Pronuncia-se Maria Dulce Gonçalves, professora e investigadora na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, na Universidade de Lisboa, numa entrevista ao "Público":
“Os ministros, os pais e os alunos não devem ser tolerantes com a mediocridade”
24.06.2009 - Bárbara Wong
P. Está a referir-se ao facilitismo de que tem sido acusado o Ministério da Educação relativamente às provas de aferição e exames nacionais?
R. Eu prefiro pensar menos em sucesso e insucesso, e mais em problemas e dificuldades. O insucesso dos alunos pode gerir-se nos bastidores. Tenho a certeza que o ano passado as provas de aferição eram mais fáceis, porque trabalho com crianças com dificuldades de aprendizagem, casos complicados de insucesso repetido ao longo do tempo e alguns tinham a expectativa de ter maus resultados porque sabiam das suas insuficiências, e tiveram positiva. Não se deve à qualidade da psicóloga. Os piores alunos diziam: “Eu não merecia ter este resultado”. Então, devemos questionarmo-nos sobre as provas. Não sei analisar as provas do ponto de vista matemático. Mas penso que é preciso criar condições para que todos os anos as provas sejam moderadamente mais difíceis do que no ano anterior, como faz um treinador perante um atleta.
quarta-feira, 24 de junho de 2009
SOBRE O FACILITISMO NAS PROVAS
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8 comentários:
Façam um debate serio, desapaixonado e independente sobre o assunto.Mostrem-se com propostas alternativas serias,realistas,exequiveis. E, ja' agora, sejam bons professores..
E já agora sejam bons alunos com alguma vontade para sair da mediocridade e já agora sejam bons pais, motivando os vossos filhos para a escola como meio de aprendizagem por excelência e não apenas para se safarem...
é que um processo tão complexo como ensinar não depende dos emissores, depende dos receptores, meios de comunicação e das terças partes.
Esta conversa de que só depende dos professores é ridícula. Mesmo em processos industrais , a complexidade já é enorme, fará um processo como ensinar/aprender...(não sou professor, sou engenheiro industrial, por isso sei bem do que falo)
Ela deve ser uma professora maravilhosa. Fala-se em insucesso e afirma:
"prefiro pensar menos em sucesso e insucesso, e mais em problemas e dificuldades."
Mas logo na frase seguinte e no resto do texto fala apenas em insucesso.
Com professores deste calibre, estamos conversados.
Anónimo das 12:31:
"já agora sejam bons alunos". Isto está contra os princípios do eduquês. Este parte da princípio de que os adolescentes não têm as noções de ética nem de valores. Os adolescentes não têm deveres...pressupõe-se que são muito mais atrasados do que na realidade são. Só os professores têm deveres e, um pouco, os pais. Isto está subjacente no eduquês.
Com comentadores deste calibre, estamos conversados.
Eu diria antes que com comentários como o que me precede, estamos (des)conversados.
Parece-me claro que os alunos e os pais têm um papel muito importante neste assunto. Se toda a gente soubesse qual o seu lugar neste sistema as coisas correriam melhor. Se os professores tivessem o lugar dos professores, e não os dos alunos como por vezes parecem ter...e se os pais tivessem o papel de pais em vez de quererem ter o papel de professores, e os alunos soubessem que estão na escola para aprender e não para passar de ano a qualquer custo, as coisas certamente correriam melhor.
Quando um aluno do 12º ano se vira para nós depois de fazer o exame do ano passado e, a rir com descrença e algum desprezo, afirma que o exame era facílimo e que para fazer aquilo não precisava de ter estudado tanto, acho que isto é um indicador dos profissionais que estamos a treinar.
Só espero que este espírito de facilitismo não chegue às universidades.
Já chegou a algumas universidades infelizmente.
Ainda há uns meses estive a conversar com o meu antigo Professor de Termodinâmica que me mostrou o enunciado do exame que tinha tido lugar naquele dia. Eu ri-me e disse-lhe que haveriam de ter todos de 18 para cima e ele respondeu:
"Isso era no seu tempo há 15 anos atrás! Agora se passar mais de 50% já é bom. O nível é baixo e tem estado a baixar"
E ao que parece, também ele baixou o nível pois senão reprovam muitos, e ou desistem (falta depois o dinheirinho das propinas) ou mudam para um curso mais "amigáveis"
Sim, sim já se nota na Universidade. No vocabulário: os alinos já não têm que saber, têm de adquirir competências. Nos programas das cadeiras, há a tendência de os descrever com grande detalhe bem como os métodos de ensino e avaliação. Retira-se a tradicional autonomia do professor. O professor é tido como incapaz (como de há muito acontece no secundário e básico, como notou o Nuno Crato na entrevista de ontem à Constança) e, portanto, tudo deve ser-lhe prescrito de antemão, não vá ele meter o pé na poça. Noto que montes de professores universitários embarcam nisto alegremente. Bolonha dá um importante contributo.
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