"... os miúdos são capazes... os resultados conhecidos recentemente nos estudos comparativos internacionais são testemunhas disso mesmo. No entanto, haverá um grupo de alunos, deseja-se pequeno, de quem a escola, mesmo estando no primeiro período, desistirá, por impotência ou demissão. São, por exemplo, os miúdos que “não vão lá”, seja porque “com a família que tem não é possível”, porque "coitado, não é muito dotado, já o irmão quando cá andou assim era”, porque “não se interessa por coisa alguma, não anda aqui a fazer nada” ou por outra qualquer apreciação entendida como razão justificativa para a dificuldade.João Boavida
Muitos destes alunos, tal como a escola desiste deles, também eles desistirão da escola, confirmando a antecipação do insucesso, assim e desde já estabelecido. Num tempo em que a grande orientação é reaproveitar e reciclar o que não serve ou não presta e considerando o caminho de municipalização da educação já enunciado pelo Ministério da Educação e Ciência (MEC), pode acontecer que os municípios, sob a orientação do MEC procedam à instalação de um novo recipiente nos ecopontos que quase sempre existem perto das escolas.
Assim, junto do vidrão, do pilhão e dos outros contentores, existiria um "alunão", um recipiente onde se colocariam os alunos que "não servem" ou "não prestam" e esperar que algo ou alguém os recicle e devolva à escola novinhos, reciclados, cheios de capacidades, competências e capazes de percorrer sem sobressaltos o caminho do sucesso."
sábado, 19 de janeiro de 2013
"Os miúdos são capazes"
Numa crónica recente, com algum humor e compreensível apreensão, João Morgado, que é professor, relembra a função dos sistemas de ensino, das escola e dos professores. Nessa crónica, que tem por título O alunão, em determinado passo pode ler-se o seguinte:
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4 comentários:
Caríssimo Professor João Boavida
Possíveis soluções, e respetivas dificuldades, apresenta-as o Professor João Morgado no fim do seu próprio artigo. Aqui as acrescento:
"Em sala de aula, a utilização, por exemplo, de parcerias pedagógicas parece uma medida potencialmente eficaz. Deveria aligeirar-se a burocracia envolvida, com custos razoáveis de tempo, e, finalmente, criar dispositivos de regulação e avaliação das intervenções que permitam a sua correcção e eficácia.
A questão é que não vislumbro que a generalidade das escolas e agrupamentos tenha os recursos adequados, sendo que os discursos produzidos sobre os caminhos próximos da educação não permitem grande optimismo, antes pelo contrário. Por mais que nos esforcemos, a realidade não é a projecção dos nossos desejos."
E o texto reproduzido não refere os que estão, à partida, «vocacionados» para o ensino profissional logo aos 13 anos.
Mas 13 anos não será tarde demais?
Eu acho que o infantário seria o sítio mais adequado para os testes de orientação profissional.
Os que gostassem de brincar com camionetas, mecânicos; os que gostassem de jogar à bola, futebolistas; os que gostassem de brincar com miniaturas de cozinha, cozinheiros; os que gostassem de atar os sapatos, sapateiros; os que gostassem de brincar com facas, magarefes; e assim sucessivamente.
As educadoras estão preparadas para registarem essas tendências.
E a massa que se não poupava.
Se a escola desiste dos alunos como se refere no texto, então faz sentido este novo ensino profissional.
É que as coisas andam todas ligadas.
Mas trabalhar na alteração da maneira de olhar e de actuar sobre os alunos por parte dos professores dá muito trabalho... ou será por outras razões que não se actua?
Pois:
Assim, junto do vidrão, do pilhão e dos outros contentores, existiria um "alunão", um recipiente onde se colocariam os alunos que "não servem" ou "não prestam" e esperar que algo ou alguém os recicle e devolva à escola novinhos, reciclados, cheios de capacidades, competências e capazes de percorrer sem sobressaltos o caminho do sucesso."
Olhem, já que estamos em maré de sugestões "pertinentes", por que não alargar o número de contentores e arranjar também um com a designação "Paisão/Mãesão" para reciclar os que procriaram apenas por razões ou consequências fisiológicas?
Se a moda pega...
Caso pegue, espero que ninguém sugira agora um "Portugalão"
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