Com a devida vénia, publicamos o texto de João Miranda que saiu no "Diário de Notícias" de sábado passado:
O aquecimento global tornou-se numa questão política incontornável. Os ambientalistas alegam que existe um consenso científico sobre o assunto. No entanto, "consenso" não é um critério científico mas sim um critério político. O método científico não é um processo democrático em que a voz da maioria conta mais que a voz da minoria. O processo científico é um processo adversarial de descoberta da verdade em que o que conta é a qualidade dos argumentos e dos resultados experimentais.
David Hume mostrou que não é possível provar teorias gerais sobre a realidade por métodos empíricos. Esta ideia de Hume limita aquilo que o método científico pode fazer. O método científico não permite confirmar as teorias que são verdadeiras. Permite apenas rejeitar as teorias que são falsas. Como Karl Popper explicou, o método científico é uma sucessão de conjecturas e refutações. A fiabilidade de uma teoria é tanto maior quanto maior for o esforço para a refutar.
A fiabilidade do processo científico depende da integridade dos processos sociais que produzem ciência. Estes processos sociais são frequentemente deturpados pelas preferências políticas das agências de financiamento e dos próprios cientistas. Os ambientalistas tentam condicionar o processo científico através da alegação de que existe um consenso científico sobre aquecimento global. Na realidade, esta alegação pode ser um indício de que o processo científico está bloqueado. Quando existe consenso, ninguém está a participar no processo de refutação. O processo científico está morto.
Nos últimos anos, os ambientalistas mais radicais têm centrado a sua atenção nos cientistas que contestam as ideias dominantes sobre o aquecimento global. Chamam-lhes "negacionistas", por analogia com os neonazis que negam o Holocausto. Trata-se de um termo ofensivo que visa denegrir o cepticismo. Os cépticos são os heróis do processo científico. Apesar dos custos pessoais e profissionais, asseguram o processo de refutação sem o qual não existe actividade científica.
João Miranda
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
"A escola pública está em apuros"
Por Isaltina Martins e Maria Helena Damião Cristiana Gaspar, Professora de História no sistema de ensino público e doutoranda em educação,...
-
Perguntaram-me da revista Visão Júnior: "Porque é que o lume é azul? Gostava mesmo de saber porque, quando a minha mãe está a cozinh...
-
Usa-se muitas vezes a expressão «argumento de autoridade» como sinónimo de «mau argumento de autoridade». Todavia, nem todos os argumentos d...
-
Cap. 43 do livro "Bibliotecas. Uma maratona de pessoas e livros", de Abílio Guimarães, publicado pela Entrefolhos , que vou apr...
15 comentários:
Não existe um consenso ciêntífico sobre o aquecimento global.
Não existe um consenso ciêntífico sobre os malefícios do tabaco.
Não existe um consenso ciêntífico sobre a evolução da vida.
Não existe um consenso ciêntífico sobre a velocidade da luz no vazio.
Não existe um consenso ciêntífico sobre o zero Kelvin ser o frio absoluto.
Quando muito, existe um consenso sobre a maldade do modelo da Lurdes.
Sobre a inexistência de consensos ciêntíficos.
E sobre a dicacidade dos ambientalistas.
Infelizmente, nenhum destes consensos merece por hora o adjectivo ciêntífico.
Mas estamos a trabalhar nisso.
Não sei porque razão se reproduz este lixo não-científico aqui.
João miranda é um conhecido opositor de qualquer tese que afirme o aquecimento global. Não porque ache que existe ou não, mas simpelsmente porque entende que isso seria contraproducente de um ponto de vista liberal (economicamente falando, que em termos sociais JM é tudo menos liberal).
O texto em si é um disparate de primeira. Tanto quanto sei, consenso não significa unanimidade. Já existiu consenso sobre a verdade absoluta das leis de Newton e elas foram refutadas sob determinadas condições. Já existiu consenso sobre a teoria da relatividade e já se viu que não é verificável no "mundo quântico". Já existiu cosenso sobre a idade da Terra (nunca mais que uns milhões de anos) e hoje aceita-se um valor na casa dos 4.5 mil milhões de anos. De maneira que dizer que existe consenso científico e que por causa disso o «processo científico está morto» é um disparate descomunal.
Mais que isso. Dizer que as «preferências políticas das agências de financiamento e dos próprios cientistas» deturpam a ciência é outro disparate e é um atestado de estupidez aos cientistas. Primeiro, e mantendo-nos no aquecimento global, tivemos 8 anos de políticas americanas que fizeram tudo o que puderam para desacreditar a tese do aquecimento global. Americanas, não eram exactamente da Papua Nova Guiné. Como tal tinham mais dinheiro e cientistas à disposição (além de métodos) que qualquer outra agência do mundo. Que exemplo fantástico do que diz JM, não é verdade?
Segundo: os cientistas devem ser mesmo muito estúpidos se apenas chegam às conclusões que confirmam as teses iniciais. Se é verdade que isto sucede na maior parte das vezes (é parte do método científico), não é menos verdade que há imensos cientistas que acabam a publicar resultados que são os opostos daquilo que previam. Implicar o contrário é passar um atestado de menoridade aos cientistas.
João Miranda gostaria, isso sim, que os cientistas publicassem apenas os resultados de que ele gosta. Falar em cépticos apenas lhe dá jeito aqui. Fosse hoje o início da discussão sobre o chumbo nos combustíveis e JM seria das vozes mais activas contra os profetas da desgraça. João Miranda é parcial e não tem o menor interesse no processo científico. Os seus posts sobre a evolução e o criacionismo têem-no demonstrado cabalmente. Embelezar os textos com retórica e fazer name-dropping com Hume e Popper apenas servem para mascarar a pobreza substancial dos textos, nada mais.
Isto vindo de um "Investigador em Biotecnologia" de quem não me parece que alguma vez eu tenha encontrado um artigo (e pedi-lhe já uma ou outra referência no blogue, pedidos ignorados).
PS - reproduzir este texto é partilhar da opinião. Como tal, o post deveria ser assinado. Especialmente sabendo que nem todos os autores do DRN partilham deste ponto de vista. Da forma que está, parece ser apenas incendiário, estúpido.
Caro JSA
Nem a opinião de João Miranda pode ser considerada “lixo não-científico”, nem os autores de um blog são obrigados publicar apenas as opiniões que passem no crivo de leitores como o JSA, um declarado adepto das teorias do aquecimento global e que apenas admite a publicação de opiniões concordantes com essa teoria.
Era o que nos faltava ! Já não nos chega o ambiente de salazarismo-português-suave que nos foi criado pelo governo socialista!?
Aliás, a sua posição de intransigência perante uma opinião diferente é a prova evidente de que os “warmers” atingiram um estado de fundamentalismo religioso que mais não é do que a ante-câmera da proibição e da violência contra os “hereges”.
Obviamente, tem de admitir que a resposta dos hereges pode não ser meiga.
Esta "coisa" do aquecimento global, no seu tratamento mediático foi por certo inspiradora para os mecanismos de propaganda do actual governo.
Há quem não resista ao dinheiro e a outros patrocinadores da auto-estima e do orgulho.
Quanto à Verdade Científica ela humildemente se assume como provisória, apesar de até poder ser consensual.
Nuno Calisto.
O Jorge Oliveira deve ser um bocadinho analfabeto funcional além de não dominar bem a ciência, creio.
Nunca me declarei «um declarado adepto das teorias do aquecimento global». Apenas leio a informação à minha disposição e nunca vi razão para discordar da ideia de ver o planeta a aquecer. Também não acredito num conceito de aquecimento global em rampa, com a temperatura a subir um determinado número de graus a cada ano que passa, aceitando perfeitamente que existem mais factores em jogo para lá das emissões de gases com efeito de estufa. Pergunto-me se o Jorge Oliveira faz o mesmo ou apenas dispara sem pensar.
Quanto ao texto de João Miranda, deixei claro porque razão o considero lixo científico. Se os autores do DRN decidem publicá-lo, força, é com eles. Também podem passara publicar o que for emanado da sede de uma eventual Comissão Para a Emissão de Cada Vez Mais CO2 Para a Atmosfera Porque Esses Tipos do Aquecimento Global Devem Ser Parvos, mas ficaria um bocado deslocado da restante informação aqui publicada. O post de há umas semanas, com um gráfico, mesmo que algo pobrezinho, está certo, porque tem dados. Este post não tem absolutamente nada. Mesmo nada. Fora o lixo, só vácuo.
JSA,
Para quê tanta agressividade, se tem a razão do seu lado? Mostra fraqueza intelectual cada vez que escolhe ofender a oposição, e não o contrário.
Apenas leio a informação à minha disposição e nunca vi razão para discordar da ideia de ver o planeta a aquecer.
E está tudo bem. O que não é correcto é censurar, ofender ou denegrir quem não veja as coisas como você vê, ou quem veja gráficos, metodologias, critérios diferentes, quem chegue a conclusões diferentes. Ou acha que é detentor da verdade(tm)?
Este post não tem absolutamente nada. Mesmo nada. Fora o lixo, só vácuo.
Parece-me que se não tivesse mesmo nada, a sua reacção não seria tão quente. E a opinião de que apenas gráficos numéricos contam como "conteúdo" revelam uma pobreza intelectual com a qual nunca poderei concordar. Por mais que eu não concorde com muito que o João Miranda diga, este texto invoca questões interessantes sobre a falsificabilidade de Popper e Hume, e explica bastante bem porque é que é tão importante que assim seja. Que a tentativa de denegrir cientistas com opiniões contrárias é existente e geral, basta reler o primeiro comentário ao post.
Muito fala sua excelência sobre a vulgaridade do consenso científico, e como ele já foi usado em outras situações idiotas. Não lhe passou pela cabeça no entanto compreender que é precisamente por isto que o "consenso científico" não é algo que sirva para legitimamente encerrar o processo crítico e céptico. E no entanto, na esfera política e social, qualquer cientista que tenha uma opinião, conclusão, tese contrária é condenado na praça pública e na obtenção de financiamentos públicos no desenvolvimento do seu trabalho.
A grande diferença entre esta convulsão científica e outras passadas, é que as anteriores eram desinteressadas. As suas conclusões (placas tectónicas, gravidade, etc.) não tinham consequências políticas ou económicas. Esta pode pressupor um holocausto no futuro se não sacrificarmos a economia mundial. Parece-me que este ambiente pode descambar facilmente no denegrir de cientistas cépticos porque existe sempre a suspeita que tais senhores são iguais aos que negavam os efeitos do tabaco, que tais senhores são vendidos à Exxon, que tais senhores são iguais aos negacionistas do Holocausto porque estão a eternizar uma hesitação que poderá ser cara à humanidade.
E no entanto, se haverá dúvidas, contradições, correcções, cepticismos, não deverão ser eles colocados em cima da mesa sem prejudício de quem as colocou?
Respondendo aos seus pontos:
Dizer que as «preferências políticas das agências de financiamento e dos próprios cientistas» deturpam a ciência é outro disparate e é um atestado de estupidez aos cientistas.
No entanto, não param de o fazer aos cépticos, devassando todos os financiadores até encontrarem uma empresa petrolífera. Dois pesos, duas medidas? Mais, que Bush tenha feito o que fez, uma desonestidade brutal, nada indica sobre a veracidade da tese negada pelo mesmo. Nada. Dou outro exemplo. Que Estaline tenha morto cristãos e destruído templos por toda a Rússia nada diz sobre a veracidade do Cristianismo. Compreendeu agora?
João Miranda é parcial e não tem o menor interesse no processo científico
Pouco importa, nem é relevante neste texto preciso. Mesmo os mais idiotas podem fazer de vez em quando um texto bom e pertinente. Ou como o outro diria, mesmo um relógio partido está certo duas vezes por dia.
Barba Rija: se eu reajo de forma irritada é por ver textos destes no DRN. Que João Miranda escreva um texto sobre Popper ou Hume, tudo muito bem. Que o faça apenas e só com a intenção de tentar passar a ideia do erro que é falar em aquecimento global é que já é desonestidade intelectual. É o uso de figuras de retórica para tentar desacreditar um ponto de vista científico.
Eu não digo que apenas gráficos servem. As teorias são fundamentais (e têm que ser fundamentadas, claro está). Usei o gráfico do outro dia apenas como exemplo de como deve ser iniciada (mesmo que tangencialmente) uma discussão sobre este assunto.
Não creio ter insultado ninguém. Disse que o Jorge Oliveira deve ser um «bocadinho analfabeto funcional além de não dominar bem a ciência». Se ele me atribui posições que nunca defendi, creio que não estarei longe da verdade. Se o faz por ler mal, estou certo. Se o faz por não me querer ler bem até estou a ser simpático. Quanto à questão de dominar a ciência, se ele o faz bem então só tem que me ignorar. Não vejo onde está o insulto e onde está o mal no que escrevi.
Você compara os cientistas que recebem financiamento da empresas petrolíferas aos que o recebem de agências governamentais. Ou acho que essa comparação é desajustada e por uma razão simles: até prova (ou pelo menos evidência) em contrário, as agências governamentais não têm interesses em nenhum dos lados. As empresas sim. Uma comparação mais correcta seria entre com os cientistas que recebem dinheiro de empresas na área das energias solar ou eólica (que também os há).
Quanto às dificuldades de obter financiamentos por parte de quem se oponha à tese corrente, isso tem uma certa lógica, mesmo que seja errada. Vejamos: se uma hipótese é aceite como a mais correcta, faz todo o sentido que o dinheiro governamental vá para quem a queira estudar em maior profundidade. Gastar o dinheiro em estudar hipóteses opostas parece contra-senso. Concordo que deveria sempre existir algum dinheiro para esse lado (e até tem existido, mas muito pouco), simplesmente porque tal hipótese pode estar errada e estudar o opsto até pode dar origem a novos conceitos e oportunidades. Mas, e especialmente nos casos em que a hipótese pode ter implicações globais, faz todo o sentido que a esmagadora maioria do dinheiro à disposição siga para o estudo da hipótese que parece correcta.
Isto provoca distorções? Claro que sim. Infelizmente sim. Mas é o sistema existente e é o que tem funcionado melhor. Se a hipótese aceite estiver errada, geralmente tal acaba por ser descoberto. A diferença, neste caso, e como bem o refere, são as potenciais implicações. E convém errar do lado da segurança. Mesmo que não se possa descurar a necessidade de procurar soluções para o potencial mal já feito.
Caro JSA,
Que o faça apenas e só com a intenção de tentar passar a ideia do erro que é falar em aquecimento global é que já é desonestidade intelectual.
Mais uma vez, pouco me importa o motivo pessoal mais abrangente do João Miranda. Vejo um texto e concordo com ele em particular, e não acho que dizendo que o homem é um idiota que me provam que o texto é mau. Antes provam-me que a tentativa de nos distrairmos do conteúdo rigoroso de cada "peça" é bem mais forte e ideológica do que racional.
Não creio ter insultado ninguém.
Crê mal. E se bem que o Jorge o tenha apelidado de "fã", e possa entender isso como um certo exagero, não vejo como isso possa ser confundido como um resultado de um processo mental analfabeto, mas deixo isso ao seu critério muito pessoal...
Ou acho que essa comparação é desajustada e por uma razão simles: até prova (ou pelo menos evidência) em contrário, as agências governamentais não têm interesses em nenhum dos lados. As empresas sim.
Admite então que a falta de objectividade é possível, enquanto no comentário anterior apelidava tal possibilidade de ridícula. Dada a importância política do tema, eu não tenho tantas certezas sobre a idoneidade do sistema. Vejo por exemplo que um modelo ou tese que preveja uma catástrofe climática tenha muitíssimas mais probabilidades de ser financiada do que um modelo que indique a ausência de problemas. Tendencialmente, mais teses catastrofistas seriam o resultado, obviamente. Não é necessário haver teses encomendadas, apenas é necessário existir um sistema que premeie inesperadamente teses catastrofistas e ignore teses optimistas.
Existe também o efeito do observador, e/ou wishcasting, e dada a elevada natureza e nível estatísticos da ciência climática, acredito que muita gente anda mais segura dos padrões que detecta do que deviam.
Vejamos: se uma hipótese é aceite como a mais correcta, faz todo o sentido que o dinheiro governamental vá para quem a queira estudar em maior profundidade. Gastar o dinheiro em estudar hipóteses opostas parece contra-senso.
Parte do princípio que a tese preferida é a correcta, antes de ela sequer ser feita. Não é um pormenor de somenos, é um pre-ajuizamento nefasto (e ridículo) mas geralmente feito na atribuição de subsídios e dinheiro de investigações científicas.
Caricaturalmente, mas sem mentir, se colocar uma relação da sua tese (seja ela qual for) com o Aquecimento Global, verá a probabilidade de financiamento exponenciada. Não é por acaso que existem tantas teses absurdas que ligam todas as doenças e problemas ao AG (tal como em décadas anteriores, a palavra chave era "Cancro"). Não podemos ignorar a realidade social que existe por detrás de todo o edifício científico, e a realidade existente é aberrante.
Isto provoca distorções? Claro que sim. Infelizmente sim.
Ainda bem que concorda. E no entanto, as teses catastrofistas não são falsificáveis, e mesmo com um arrefecimento global de mais uma década, continuar-se-ia a prestar vassalagem àquela que seria considerada a "tese verdadeira". Resta então saber o que se entende por "verdadeiro", se é algo que tem relação com a realidade, ou se é algo que é decretado pela opinião pública de grupos ambientalistas, governos ou relatórios institucionais.
«Vejo um texto e concordo com ele em particular, e não acho que dizendo que o homem é um idiota que me provam que o texto é mau»
Está no seu direito. Se me surgir alguém a dizer que vem aí uma crise e argumentar sempre mal não vou passar a dizer que tem razão quando, finalmente, ela sucede. É o mesmo que dizer que Marx tinha razão só porque sucedeu a do subprime.
«Crê mal»
A sua definição de insulto é distinta da minha, estou a ver. Se por acaso o BR tiver uma estatura inferior a 1,70 m estará um tipo de 2 metros a insultá-lo ao chamá-lo de "baixote"? Pode-se concordar ou não com o meu conceito de dizer que o Jorge Oliveira é "analfabeto funcional" (eu dou as minhas razões, não o faço gratuitamente), mas não se pode dizer que é insulto.
«Admite então que a falta de objectividade é possível, enquanto no comentário anterior apelidava tal possibilidade de ridícula»
Estou para saber onde escrevi tal coisa.
«apenas é necessário existir um sistema que premeie inesperadamente teses catastrofistas e ignore teses optimistas»
Creio que expliquei as razões de tal suceder. Se não as entendeu, será problema meu. Diga-me e tentarei explicar melhor.
«as teses catastrofistas não são falsificáveis»
A falsificação tem costas muito largas.
«mesmo com um arrefecimento global de mais uma década, continuar-se-ia a prestar vassalagem àquela que seria considerada a "tese verdadeira"»
Ainda bem que tem tais certezas. As minhas são distintas. Com tal situação, tentar-se-ia explicar porque razão teria surgido tal arrefecimento. Se fosse apenas explicável com um verdadeiro arrefecimento global (e não causado por acontecimentos temporários, como uma super-erupção, por exemplo), estou em crer que a tese mudaria rapidamente.
O que não entendo ao Barba Rija é onde quer chegar. É um facto absoluto que as empresas têm interesses óbvios em que uma tese vingue. Sejam as empresas de energias fósseis ou sejam as empresas de energias renováveis. Já os governos não têm interesses por si mesmos. Se os tiverem é via corrupção ou influência, meios utilizados por empresas (ou alguns particulares) que têm os seus interesses e os tentam impôr aos governos. E aqui, quem tem maior influência são as empresas que têm, presentemente, mais dinheiro. Adivinhe quais são...
Quanto à questão de "verdades" fique feliz se as tem. Eu não as tenho nem creio nelas. Apenas leio e tiro conclusões, as quais estou sempre disposto a rever. Mas apenas perante dados conretos, não por truques retóricos. Deixo isso para os Joões Miranda deste mundo.
Este texto é muito mau. Mesmo que o aquecimento global fosse uma fraude completa, o texto era mau.
Caro JSA,
A sua definição de insulto é distinta da minha, estou a ver.
Claramente. Terá a ver com diferenças de educação.
Estou para saber onde escrevi tal coisa [sobre o ridículo de falta de objectividade de um cientista].
ler:
Dizer que as «preferências políticas das agências de financiamento e dos próprios cientistas» deturpam a ciência é outro disparate e é um atestado de estupidez aos cientistas.
A falsificação tem costas muito largas.
Gostava de saber o que quer dizer com semelhante afirmação.
Ainda bem que tem tais certezas. As minhas são distintas. Com tal situação, tentar-se-ia explicar porque razão teria surgido tal arrefecimento.
Não são certezas, são presságios. E as explicações ad hoc que explicarão os arrefecimentos já estão a ser cozinhadas, e com as melhores das intenções, não estou aqui a pregar a teoria da conspiração.
E aqui, quem tem maior influência são as empresas que têm, presentemente, mais dinheiro. Adivinhe quais são...
Provavelmente a BP e afiliados, que receberam milhões de subsídios este ano devido aos projectos "verdes" anti-CO2 (com resultados insignificantes). Diga-me o que é que este tipo de empresa tem a perder com esta história. Diga-me se o mercado de CO2 que se está a cozinhar não terá imensos lobbyistas a esfregar as mãos. Diga-me se um político como por exemplo o Sócrates ou um Obama não esfrega as mãos de contente pelo poder que se aumenta à classe política devido a esta crise. Se o não fizerem, são parvos.
Aquilo a que eu quero chegar é que:
1. Se se pode criticar uma tese científica não por mérito científico mas pela fonte do seu financiamento, isso significa que o mérito científico é questionável;
2. Se existe uma tendência para aceitar teses catastrofistas em detrimento de teses que sejam optimistas ou que simplesmente concluam que ainda não se sabe o suficiente para dizer o que quer que seja, isso acontecerá necessariamente devido ao ponto 1;
3. A realidade social no método científico existe, os herejes estão a ser tratados como negacionistas do holocausto;
4. A existência de incompetências graves dentro do meio que ao mesmo tempo se afirmam acima de suspeitas e de auditorias independentes porque o sistema "peer-review" "funciona" a 100%, deita graves suspeitas em relação à seriedade com que esta ciência é feita;
5. Existem interesses em manter a histeria do AG por razões económicas privadas, nomeadamente as financeiras. A questão do mercado do CO2 tem imensos defensores, e o próprio Al Gore é sócio de uma firma que negoceia créditos de carbono...
Quanto à questão de "verdades" fique feliz se as tem. Eu não as tenho nem creio nelas. Apenas leio e tiro conclusões, as quais estou sempre disposto a rever. Mas apenas perante dados conretos, não por truques retóricos
Para retórica, vejo que já a tem em excesso. Vejo que tem imensos mitos dentro da sua cabeça. Como por exemplo não "crer" em "verdades" como por exemplo o AG. Claro que crê no AG, baseando-se em evidências probabilísticas. A questão está em que probabilidades falamos, se é que isso está sequer disponível publicamente, qual a confiança que se tem num sistema fechado e burocrático, com politiquices à mistura, sobre as teses que vingam, sobre os textos que são escritos em relatórios, se há pressões externas sobre o método científico, e se os cientistas não estarão a ter demasiadas certezas quando deveriam ser bem mais cautelosos nas suas previsões / cenários avançados.
«Terá a ver [a definição de insulto] com diferenças de educação»
Fique-se pelo que quiser perceber. É consigo.
«Claro que crê no AG, baseando-se em evidências probabilísticas»
Sim, é verdade. Nunca o desdisse. Naquilo que não creio é na existência de "Verdades". Já o BR parece crer nelas e ter vontade de desmontar "Mitos". Esteja na sua e faça o que quiser. Eu dei a minha opinião sobre estes assuntos. Se quiser dar a sua, força nisso. Já vi que no dia em que eu me convencer que não existe AG (se esse dia chegar), não vai ser por sua mão que isso sucederá. Já o BR, mesmo que o gelo todo desaparecesse do planeta, não parece muito inclinado em acreditar na hipótese AG (a não ser que fosse abandonada, aí já o vejo a fazê-lo).
Quanto a essas tretas de tratar quem discorda como negacionistas, isso é treta e simples vitimização. Há artigos publicados que vão no sentido contrário ao AG. Se não são mais os publicados, talvez seja porque lhes falta algo (e não falo de financiamento). Eu acredito que o sistema científico é, apesar de imperfeito, essencialmente correcto. O BR não o parece achar. Está no seu direito.
Concordemos em discordar porque não me parece que tenhamos a menor hipótese em concordar seja lá no que for para lá disso. Ou, se concordarmos, será pela analogia que usou correctamente em cima sobre o relógio parado.
Já o BR parece crer nelas e ter vontade de desmontar "Mitos"
Daqui a nada está a pregar o pós-modernismo e o relativismo total. Não seria despropositado. Há quem diga que o AG é a primeira teoria científica pós modernista de realce.
Já vi que no dia em que eu me convencer que não existe AG (se esse dia chegar), não vai ser por sua mão que isso sucederá.
Aceito a crítica. Nunca tive o jeito da persuasão... Quanto à minha teimosia, não concordo. Penso até o contrário. É graças a novos factos encontrados que começo a duvidar das teorias mais catastrofistas. Não duvido que o homem tenha um impacto no meio ambiente, duvido é da capacidade intelectual hoje de compreender e conseguir projectar causalidades à precisão de 1º em média, num sistema inerentemente caótico e complexo, com uma infinidade de problemas que começa no simples acto de catalogar temperaturas com suficiente precisão.
Quanto à questão de "vitimização", é uma hipótese, mas acredito nela. E baseio esta crença em artigos que encontro diariamente de jornalistas, cronistas, agentes mediáticos, bloggers, etc. que caluniam determinadas teses apenas porque há um "sururu" de que se trata de um "negacionista". Chame-lhe um "meme", à Dawkins.
Eu acredito que o sistema científico é, apesar de imperfeito, essencialmente correcto. O BR não o parece achar. Está no seu direito.
Essa é boa, onde disse que o sistema científico não é correcto? Agora dizer que um sistema particular onde um cientista é autor de um capítulo inteiro (dendroclimatologia), auditor e editor, e "coincidentalmente" escolhe o seu próprio gráfico e estudo para explicar ad nauseam que vivemos numa era de aquecimento "imprecedente" nos últimos mil anos, é no mínimo sintoma de amadorismo, no máximo de total incompetência e imbecilidade. Compare-se esta seriedade com os requesitos que se fazem diariamente nos testes biológicos em medicina, com estudos independentes entregues a grupos cientistas anónimos e em que as variadas fases são desenvolvidas por diferentes (e independentes) cientistas. Não há comparação. Lá porque se auto-denomina de ciência, nada garante sobre a sua qualidade.
Concordemos em discordar porque não me parece que tenhamos a menor hipótese em concordar seja lá no que for para lá disso.
Se concordar fosse fácil, não existiriam debates, não existiria linguagem. A mudez seria a solução evolucionista ideal.
Creio que este texto é mau por duas razões.
A primeira é porque assume que o argumento do consenso é usado como argumento científico. É verdade que em termos científicos esse argumento não faz qualquer sentido, e é verdade que é um argumento político.
Mas o debate científico é para os especialistas na matéria. O debate público sobre o aquecimento global DEVE ser um debate político. Os eleitores devem doscutir política, mas não têm competência para participar nos debates científicos.
Assim, aquilo que os eleitores têm de ter em conta é o seguinte: existe um consenso entre os especialistas segundo o qual o excesso de emissões de certos gases terá provavelmente consequências catasgtróficas. O que se deve fazer face a isto? Aqui o consenso não é irrelevante. Existem cientistas sérios que disputam o consenso generalizado? Sim, existem.
Mas é irrelevante que sejam uma minoria ínfima? Não, não é.
Claro que a generalidade dos cientistas pode estar errada - já aconteceu no passado. Mas para quem não domina o assunto, não existe melhor heurística que confiar no consenso dos especialistas.
Apenas estes especialistas devem avaliar os argumentos científicos pelos seus méritos. Nós, eleitores sem capacidade para contribuir no debate científico, apenas devemos aferir qual das posições encontra maior adesão - principalmente quando ela é desproporcionada, como é o caso.
A segunda razão pela qual desgosto deste texto é pela forma como tenta minar a confiança que a sociedade tem nos cientistas e nos mecanismos de discussão destes.
Eu acredito que a sociedade não deve ter uma confiança cega nos cientistas, mas vejo como errada a possibilidade de enviesar o cepticismo para os consensos que não nos agradam.
Se um estudo mostra A e eu concordo com A, é ciência. Se inúmeros estudos mostram B e eu discordo de B, os cientistas são falíveis.
A verdade é que em qualquer outro assunto que não fosse politicamente tão mobilizador, o grau de consenso que existe face a este assunto seria convincente para qualquer não especialista razoável. E o facto deste problema estar no centro de um debate político central aumenta o escrutínio sobre a actividade dos especialistas.
Assim, defendo que os cientistas que rejeitam a teoria do aquecimento global antropogénico continuem a fazer o seu bom trabalho, e a contribuir para o avanço da ciência. O debate científico deve prosseguir, e o argumento do consenso não deve ser utilizado, como creio que não tem sido.
Enquanto isso, os eleitores razoáveis deveriam ser coerentes com a confiança que têm na comunidade científica nos restantes domínios (pelo menos relativos às ciências naturais), e considerar como muito válido o argumento do consenso. Creio que é dos argumentos mais válidos no debate político sobre este assunto, aquele no qual os eleitores devem participar.
.
Enviar um comentário