domingo, 27 de janeiro de 2013

Pela divisão de poderes

Como devem os cientistas lidar com o poder político? Se a história nos ensina alguma coisa é que é uma má ideia haver uma ligação muito estreita entre o poder político e os cientistas. Geralmente, o resultado é mau: socialmente mau, cientificamente mau, humanamente mau. E porquê? Uma das razões é que a ciência e a política se regem por princípios inconciliáveis.

O princípio central da política é a mentira, a manipulação e o paternalismo sobranceiro. Os políticos sentem-se na posse da verdade, e sentem que em prol das suas convicções (muitas vezes bem intencionadas, mas de boas intenções está o inferno cheio) toda a mentira e manipulação se justifica. Isso faz-se com meias-verdades, manipulação verbal e encenação teatral na televisão. Os consensos políticos nada têm a ver com a vontade de boa-fé de chegar ao que imparcialmente é melhor para todos, mas antes aos jogos de bastidores de quem tem mais poder económico, social, religioso ou partidário.
O princípio central da ciência é a verdade, a transparência e a autonomia humilde. Errar é de esperar e é normal em ciência, e todo o cientista honesto sabe que erra. Daí a importância dada ao controlo mútuo de erros, ao peer-review, à procura explícita de falhas e erros, imprecisões e ilusões. Quando um cientista honesto não sabe se é X ou Y, diz que não sabe se é X ou Y. Nunca um político admite não saber: eles fingem saber sempre tudo, e para eles é sempre tudo a preto e branco.

Já se está a ver que quando se formam painéis governamentais ou intergovernamentais de cientistas, comissões científicas e relatórios científicos, o desastre está sempre prestes a acontecer. Para fazer o que os políticos querem, os cientistas terão de mentir, simplificar, pôr tudo a preto e branco e fingir que sabem tudo. Se fizerem ciência honesta, os políticos deitam o relatório fora e fazem o que queriam desde o início fazer. Além disso, a probabilidade de este género de comissões atrair os piores cientistas não é desprezível: os cientistas sem criatividade, ávidos de poder, que já não têm realmente entusiasmo pela ciência e que descobriram tarde de mais que teriam ganho mais dinheiro e prestígio noutras profissões.

A ironia é que precisamos cada vez menos de relatórios e comissões desse género. Com a Internet e os livros baratos, com a facilidade de comunicação e a liberdade de expressão, os cientistas podem comunicar directamente com as pessoas que lhes pagam o ordenado por meio de impostos. Não precisam do estado como intermediário. Podem alertar as pessoas para os perigos, instruí-las, ensiná-las, divulgar ideias e resultados, explicar ideias complexas de maneira simples (mas não simplória, como querem os políticos). Se os cientistas estão preocupados com o aquecimento global ou o arrefecimento local, a extinção do lobo ibérico ou a queda de cabelo nos homens com mais de 50 anos, a ejaculação precoce ou a falta de erecção nos homens saudáveis com mais de 95 anos, não precisam do poder dos políticos. Podem limitar-se a falar directamente com as pessoas, usando os meios de comunicação ao seu dispor — e deixar aos processos normais de tomada de decisão política a responsabilidade de tomar decisões políticas. Se essas decisões políticas não forem informadas cientificamente porque os políticos e seus algozes não se deram ao trabalho de ler o que é informação científica pública de qualidade, então os próprios eleitores — que têm acesso a essa informação — saberão penalizá-los, se considerarem que devem penalizá-los. E se considerarem que não devem penalizá-los, é porque também não querem saber se as decisões políticas são tomadas com o conhecimento científico relevante ou não. Caso em que também não seria do seu interesse a formação de comissões de cientistas mandatadas pelo estado para tomar decisões.

Assim, defendo uma separação cuidadosa de poderes. Tal como a separação do poder legislativo, executivo e judicial é uma solução inteligente para os perigos da concentração de poder (e a concentração de poder não é só perigosa devido às más intenções, mas também devido às boas intenções erradas), precisamos da mais completa separação que conseguirmos imaginar entre o poder científico e os restantes poderes. A ideia é que cada cientista pode e deve comunicar por si com o público; o público e os políticos que decidam o que querem fazer com a informação científica disponibilizada.

Eis duas vantagens desta posição: primeiro, não é preciso que os cientistas mintam às pessoas, fingindo saber o que de facto não sabem, adoptando os tiques dos políticos; segundo, teremos vozes discordantes, cientistas que discordam de outros cientistas, coisa que é fundamental para a educação da população para a autonomia, para que compreendam a importância de se informarem adequadamente, para que possam formar uma opinião abalizada, e para que saibam que por vezes é tão difícil saber o que queremos, que pessoas igualmente qualificadas, igualmente inteligentes e de boa-fé, não conseguem chegar a consenso.

Em contraste, quanto mais a ciência se politizar, mais os cientistas irão mentir e enredar-se em mentiras políticas. Além disso, irão assumir o discurso paternalista, tratando as pessoas como débeis mentais, e irão fingir que sabem o que não sabem e que podem tomar decisões seguras pelos outros, quando na verdade não podem porque há muitas incertezas e muitos desconhecidos. E mesmo quando não há incertezas e desconhecidos, impor politicamente aos outros as verdades científicas contribui para um dos piores males da humanidade: a falta de autonomia, o respeito pela autoridade, a infantilização. 

16 comentários:

Unknown disse...

Desidério Murcho,

Eu estou em completo desacordo consigo, relativamente a muito do que afirma e faz afirmações que são muito pouco razoáveis.

Por exemplo quando faz a pergunta

"Como devem os cientistas lidar com o poder político?" E sugere que estes não devem cooperar com o poder político. Isto é muito pouco razoável, como é que um cientista que seja interpelado por aqueles políticos que o povo elegeu (e os representa, mesmo que não goste deles ou não esteja de acordo com as suas politicas) pode deixar de corresponder a esse apelo. Bem sei que em algumas ocasiões do passado isso já passou por situações algo indignas, mas os cientistas são pessoas (não são uma classe de gente iluminada com virtudes, deveres, defeitos e direitos diferentes dos outros cidadão, o que os distingue dos outros é um maior conhecimento na sua área de especialidade) como as outras e também têm as suas opções filosóficas e políticas (mas isso é algo pessoal).

Ou quando diz:

"O princípio central da política é a mentira, a manipulação e o paternalismo sobranceiro." Isto parece-me extraordinariamente redutor e considero esta afirmação não só infeliz, mas injusta e completamente absurda. Faz-me impressão perceber que conseguiu escrever isto. Bem sei que hoje em dia há esta ideia (que está amplamente generalizada) de que os políticos são as pessoas mais desprezíveis que existem, diz-se que estas pessoas são não só incompetentes, como desonestas, ou se cada uma não é assim há alguém que o força a agir assim. Isto para além de me parecer ser simplista é um pouco desonesto. Eu percebo que quando a vida não corre bem ao cidadão comum, este sinta um apelo forte por não encontrar em si os males da sua vida, mas antes noutra pessoa, que porventura lhe terá lançado um mau olhado, e que é o bode expiatório para os seus males. Hoje faz-se o mesmo para com os políticos (que são o bode expiatório mais à mão), se a vida das pessoas não está bem a culpa deve ser de alguém e esse alguém são os políticos. E quem são os políticos, serão pessoas especiais, eram as mais capazes, as mais inteligentes, as mais desonestas...? Não sei se eram ou não eram, a mim parecem-me pessoas normais, mas foram as que escolheram como projecto de vida ocuparem-se dessa tarefa (se as pessoas competentes, honestas e virtuosas não estão na política foi porque não quiseram e preferiram dar outros rumos à sua vida e estas pessoas competentes, honestas e virtuosas pela sua ausência deram o lugar às outras. E, por muito que as pessoas não gostem (nem da realidade nem dos políticos) e reclamem que têm direito a outra realidade e a melhores políticos, façam o que fizerem amanhã terão à mesma esta realidade e estes políticos, a menos que queiram entrar em qualquer conspiração para terminar com esta democracia e estes políticos de que ninguém gosta. Digamos que não há muitas alternativas ao estado das coisas, mas existem algumas).

Poderia comentar mais no que escreve adiante, mas creio que a sua visão de que a ciência e os cientistas serão uma coisa bela, pura e idílica e que a política e os políticos são coisas indignas, infames e mal cheirosas é completamente absurda (ainda que para muita gente se calhar seja um lugar comum).

Unknown disse...

Também gostava de comentar, em particular, um assunto que parece preocupá-lo muito que é o do poder dos cientistas. O único poder que os cientistas têm é o que advém do conhecimento que têm, mas esse poder é só esse, e para se poder designar sequer de "poder", implica que alguém reconheça esse poder, e neste caso o que está a fazer é voluntariamente prescindir do seu para dá-lo aos cientistas. Mas de um modo geral penso que os cientistas são avessos a ter poder.

Quanto ao relacionamento que fala com o poder, nos tais painéis governamentais ou intergovernamentais. Uma coisa de que se deve ter noção é que estes painéis são constituídos por motivos políticos, ou seja quando se pretende legitimar um determinado ponto de vista (e aí os cientistas dão a sua contribuição) e neste caso o tal painel serve apenas para abençoar e credibilizar a coisa (e há cientistas que se sujeitam a isso, imagino eu por concordarem com essas opções). Mas esta interacção tão directa entre o poder político e a ciência é muito pontual e específico e suponho que só é levado a cabo, quando os políticos estão muito inseguros em relação ao impacto na opinião pública (pessoalmente também não gosto deste tipo de opções e acho-as perigosas).

Anónimo disse...

Eu concordo com o Vasco da Gama.
Pedro Álvares Cabral

Desidério Murcho disse...

Obrigado pelas suas objecções, mas não concordo com algumas delas. De onde vem o poder militar? Do céu? Da religião? Não: ciência aplicada, desenvolvida e feita por cientistas. De onde vem o imenso poder dos laboratórios? Do céu? Da religião? Não: da ciência aplicada, desenvolvida e feita por cientistas. Os cientistas têm muitíssimo poder na nossa sociedade. Geralmente, não são os cientistas bem intencionados que fazem divulgação científica e muitas vezes não são sequer os que fazem investigação pura. Mas sem o conhecimento dos cientistas não teríamos exércitos com o poder militar que hoje têm, nem laboratórios todo-poderosos. O poder dos cientistas é uma coisa muito real, mas escondida do povo.

Quanto à minha visão da política, concordo em parte com a sua preocupação, e concordo totalmente que o meu discurso pode parecer o populismo anti-política que é comum. Só que as aparências iludem. O meu discurso baseia-se nas vacuidades que os políticos dizem nas televisões, na frivolidade com que encaram o poder político, na encenação televisiva e na completa ausência de pensamento próprio, de projectos, de ideias e ideais. Já participei em decisões políticas e sei como as coisas são: é o completo caos, a completa frivolidade, tudo feito à maluca, sem respeito algum pelo rigor, pela verdade, pelo estudo cuidadoso das coisas. A política é uma completa fraude, uma mentira permanente de que as pessoas devem acordar muito rapidamente.

Anónimo disse...

Eu concordo com o Pedro Álvares Cabral.

Luís António Verney

joão viegas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
joão viegas disse...

Olha, o De rerum natura inaugurou uma rubrica especial dedicada a taxistas ? Boa ideia ! Trata-se de uma categoria socio-profissional cuja ansiedade de saber e o rigor intelectual são altamente promissores...

Boas.

Anónimo disse...

Caro Desiério Murcho,

Concordo com as suas conclusões. Mas discordo dos termos em que assenta a discussão. Penso que mistura os planos. Define a politica a partir da sua prática ( o abuso da mentira ) e a ciência a partir do seu ideal ( a procura da verdade ). Ora no campo dos ideais a politica é tão nobre como a ciência. E no campo da prática a ciência pode ser tão pérfida quanto a politica. Misturar os planos para melhor defender as suas teses, parece-me uma postura que se coaduna mais com a má politica que com a boa ciência.

Cumprimentos,

M Rocha

Unknown disse...

Caro Desidério Murcho,

O poder dos cientistas advém apenas do conhecimento que obtém do seu trabalho. Mas a ua actividade está inserida na sociedade e esse conhecimento é partilhada (com os seus colegas) e com a sociedade. Já a utilização que se dá a esse conhecimento, não está apenas dependente deles e aí entra o resto da sociedade, da industria e dos políticos (que a representam) em primeiro lugar.

Eu não tenho qualquer experiência (em primeira mão) da actividade dos políticos, mas não me parece fazer sentido imaginar que eles são essencialmente desonestos e incompetentes, para mim são pessoas como as outras que procuram fazer o seu trabalho (com as limitações pessoais e colectivas que têm) como todas as outras pessoas. Não consigo partilhar a sua opinião, que se fundamenta na sua experiência (mas será ela representativa? talvez, mas a mim não me parece razoável, ainda que respeite a sua opinião).

A propósito do que refere dos cientistas que fazem divulgação científica, posso dizer-lhe o que penso sobre o assunto. Hoje em dia a divulgação científica é uma actividade que é acarinhada (quer ao nível da própria comunidade científica, quer ao nível político) e, essa actividade é um bem porque aumenta o conhecimento dos não cientístas sobre o que se faz em ciência. É claro que quem se propõe a fazer divulgação, tem de dar uma prespectiva simplificada dos assuntos que muitas vezes conduz a idias que não tem muita adesão à realidade, isto é um risco que decorre dessa actividade (que não tão simples como muitos que a fazem ou que beneficiam têm consciência). Depois, em ciência há também situações menos claras, onde existe alguma polémica e esses cientistas sentem-se tentados a divulgar apenas a sua opinião (sem reservas, e sem menção às diferentes opiniões, menosprezando-as, o que está errado, mas...). Pessoalmente faz-me confusão que nestas situações menos claras adoptem essa atitude e muitas vezes adoptem uma posição dogmática a favor de um dos pontos de vista, e acho essa incorrecção grave (pouco científica e algo desonesta), embora isso não invalide o valor da sua actividade e do seu esforço.

Desidério Murcho disse...

Excelente objecção, muito obrigado. Tenho de pensar melhor no assunto. À primeira vista, não parece pôr em causa a ideia principal: a separação de poderes. Quando separamos o poder judicial do legislativo não temos de aceitar que o legislativo é um poder pérfido e o judicial angélico. De modo que me parece que se pode defender a separação nítida de poderes sem usar a oposição de que falei.

Desidério Murcho disse...

O problema central é a expediência, Vasco. A expediência é inimiga da verdade e da honestidade. Imagine que você defende P. A razão genuína que sustenta P é Q. Contudo, você sabe que se defender P com base em Q, as pessoas não vão aceitar P -- ou porque Q é muito complicado, ou porque fere preconceitos arreigados, ou por outra razão. É uma tentação, não é?, defender P com base em R. Apesar de você saber que R é ainda por cima falsa, mas é aceite pelas pessoas. E vai dar ao resultado em que você acredita. Por isso, você é tentado pelo diabo e acaba convencendo-se que, no cômputo geral, a consequência de defender P com Q é melhor, apesar de você estar a mentir, do que se disser a verdade, porque nesse caso não consegue implementar P. Se você for um político realmente bom, consegue até mentir a si mesmo e convence-se de que realmente R é a razão correcta para P.

A política é feita destas mentiras constantes, mesmo quando as pessoas são honestas e bem intencionadas (e raramente o são: a generalidade dos políticos são incompetentes, não estudam coisa alguma e não sabem quase nada, excepto falar na televisão; muitos, nem escrever adequadamente sabem -- por isso políticos como Obama têm especialistas para lhe escrever os discursos, que ele se limita a decorar e depois repetir).

Quando as pessoas que fazem ciência entram no mundo político, caem exactamente na mesma tentação: em nome da expediência e das consequências, atropela-se a virtude.

Penso que há aqui um aspecto de fundo que talvez lhe interesse e de que talvez eu fale no De Rerum: a incrível preponderância filosófica na nossa sociedade de duas teorias éticas profundamente erradas: o utilitarismo e o deontologismo. Esta preponderância não permite desorienta moralmente as pessoas porque desvia o ênfase da acção moral do conceito de virtude de carácter, que deveria ser o seu centro. Uma pessoa profundamente comprometida e preocupada com a virtude não cai na tentação da expediência porque sabe que não está a ser virtuosa e sabe que em ética é a virtude que conta, e não as consequências nem a obediência a princípios abstractos e vagos que nada querem dizer de real.

joão viegas disse...

"Separação de poderes" ?

Tera o Desidério dedicado um so segundo que fosse a procurar saber o que é a separação de poderes, o que são os "poderes" a que a expressão se refere, e em que medida tem algum sentido aplicar a expressão ao relacionamento entre ciência e politica ?

Obviamente que não. Achou mais "expediente" meter-se num taxi !

Eu quero ser fulminado se alguém fôr capaz de encontrar uma so frase do Desidério, nos seus 10 ultimos posts, que indicie que ele tem a mais pequena qualificação, ou sequer preparação intelectual, para discorrer sobre ética...

Boas

Cisfranco disse...

Desiério Murcho

As suas afirmações são exageradas tanto para o lado da política como para o lado da ciência. Não é possível serem aceites tal como são formuladas. Separação de poderes sim, mas sem rótulos à partida, isto é, que os políticos são pérfidas criaturas e que os cientistas são pombinhas brancas, imaculadas. Tanto uns como outros são homens como os demais.

Faço ao seu post a mesma observação que acima fez M Rocha, mas se achar que estou a pensar com os pés, deixo V Exª a falar sozinho.

Unknown disse...

Penso que entendo algumas das considerações que tece, apesar de ter de reconhecer alguma ignorância filosófica e não entender na totalidade alguns termos que refere (tais como expediência, utilitarismo e deontologismo). Mas pelo menos parcialmente creio que estou de acordo consigo, parece-me que nestes últimos anos alguns aspectos educativos têm falhado e as pessoas não dão muito valor aos princípios que devem nortear a sua conduta e os conceitos éticos e morais tendem a ser desvalorizados (em face do interesse pessoal de cada um). Por outro lado, relativamente às crenças de cada um, também me parece que as pessoas não têm noção do valor (exorbitante) que se dá à conformidade social das suas crenças e, não consegue avaliar racionalmente muitas das crenças que tem (porque lhes parecem verdades essenciais pela única razão de que são partilhadas por muita gente), perdendo, neste sentido, muito do juizo critíco (que podiam e deviam ter). E há um cem número de coisas que as pessoas não conseguem por em causa, por muito honestas e virtuosas que procurem ser.

Desidério Murcho disse...

Pensar com os pés é exactamente o que você está a fazer precisamente porque menciona, mas mal, a excelente o objecção de M Rocha, só para se dar ares de que é capaz de pensar com o cérebro. E é mil vezes preferível falar sozinho, até porque sou muito bonito e sexy, do que ficar a falar com os seus pés.

Cisfranco disse...

Hum! Bonito e sexy a falar sozinho!?... P'ra quem é bacalhau basta.

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