Minha crónica de hoje no "Sol":
Que não é impossível escrever um bom livro sobre o impossível prova-o “A Física do Impossível”, do físico norte-americano Michio Kaku, que acaba de sair na Bizâncio.
O impossível é uma questão fascinante. Tal como o autor podemos interrogar-nos: Mas impossível porquê? Por mera dificuldade técnica, o que significa que é afinal possível? Ou por absoluta impossibilidade científica, o que significa que é impossível de todo? Mas existirão estas impossibilidades totais e permanentes? Não é verdade que hoje sabemos muito mais que ontem e que amanhã saberemos ainda mais e que, por isso, o que declaramos impossível hoje pode já não o ser amanhã?
Kaku, o grande divulgador de ciência que já nos tinha dado “Visões – Como a Ciência Irá revolucionar o século XXI” e “Mundos Paralelos” (ambos na Bizâncio) e “O Cosmos de Einstein” (na Gradiva), divide os impossíveis em três classes:
I) O que, embora pareça impossível, é afinal possível porque não viola nenhuma lei da física, e será provavelmente concretizado neste século ou no próximo.
II) O que, embora pareça impossível, pode ser possível porque a ciência de base está actualmente na sua infância e, apesar de muito difícil, será provavelmente concretizado neste milénio ou nos próximos mil milénios.
III) O que é mesmo impossível e, por isso, nunca acontecerá, por violar leis da física que hoje conhecemos bem. Mas, se um dia, essas leis vierem a ser revistas...
Na primeira classe, o autor inclui a invisibilidade e o teletransporte (está-se a trabalhar nisso e há avanços recentes). Na segunda, as viagens no tempo e as viagens às estrelas (está-se a especular sobre isso). Na terceira, as máquinas de movimento perpétuo, isto é, máquinas que funcionariam graças à criação de energia a partir do nada, e a precognição. Há, como sempre houve, muitos impostores a tentar ganhar dinheiro com coisas impossíveis da classe III e é preciso ser céptico.
Kaku escolheu a física fascinado por Einstein e pelos filmes de ficção científica. Esta sua obra mistura sabiamente as duas coisas.
4 comentários:
Sendo assim, os milagres não existem. O que existe é o reconhecimento de que não sabemos tudo.
Sendo assim, será um sinal de patetice, quando um cientista dúvida dos pastorinhos de Fátima, só porque o Sol parece preferir a marcha à dança!
Caro Xico,
Sendo assim, mais vale fazer como eu: deslocar-se a uma livraria, comprar o livro e começar a ler. Depois avalie o que escreveu :-)
abraço
Diria que o bio-combustivel comercial, que reclama outputs energéticos maiores que os inputs, na prática pertence á classe III e é semelhante á máquina de movimento perpétuo, também chamada: de motto contínuo.
A vantagem está toda no outro importante output: subsídios.
O grande «handicap» da academia (leia-se do «magister dixit») é guiar-se pelo aforismo do senso comum: «ver (pesar, medir, quantificar) para (poder) crer».
As leis científicas, tal como as normas do direito, podem ser revistas... muito bem. Mas enquanto estas últimas se adaptam às relações entre pessoas (e, portanto, passíveis de serem alteradas), a revisão das primeiras só revela falta de «insight» sobre a vida e o universo, uma vez que a relação entre o ser vivo e a existência é sempre a mesma (falo no âmago dessa relação, e não nos fatores externos que a possam condicionar).
A análise deste senhor Kaku parece ser interessante, embora não vá ao cerne da questão - que é saber, aqui e agora, o que foi, é e será sempre possível (e/ou impossível), e a quem jamais alguém descerrou o véu)!
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