quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

O efeito de placebo

Quero deixar claro que eu não acredito que a homeopatia é científica. Mas também não acredito em mentir e simplificar as coisas a ponto de fazer caricaturas para melhor ganhar uma causa política, que de científica não tem coisa alguma.

Quando se afirma que a homeopatia tem um mero efeito de placebo, mente-se porque as pessoas comuns vão pensar que o efeito de placebo (uma palavra estranha que elas nem conhecem sem explicações) é efeito nenhum. Mas não é. O efeito de placebo é algo que sabemos que existe e que temos em conta quando fazemos testes clínicos de novas drogas e tratamentos. O efeito de placebo é que se dermos comprimidos de açúcar às pessoas, dizendo que é um remédio muito bom, uma percentagem não negligenciável de pessoas tem melhoras significativas. Por isso, temos de fazer os testes clínicos de modo a excluir o mero efeito de placebo. A acusação feita à homeopatia não é, pois, que não tem efeito algum, mas antes que não tem mais efeito do que qualquer outra coisa inócua. O problema é que as coisas inócuas têm realmente efeito, e é muito difícil explicá-lo.

Um investigador que tem procurado compreender melhor o efeito de placebo é Ted Kaptchuk, da Escola de Medicina de Harvard. Veja-se aqui um interessante artigo sobre o caso. O resultado mais surpreendente dos testes clínicos conduzidos por ele é o facto de o efeito de placebo continuar a funcionar (as pessoas melhoram) mesmo que os comprimidos que tomam tenham um rótulo a dizer PLACEBO PILLS (comprimidos de placebo) e que lhes tenham explicado o que é o efeito de placebo.

18 comentários:

Cláudia da Silva Tomazi disse...

Bizarro em português, tem a significação de garboso, elegante.

joão viegas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
MM disse...

Já chega de conversas sobre homeopatia e diabo a quatro, eu também não acredito nos políticos deste país e tenho aviar a receita prescrita pelos gaspares. Serão eles um placebo? cada uma acredita no que quer...

Desidério Murcho disse...

Se cada um acredita no que quiser, por que não pode cada um falar no que lhe interessar? Uma das maiores bestices humanas é o autocentramento: a ideia peregrina de que o que me interessa a mim e agora é o que tem de interessar a toda a gente, porque me interessa a mim. Isto é tão idiota, que merece pelo menos três Gaspares reforçados.

Desidério Murcho disse...

Alucinação em francês tem a significação de vacas ruminantes com dores de barriga.

Fernando Caldeira disse...

Pessoalmente creio que era preferível a Filosofia apoiar-se no conhecimento científico em vez de tentar legitimá-lo.

Desidério Murcho disse...

Pessoalmente creio que era preferível os filósofos estudarem problemas filosóficos.

Anónimo disse...

Parece uma procura obsessiva por erros...

O autor advertiu, e bem, no início: o cidadão mais desavisado toma o efeito placebo como " o de não ter efeito nenhum". E é sobre isto que assenta o seu raciocínio. Tenta clarificar que tipo de acusação se faz à Homeopatia, ou por outras palavras, explica, ou pelo menos tenta, o que é o efeito placebo.

P.S. "Não ter efeito algum" e não "Não ter efeito nenhum", isto sim, um erro, não de Lógica mas de Português.

Cumprimentos.

Fernando Caldeira disse...

É numa linha de pensamento semelhante, parece-me, que há quem considere que a filosofia deverá esbater a sua obsessão pela epistemologia, deixando de se assumir “como um tribunal da razão pura, capaz de julgar outras áreas do saber” (Rorty?).

joão viegas disse...

Acho excessivo falar em erro de Português a proposito de uma forma corrententemente admitida no registo falado, proximo do de uma caixa de comentarios, mas seja.

Ja o erro de raciocinio apontado esta claramente no post. Ninguém esta a ludibriar a turbamulta ignorante (!) quando afirma que a homeopatia tem um mero efeito de placebo, o que significa que ela tem um efeito igual ao da ingestão de um torrão de açucar ou de um gole de aguardente por quem acredita que isso é remédio. A aguardente devia ser reembolsada pela segurança social ?

Mas v. tem razão quanto ao caracter obsessivo. De facto irrita-me a postura do D., talvez porque gosto de filosofia e acredito que ela é necessaria em razão das suas exigências de rigor, sinceridade e honestidade intelectual de que carecem completamente estes ultimos textos do autor do post. Irritação estupida, no fundo. Ha alguma possibilidade de se confundir este tipo de provocações adolescentes com filosofia rigorosa ?

Alias, vou ja apagar o comentario !

Boas

SATANUCHO disse...

excelente o texto do link, leitura obrigatoria para quem se interessa pelo tema

Francisco Domingues disse...

Perante o assunto, só tenho uma pergunta para os experts laboratoriais:
«Serão aqueles "medicamentos" (gotas, múltiplas gotas de ???) de textura molecular capaz de curar, mesmo à la longue? (Eu "curei" um problema de estômago com as ditas..., aliás, caríssimas! Só que, conjuntamente, fiz dieta e bebi muita água!)»

Desidério Murcho disse...

Não há qualquer obsessão pela epistemologia na filosofia. Publica-se muito mais livros e artigos sobre ética e filosofia da religião do que sobre epistemologia.

Unknown disse...

Pessoalmente não tenho uma resposta, mas esta conversa, faz-me colocar uma questão, será que você está curado? O que o leva a dizer tal coisa? Será que a ciência capaz de provar esse facto?

Se estiver curado e conseguir prová-lo (de forma científica), sem margem para dúvidas, também se pode formular uma pergunta, será que esteve doente?

Cisfranco disse...

Só se pode falar de cura, se tiver estado doente. Então, a cura ou se deu pelo efeito placebo (em que entram efeitos psicológicos), ou curou naturalmente, como muitas vezes acontece com várias doenças. O que os verdadeiros medicamentos têm de provocar no doente, é um efeito diferente e superior ao que pode provocar a pastilha placebo. As medidas complementares que tomou, por si só, também lhe fizeram muito bem. Sabe que há uma regra prática, de que pessoalmente gosto, que diz que a fome cura muita doença.
Continuação de boa saúde!

Anónimo disse...

É preciso não esquecer os níveis de tolerância e resistência do sistema imunitário para não se cair em erro e no absurdo.
Um placebo pode curar uma maleita muito ligeira, que através de um mecanismo que conhecemos ainda mal a pessoa psicologicamente pode-se curar, mas atenção, para coisas ligeiras, uma constipação e pouco mais.
Porque se a pessoa tiver cancro ou sida podem-lhes dar todos os placebos do mundo e ela acreditar que aquilo resulta e simplesmente não vai resultar porque passou o nível de resistência do sistema imunitário!
Por isso muito cuidado com a homeopatia, pode até ser placebo, mas ou estar-se a validar como algo que funciona (que de facto não funciona) pode-se desviar as pessoas com doenças graves de tratamentos que funcionam para aqueles que por nada fazer só deixam avançar a doença e depois quando estão muito mal vão onde? Claro, aos médicos do serviço nacional de saúde, ou a um privado, que pratica: medicina convencional!

Anónimo disse...

Ora nem mais. Não temos de ser todos "chinocas", ie. todos A4.

Anónimo disse...

Só sei que nada sei como dizem meus tios e só posso dizer aquilo que vai na minha familia. Cancro é coisa muito familiar pois todos fumam como chaminés e comem muita carne grelhada daí não sei se é placebo ou não mas os médicos dizem que têm cancro.... Vários tios tiveram e algumas das mulheres também com cancro e todos fizeram radio e quimioterapia e essas tretas todas mas desistiram todos, uma das mulheres bateu a bota ao fim de 2 ou 3 meses apesar dos medicos dizerem que ia viver ainda varios anos!!!!!!

2 tios tiveram cancro quase ao mesmo tempo fizeram essas tretas como eles dizem das quimio e radiosterapias mas sentiram que estavam a morrer e decidiram experimentar coisas diferentes e como tinham negocios na Alemanha resolveram fazer tratamentos por lá em hospitais e clinicas alemãs, fizeram dieta sem carne e tudo cozinhado a vapor e nada de grelhados e foram avisados para não fumar nada e recebiam homeopatia lá e também para tomar cá, exercicio fisico mesmo na neve e outras disciplinas alemãs.....iam e vinham a Portugal durante meses e assim se curaram segundo as analises clinicas....

Outra mulher também com cancro resolveu ir fazer lá essas coisas alemãs e deu-se bem. Agora umas das filhas começou com cancro e também está lá agora em tratamento e a sentir-se melhor....e uma sobrinha (mal conheço) adoeceu de cancro e já disse nem morta faz quimio ou radioterapia mas não sei se também vai receber homeopatia na Alemanha ou não!!!
Todos continuam a fumar agora charutos!!!!!!!!

Com certeza não curaram através dos charutos isso certamente que não!!!!!!

Placebos???????

"A escola pública está em apuros"

Por Isaltina Martins e Maria Helena Damião   Cristiana Gaspar, Professora de História no sistema de ensino público e doutoranda em educação,...