Um
artigo publicado pela revista Tree
Physiology revela que as árvores jovens crescem mais rapidamente no
interior de cidades do que fora delas, uma consequência do factor ilha de
calor urbano. Segundo este estudo as árvores plantadas em parques citadinos
podem crescer até oito vezes mais rápido do que as árvores plantadas em parques
florestais longe de cidades. Em cima uma fotografia de Nova Iorque vista do Central Park, o local citadino escolhido
para o estudo publicado pela Tree Physiology (Crédito: Fritz
Geller-Grimm).
O
efeito ilha de calor urbano ocorre em todas as grandes cidades e outros
centros urbanos. É provocado pelas cores escuras das estradas, outros
pavimentos e coberturas de prédios, que absorvem a energia solar e irradiam
calor. O calor irradiado por estas superfícies escuras faz aumentar a
temperatura média das cidades alguns graus celsius em relação aos campos em
redor. Na cidade de Lisboa, por exemplo, a temperatura média pode estar mais de
4.º C acima da temperatura das zonas não urbanas mais próximas.
Os
autores do estudo decidiram avaliar de que forma o efeito de ilha de calor
urbano de Nova Iorque afecta o crescimento do carvalho-americano (Quercus
rubra), uma espécie comum em parques desta cidade. O nome latino desta
árvore, Quercus rubra, que significa carvalho
vermelho em latim, deve-se ao facto de no Outono as folhas tomarem uma cor
vermelha. Para isso plantaram árvores de carvalho-americano em quatro zonas
diferentes do estado de Nova Iorque: no Central
Park (o maior parque de Nova Iorque), em duas zonas florestais da zona
suburbana do vale do rio Hudson (rio que desagua em Nova Iorque) e no
reservatório de Ashokan, situado a cerca de 160 km norte de Nova Iorque. Também
foram criadas árvores em laboratório, imitando as condições de cada um dos
locais escolhidos.
Após
menos de um ano de crescimento, as árvores apresentavam grandes diferenças
entre si. As árvores plantadas na cidade apresentavam oito vezes mais biomassa
(massa total da árvore) do que as árvores plantadas fora da cidade. Para além
disso as árvores da cidade detinham até dez vezes mais capacidade para realizar
fotossíntese (processo que permite às plantas produzir oxigénio e glicose a
partir de dióxido de carbono, sob acção da luz) porque tinham bastantes mais
folhas do que as outras.
A
análise das árvores que cresceram em laboratório permitiu confirmar que o
factor mais importante para a diferença de crescimento das árvores foi a
temperatura. As árvores que cresceram num ambiente com maior temperatura tinham
mais biomassa e maior número de folhas.
Pela
análise das árvores que cresceram em laboratório, os investigadores descobriram
ainda outro factor importante para o maior crescimento das árvores citadinas,
embora não tanto como a temperatura. E por incrível que pareça esse factor é a
poluição do ar! Sob o efeito da luz solar e das temperaturas mais elevadas da
cidade os gases e poeiras libertados pela queima de combustíveis feita por
carros (e não só!) reagem entre si, levando à formação de “espécies de azoto”
que funcionam como fertilizante das árvores citadinas.
Nova
Iorque tem cerca de 5,2 milhões de árvores, das quais 25 000 só no Central Park. Os resultados apresentados
por este estudo auguram um bom futuro para as árvores de Nova Iorque e para as
árvores de todas as cidades do Mundo, o que são boas notícias numa altura em
que o número e o tamanho das cidades no Mundo estão a aumentar.
Margarida Milheiro
Margarida Milheiro
Nota:
Texto adaptado do original, que pode ser encontrado
no blog “Ema não é uma avestruz”, escrito sob o pseudónimo de Rita Robalo
Sobreiro.
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