data reunir mais de 800 apoiantes e uma audiência com o presidente da FCT, facto a que não foi alheio seguramente o apoio público do Prof. Carlos Fiolhais. Se calhar o anónimo julga que nos devíamos dedicar a defender todos os direitos de todos os bolseiros; ou a erradicar com a fome no mundo; ou a promover a paz na terra. Cada um defende as causas em que acredita e em que se revê, e para as quais tem tempo e energia. E, veja bem, eu até estou a perder tempo com bolsas às quais não pretendo voltar a candidatar-me, apenas porque acho que fazem falta. Aldeola? Bom talvez, mas de irredutíveis gauleses.
Cara Joana Lobo Antunes: É bem sabido que a qualquer área ligada à comunicação pública nunca faltam apoiantes. São áreas que, pelo seu acesso privilegiado à comunicação social e confusão característica entre os seus interesses pessoais e os interesses gerais, têm um poder político significativo. Aliás, foi bem elucidativa a campanha que fizerem em jornais, em Blogs, em foruns e o que mais houvesse. Já a História da Ciência, que com menos explicação foi excluída, não teve direito a tanto espaço de indignação e desapareceu como nada fosse. Só por ingenuidade alguém poderia esperar que a exclusão da PACT não causasse uma onda de propostos mediáticos. Já a mim me surpreende a utilização tão lúcida de uma certa corrupção e tráfico de influências, quando afirma que a reunião conseguida com o presidente da FCT se deveu, também, ao apoio público do Prof. Carlos Fiolhais.Manobras típicas das mais tacanhas aldeias - fala-se com o médico da terra para influenciar o presidente da junta.
Por outro lado, os problemas que referi afectam todos candidatos. São problemas gravíssimos para o sistema científico nacional. Os que refere afectam um grupo particular. No entanto, não tem igualmente problemas em considerar que não vale a pena perder energias com os problemas do sistema científico e nem tem pudor em comparar estes problemas com a fome no mundo - tomara que fossem - quando o que importa é defender os interesses de uma corporação. Deslizou para o corporativismo mais infeliz e nem se deu conta - como é usual nestes casos - que o interesse de todos é também o interesse da sua corporação. Não sei se já se deu conta, mas a força da aldeia dos gauleses não é a poção mágica, mas a sua solidariedade e comunhão de esforços, por muito que discutam. Valores justamente opostos ao que aqui exibiu. Valores de aldeola, onde o interesse particular e as pequenas jogadas de influências são mais merecedoras de energias e esforços do que o bem geral.
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