domingo, 22 de fevereiro de 2009

Ciência em referendo?

Um grupo de uma igreja do estado de Washington, liderado por uma jovem de 25 anos, está a reunir assinaturas para levar a referendo a proposta 1040 que «is about requiring our government to do its job, to protect our liberty, a liberty which has been endowed by our Creator, the one responsible for Blessing us, the Supreme Ruler of the Universe».

Mais concretamente a dita proposta pretende proibir a utilização de dinheiros ou terras públicos para alguém ou algo, em particular manuais escolares, ensino, ciência ou investigação científica, que negue a existência de um entre supremo. Kim Struiksma, a proponente, pretende com a medida, entre outras coisas, que deixe de ser ensinada nas escolas públicas a evolução que ameaça a sua fé baptista (texto completo da proposta 1040 em formato pdf:

Respecting no establishment of religion, yet with respect to the Supreme Ruler of the Universe, whose existence has been declared in the preamble to the Constitution of the state of Washington, the state shall make no appropriation for nor apply any public moneys or property in support of anything, specifically including, but not limited to, any display, exercise, instruction, textbook, scientific endeavor, circulated document, or research project which denies or attempts to refute the existence of the Supreme Ruler of the Universe.

A proposta define ainda o que sejam os tais «scientific endeavors», «any act, idea, theory, intervention, conference, organization, or individual having to do with science». Ou seja, pretende-se não só que sejam despedidos todos os cientistas que sejam ateus como banir financiamento público de toda a ciência «ateísta». Ou antes, de toda a ciência - que simplesmente considera desnecessários deuses e entes supremos -, se pensarmos nas críticas que mereceu o programa 60 minutos da CBS de 8 de Fevereiro, em que Katie Couric entrevistou o comandante Sully e a sua tripulação, por nenhum dos intervenientes sequer ter mencionado deuses muito menos ter explicado que se deve a Deus a fantástica amaragem que fizeram no rio Hudson.

Claro que a proposta só irá a votos se recolher até Julho as necessárias 241 153 assinaturas e podemos apenas esperar que não passe de mais uma tentativa tola de vitimização ou para carpir «perseguição» caso a proposta seja reconhecida como anti-constitucional ...

5 comentários:

Rui leprechaun disse...

Inteligência!... é apenas isso que é necessário reconhecer imperiosamente na organização deste fantástico universo!

A questão da origem dessa inteligência, imanente a toda a partícula material, é secundária, pelo menos para já.

É que quando a ciência actual continua cega para com algo tão simples e auto-evidente, hipóteses como a de entidades sobrenaturais só servem para confundir ainda mais.

Como disse num comentário anterior, a actual física das partículas é um mero exercício matemático de pura efabulação, sem base em hipóteses físicas lógicas e comprováveis.

Por outro lado, indo do infinitamente pequeno ao infinitamente grande, não parece haver assim tanta diferença entre conceitos religiosos de céu e inferno, mais anjos e demónios, e as ideias tremendamente abstrusas de matéria e energia negras, buracos e radiação negros e afins... meros fantasmas abexins!

Tudo construções teóricas que pretendem unicamente tapar os infindáveis buracos numa teoria mais que rota e sem conserto à vista.

Logo, esse cartoon criacionista abaixo também se aplica a uma certa ciência, pois errar e teimar no erro é tão humano no fundamentalismo religioso como no científico. Este continua a pretender encaixar à força as novas observações na velha teoria, inventando mais constantes a priori de modo a dar tudo matematicamente certo, ainda que o edifício assim construído seja uma bagunça horrenda, sem o mínimo de estética, nem coerência e muito menos assomo de inteligência!

Estamos à beira de um novo paradigma surpreendente, uma revolução científica que já não vai poder dispensar a inteligência como sendo o autêntico tecido do universo. Ou ainda, de certa forma irão ser recuperados os conceitos metafísicos milenares, fruto da intuição certeira dos sábios que partiram correctamente da hipótese mais natural e lógica: o universo é uma entidade inteligente!

E tal irá seguramente acontecer na nova geração de cientistas, físicos e astrónomos e biólogos, que desenvolverão as ideias semente já presentes hoje, mas na sua maior parte ignoradas ainda ou abafadas por aqueles que continuam agarrados a velharias sem sentido, desacreditadas e profundamente erradas!

O espaço NÃO é um vazio...

Rui leprechaun

(...mas tudo vibra nesse medium! :))

Anónimo disse...

Inteligente, do latim intteligente, significa apenas aquele que compreende, que conhece, que entende. Não, vejo em lado algum, que seja sinónimo de criador, construtor, edificador.

Eu ainda não consegui compreender porque motivo se interiorizou o pressuposto que é necessária inteligência para se construir o que quer que seja.

Uma térmita supostamente não é inteligente e no entanto constrói termiteiras que continuam a ser um desafio tanto para arquitectos como para físicos. Para quem não sabe, as térmitas têm sistemas de aquecimento e arrefecimento dos seus edifícios que assentam em princípios que o homem apenas no sec.XVIII descobriu, a saber, que o ar quente é mais leve do que o ar frio. O núcleo onde se encontra a sua rainha é uma estrutura suspensa, num permanente desafio à força gravítica que, a ser criado pelo homem, envolveria um conjunto de elaborados e complexo cálculos matemáticos.

Se formos rigorosos teremos de aceitar que o aparecimento do homem, com a sua inteligência, se deu apenas há aproximadamente 200.000 anos e que, quando ele surgiu, já estava tudo feito [refiro-me ao mundo natural]. Não será um pouco rebuscado aceitar que esse deite, tão surpreendentemente inteligente, andou durante milhões de anos a criar e a construir e que só no final tenha colocado no planeta o único ser vivo detentor de idêntica capacidade?

Se apenas um ser inteligente seria capaz de criar as maravilhas que nos rodeiam por que motivo não colocou o homem [igualmente inteligente…apenas um bocadinho menos] no início da sua criação de modo a ter um verdadeiro auxiliar?

Ou será que o criador andou a divertir-se durante milhões de anos e agora, que está entediado, arranjou uma espécie com capacidade para compreender o criado e assim o poder destruir de modo a que ele possa divertir-se começando tudo de novo?

Se repararmos o homem é a única espécie que não consegue integrar-se num ecossistema de forma harmoniosa e equilibrada e em apenas 200.000 anos está a levar o planeta a um ponto de ruptura total [pelo menos tal como o conhecemos]. Se repararmos o homem é a única espécie dita inteligente.

É então a inteligência a capacidade sine qua non que tem levado tanta gente a acreditar num ser divino, num arquitecto, num designer?

Fica a eterna dúvida do ovo e da galinha…

Quem surgiu primeiro…a vida ou a inteligência?

Tendo em conta as consequências visíveis das acções humanas penso que se a inteligência tivesse surgido primeiro, a vida não teria passado da fauna de Ediacara.

AdR

Vitor Guerreiro disse...

É engraçado que a religião só possa ser livre através da submissão e supressão de crenças contrárias.

O que estes nojentos mais receiam é a exposição das pessoas a qualquer ruído cognitivo que as faça questionar. Nada há para questionar. Há é que curvar-se à sapiência dos demagogos que sabem cavalgar a estupidez popular e onde meter a pilinha para sacar os seus proventos políticos. Já imaginaram um matemático a querer proibir de andar nos autocarros quem questionasse um teorema qualquer? Por que raios só há necessidade estas macacadas quando toca a crenças religiosas?

A estupidez devia dar diarreia selvagem bolas, devia ser uma espécie de contrapeso biológico.

Rui leprechaun disse...

Uma térmita supostamente não é inteligente e no entanto constrói termiteiras que continuam a ser um desafio tanto para arquitectos como para físicos.


Donde se comprova que a térmita é necessariamente inteligente... simples, simples, simples!!!

O mesmo se diga de TODA a natureza, claro! O espantoso egoísmo antropomórfico que é pretender ser a inteligência um atributo do Homem ou, no mínimo, necessitar de um cérebro altamente evoluído, comprova-se totalmente errado e ignora a evidente definição prática de inteligência, a saber:

capacidade de resolução de novos problemas e de adaptação a novas situações

Ora esta é a verdadeira essência de toda a evolução natural, não sendo importante sequer discutir se ela se processa ou não de modo aleatório, o tal acaso e necessidade. Isso pode ficar para depois, quando deveras compreendermos o que é a inteligência natural e por que razão a matéria se organiza espontaneamente, dando origem a formas cada vez mais complexas e, finalmente, à própria vida.

Não é simplesmente possível explicar nada disto sem esse conceito intuitivo da "inteligência natural", num processo através do qual o universo se organiza à custa do aumento de entropia da energia inicial, que passa do nível de partículas ao de campo e radiação electromagnéticas, ou seja, indiferenciando-se.

Só que isto já é mesmo outra física, que nada tem a ver com as fantasias daquilo que se continua a apregoar no rançoso reducionismo ainda vigente, um disparate impossível de subsistir muito tempo mais.

Quem quiser aprofundar estas ideias, deveras revolucionárias mas que nos conduzem aos primórdios da metafísica assente no conceito da unidade universal de um cosmos imanentemente inteligente, pode deliciar-se com a leitura de "A Different Universe (reinventing physics from the bottom down)", do Nobel da Física em 1998, Robert Laughlin.

Em termos gerais, ele sublinha a importância da emergência na Física, essencial para a verdadeira compreensão do Universo, em contraponto ao atroz reducionismo tão míope que nos torna cegos a esta simples realidade da inteligência criadora, transformadora e destruidora... TUDO é inteligente num universo consciente! :)

Because... a ideia de modelar o Universo apenas à custa da matemática e de leis fundamentais é um mito... you need much more than that to really understand it!!!

Ah! resta dizer que o "fractional quantum Hall effect", que lhe valeu o Prémio Nobel, é um exemplo elementar da auto-organização da natureza, comprovando o que David Bohm já dissera antes:

Wave function, which operates through form, is closer to life and mind... The electron has a mindlike quality.

Isabel Saraiva disse...

Por vezes referido como um “aditamento grego”, o texto apócrifo “2” Esdras - que vinha incluído no AT da Bíblia cristã - não passava de uma manifestação da ”arte cristã” de forjar textos .

“The book today termed 2 Esdras is not in the Jewish, Protestant, Catholic, or Orthodox canon. It was written too late to be included in the Septuagint, but it was in an appendix to the Vulgate, and it is also found among the Apocrypha in the King James Version and Revised Standard Version.”

Considerem-se os versículos (2 Esdras 7:28-29):

[28] For my son Jesus shall be revealed with those that be with him, and they that remain shall rejoice within four hundred years.

[29] After these years shall my son Christ die, and all men that have life.


Talvez se deva considerar como uma piedosa “alegoria” a referência a Jesus “Cristo” no AT ...

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