quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

To be or not to be published


Numa fotografia a preto e branco aparecem três jovens: dois rapazes e uma rapariga. Um dos rapazes está de perfil, o outro, com os olhos postos num livro, está sentado numa espécie de divã, a rapariga, muito junta, deitada, fixa a câmara. É uma fotografia comum, não obstante a garrafa de whisky que se vê nos parapeito da janela.

Se estivesse num álbum de família o que talvez destoasse seria a recomendação escrita à mão "Not to be published".

Acontece que a rapariga tornou-se princesa e essa fotografia, que não estava num álbum de família mas num arquivo de jornal, passou a ser vista com a gula de quem sabe o que estas coisas valem, em dinheiro. A gula deve ter aumentado bastante quando a princesa morreu, porque, já se sabe, em certos negócios, a morte duns é a grandessíssima sorte doutros!

E, assim, se chegou ao seu leilão público e publicitado, onde, segundo lim se espera que o preço de partida seja superado pelo facto de nela estar bem explicito... "não publicar". Ou seja, não tornar público, nem publicitar...

Aqui, consciencializo o essencial desta história: quando estão uns milhares em causa, quem é que se importa com este rudimentar exercício de lógica!?

5 comentários:

O Sousa da Ponte - João Melo de Sousa disse...

É um exercício de cidadania, de amor próprio, e de ética.

Quem nunca teve vontade de ver uma infanta de Espanha, a mulher do senhor primeiro ministro, aquela figura mediática ou mesmo a vizinha do segundo esquerdo em cuecas?

Eu tenho imensa vontade.

Há no entanto uma distância entre intenção e gesto.

Eu pessoalmente não compro jornais assim.

Posso olhar para a vizinha do quinto esquerdo em cuecas a deitar o lixo.

É privado. E quiçá ela não fica tão zangada assim.

Publicar ou ver o que é publicado.....e aínda por cima pagar...tem nome...

Como se dizia em Lisboa há uns anos :

- o seu lixo também suja!

Augusto Kuettner disse...

O dinheiro sempre transtornou a mente humana!!!!!!

António Daniel disse...

Então é melhor não «clicar».

António Daniel disse...

É um dilema: se «clico», então torno-me num consumidor desse tipo de produto; se não «clico», então não sei de quem se trata. possivelmente ficarei na ignorância, ou não.

Helena Damião disse...

Pois é, caro leitor António Daniel, também eu hesitei em disponibilizar a ligação, pois amplia a publicitação de um caso e, afinal, o que importa é o princípio.

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