quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

ANTÓNIO SÉRGIO SOBRE A EDUCAÇÃO NACIONAL, 1933


Extracto de entrevista dada por António Sérgio (AS) (1883-1969) ao jornal "A Voz da Justiça" (VJ), da Figueira da Foz, em Julho de 1933 (transcrito em António Sérgio, "Ensaios sobre Educação", Imprensa Nacional, 2008):

"VJ- Que pensa V., duma maneira geral, da organização e do espírito do nosso ensino?

AS- Para o ponto de vista em que eu me coloco, não vale a pena responder a isso. Ainda que a organização e o espírito do nosso ensino fossem os mais convenientes para o povo português, tal como viveu até agora, ainda nesse caso, digo eu, deveríamos pensar em modificá-los, para adequar o ensino à sociedade tal como deverá ser para o futuro - para a gente solidarista de amanhã.

VJ- Mas quais são as principais deficiências que nota?

AS- Consinta que me reporte ao que lhe disse atrás. A revolução a tentar é tão profunda, o que há a criar é de tal maneira novo, que não vale a pena, suponho eu, perdermos o nosso tempo a discutir as deficiências do que existe."


No livrinho, "O Essencial sobre António Sérgio" (Imprensa Nacional, 2008), Carlos Leone diz a propósito da posteridade e recepção de Sérgio:

"Sobre a pedagogia desde o PREC até hoje, escusado será dizer que Sérgio dificilmente se reveria nela mais do que na dos tempos em que viveu."

2 comentários:

Carlos Albuquerque disse...

Ao contrário do que pode parecer, nas últimas décadas o ensino em Portugal tem seguido de muito perto uma das frases de Sérgio:

"Consinta que me reporte ao que lhe disse atrás. A revolução a tentar é tão profunda, o que há a criar é de tal maneira novo, que não vale a pena, suponho eu, perdermos o nosso tempo a discutir as deficiências do que existe."

É assim que cada ministro reforma tudo o que o anterior fez sem se dar sequer ao trabalho de avaliar com cuidado o que foi feito. É assim que cada reforma é preparada ainda antes de a anterior estar plenamente em vigor.

Anónimo disse...

eu gostei muito desta página mas acho que deveria ter os livros que ele escreveu porque estou a fazer um trabalho e preciso mesmo mas obrigada pela informção prestada

CARTA A UM JOVEM DECENTE

Face ao que diz ser a «normalização da indecência», a jornalista Mafalda Anjos publicou um livro com o título: Carta a um jovem decente .  N...