quinta-feira, 18 de junho de 2009

SÓCRATES: UMA NO CRAVO...

Venho aplaudir com ambas as mãos a admissão, feita ontem, pelo primeiro-ministro José Sócrates do grande erro que foi o desinvestimento na cultura durante esta legislatura. O objectivo declarado pelo governo, no seu plano, de dedicar 1% do orçamento de estado para a cultura esteve longe, muito longe, de ser cumprido. E, embora seja um pouco tarde (a gestão de museus está uma confusão, as bibliotecas precisam de ser socorridas, o património tem de ser restaurado, etc., por agravamentos no passado recente), é sempre bom que haja admissão de um erro, qualquer que ele seja. Se as eleições europeias não servirem para mais nada do que para lançar um investimento público na cultura já não seria mau...

Curioso é o aparecimento do ministro da Cultura (marcado de perto pela ex-ministra!) que, secundando o chefe do governo, agora quer 500 milhões em vez de 200 milhões. Mas porque é que não quis antes? Antes queria fazer mais com menos. O receio legítimo é que agora possa querer fazer menos com mais.

2 comentários:

Anónimo disse...

Por este andar, vai admitir o erro da construção em tempo de crise de um aeroporto, uma ponte e linhas do TGV quando estiver tudo construído...

Tiveram tanto tempo para o admitir o erro e para mudar o rumo do curso dos acontecimentos. O que é que o Governo espera, conquistar subitamente os votos de um conjunto cada vez mais amplo de pessoas que se tem indignado com o tratamento dado à cultura?

Na minha opinião, era bom se houvesse a admissão do erro noutras condições. Se não fosse um objectivo destas pessoas recandidatarem-se e obterem maioria absoluta. E faltarem poucos meses para essas eleições. Não posso confiar que a admissão do erro não tem em vista obter votos, muito menos com este Governo que não tem tido um comportamento no sentido da rápida correcção de erros.

Pedro Galvão disse...

Exacto, também me parece que admissão de um erro era um imperativo estratégico para a conquista de votos. E, já que era preciso admitir um erro, a cultura afigurava-se uma boa escolha, dado que é uma área à qual a generalidade das pessoas é insensível ou, pelo menos, pouco sensível.

Já agora, uma das coisas que me chocou foi o modo o PM se referiu a essa grande fraude das Novas Oportunidades. Entende que o seu valor é (1) permitir que as pessoas progridam na carreira; (2) melhorar a sua auto-estima. Pelos vistos, a aquisição de conhecimentos é uma coisa bastante estranha à educação.

Pedro Galvão

Pedro Galvão

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