Há noventa anos, em 1919, Manuel Bandeira publicou o seu segundo livro de poesia, a que deu o título Carnaval. Nesta obra, que teve, na altura, uma edição reduzidíssima, constam já, bem nítidos, os ingredientes do modernismo poético, muito naturalmente ligado às origens gregas e latinas da literatura.
No poema Bacanal, que abre o livro, celebra-se a liberdade (ou será a libertação?) de amarras racionais, sociais, artísticas... que todo o humano uma vez por outra ensaia…
Quero beber! cantar asneiras
No esto brutal das bebedeiras
Que tudo emborca e faz em caco...
Evoé Baco!
Lá se me parte a alma levada
No torvelim da mascarada.
A gargalhar em doudo assomo...
Evoé Momo!
Lacem-na toda, multicores
As serpentinas dos amores,
Cobras de lívidos venenos...
Evoé Vênus!
Se perguntarem: Que mais queres,
Além de versos e mulheres?...
- Vinhos!... o vinho que é meu fraco!...
Evoé Baco!
O alfanje rútilo da lua,
Por degolar a nuca nua
Que me alucina e que eu não domo!...
Evoé Momo!
A Lira etérea, a grande Lira!...
Por que eu extático desfira
Em seu louvor versos obscenos.
Evoé Vênus!
Imagem: Baco, de Caravaggio, 1598?
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
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