quinta-feira, 10 de abril de 2008

O segredo de novo - I

Quando abri o mail há uns minutos descobri uma mensagem que me convidava a assistir à (mega)palestra no Pavilhão Atlântico do «filósofo» Bob Proctor, um dos charlatães por trás do Segredo de Rhonda Byrne, já abundantemente desmistificado no De Rerum Natura (e em livro). Os mais incautos são convidados a desembolsar as módicas quantias de 30, 40 ou 60 euros - que são «magicamente» atraídos para os bolsos deste vendedores de banha da cobra, que se limitaram a coligir banhas da cobra de sucesso comprovado. Na realidade, o livro não passa de uma reedição de tretas New Thought com uns pós de tretas New Age rearranjadas num «arrozoado infeliz de termos científicos misturados pelo DJ Vibe».

Isto é, os seus autores usam um jargão nonsense supostamente assente em ciência como argumento de autoridade quando não há um pingo de ciência nas inanidades que debitam! Dizer estultícias como as que estão, apenas como exemplo, inscritas na página 160 do livro - «Todas as coisas que deseja são feitas de energia, e estão também a vibrar»-, nem sequer chega a estar errado, não faz qualquer sentido. Mas toda a prosa deste manifesto New Thought é de uma ponta à outra uma colecção de afirmações sem sentido, quiçá o melhor exemplo de necedade (ou estupidez crassa) que já tive o desprazer de ler!

A lei da Atracção subjacente ao livro (que a apresenta como supostamente científica o que é completamente falso) está associada aos movimentos New Thought e New Age e não tem rigorosamente nada a ver com ciência. É basicamente uma amálgama de ingredientes mágicos sortidos que incluem misticismo hindu e hermetismo (de Hermes Trimegisto, associado a vários deuses em mitologias sortidas da grega à egipcia e que supostamente era o «Grande Mestre» de três civilizações - duas delas imaginárias- , a Lemuriana, a Atlante e a Ariana).

Aliás, a dita lei da atracção assenta no que foi a base de vários esoterismos, «Os 7 princípios herméticos», especialmente no segundo princípio, o Princípio da Correspondência, no terceiro Princípio - o da Vibração, que garante que a saúde, a doença, o sucesso e tudo e mais umas botas são vibrações - e no sexto Princípio, o da Causa e Efeito, que diz que nada acontece por acaso. Todas as coisas acontecem de acordo com a lei (no caso do segredo, a lei da atracção).

Entre muitas outras barbaridades, Rhonda e os seus auto-denominados mestres defendem que conseguimos as coisas sem dificuldade nem trabalho e que não é preciso saber o «como» as coisas acontecem. Ora a ciência quer exactamente saber os «comos» das coisas e por isso o Segredo não só não é ciência como é de facto anti-ciência.

Também é anti-ciência esta falsa e inexistente lei da atracção que não pode admitir dúvida nem cepticismo. O livro avisa os leitores de que se começam a duvidar da lei, ou a albergar pensamentos negativos em relação a ela, estarão inexoravelmente no caminho para calamidades sortidas. A (pseudo) Lei da Atracção exige aceitação acrítica ou crença ilimitada numa doutrina que foi revelada por pretensas (e muitas delas lendárias) autoridades, e é apenas mais uma forma de pensamento mágico que procura argumentos de autoridade para se afirmar. Os seus autores simplesmente querem o prestígio da ciência para vender o seu produto obscurantista e tentam passar como científico aquilo que manifestamente o não é.

Não há rigorosamente nada de científico no Segredo que não passa de uma reedição de um livro com quase 900 anos intitulado Secretum secretorum (O Segredo dos Segredos), a que voltarei mais tarde, a enciclopédia medieval do oculto ou Ars Magica.

O problema do Segredo, para além de pretender uma total falsidade, que a ciência corrobora o que é anti-ciência pura e dura, reside nas ideias perigosas que propaga, nomeadamente que o sucesso pode ser atingido apenas por artes mágicas sem trabalho nem esforço. Por exemplo, e completamente sem qualquer sustentação em factos, pretendem que, entre outros, Thomas Alva Edison era um dos génios detentores deste «segredo». Ora, Edison era um workaholic, que para encontrar o melhor filamento para a lâmpada eléctrica que associamos ao seu nome testou cerca de 3 000 materiais diferentes. O segredo do seu sucesso reside no seu génio e em trabalho árduo (e no facto de se manter a par das descobertas científicas da época) e não em qualquer imbecil lei da atracção!

Depois, o livro sugere que as pessoas mais ricas são as que sabem e dominam o «segredo», ou seja associa uma certa superioridade à quantidade de dinheiro que cada um tem. Isto é, o livro apela à ganância, ao egoismo, em suma às piores características do ser humano e é, para mim, claramente imoral diria mesmo obsceno.

Talvez um episódio de Maio do Saturday Night Live seja a melhor explicação do que quero dizer com obsceno. Nesse episódio foi parodiado o Segredo e uma das cenas incluía a admoestação a um habitante de Darfur que pelos seus péssimos pensamentos merecia tudo o que lhe estava a acontecer. De facto, segundo o Segredo, todas as coisas acontecem de acordo com a lei da atracção. Não existe acaso nem coincidência pelo que todas as calamidades são devidas a maus pensamentos. Pelo menos é o que se deduz ao ler:

«Frequentemente, quando as pessoas ouvem pela primeira vez essa parte do Segredo, elas se lembram de acontecimentos históricos marcados por mortes massivas, e acham incompreensível que tantas pessoas pudessem ter-se atraído para o acontecimento. Pela lei da atracção, elas tinham de estar na mesma frequência do acontecimento».

De acordo com esta «lei», por exemplo, os culpados do recente tornado em Santarém ou do acidente nas cheias teriam sido as próprias vítimas. De acordo com o livro, são eles os culpados das tragédias, assim como os reais culpados pelo Holocausto são os judeus ou foi por culpa dos respectivos habitantes que Hiroshima e Nagasaqui atraíram a bomba atómica.

Há uns meses, David Colquhoun, catedrático de Farmacologia na Universidade de Londres, escreveu um artigo no Guardian sobre a nova onda de obscurantismo, uma verdadeira epidemia de pensamento irracional e supersticioso que varre o mundo ocidental.

Esta epidemia de irracionalidade, consubstanciada em tretas sortidas, dos bruxos a astrólogos, passando por homeopatetas, curadores «quânticos e afins, «são a manifestação de uma cultura em que o 'wishful thinking' é mais importante que a verdade, uma sociedade em que tudo o que se diga três vezes é verdade e não se olha para os factos».

O Segredo literariamente é um monte de lixo em que, para (con)vencer os mais crédulos, se repete não três mas ad nauseam o mesmo disparate. O livro tenta igualmente (com sucesso em demasiados casos, diria) imunizar o leitor contra o cepticismo e os pensamentos racional e científico assegurando que estes são receita certa para calamidades sortidas.

Há quasi 200 anos, Humboldt considerava que a cidadania plena só seria atingida quando (todas) as pessoas tivessem acesso à melhor educação possível e desenvolvessem de per se pensamento crítico e independente. Nunca é demais repetir que o único antídoto para esta nuvem obscurantista, tal como preconizado mais recentemente por Carl Sagan, continua a ser encorajar as pessoas a pensar critica e cepticamente, construindo e racionalizando argumentos, válidos e inválidos, que precisam ser provados de forma independente, racional e lógica. Esta seria para Sagan a única forma de combater a ignorância e desfazer mitos, fraudes, superstições e crendices. Num mundo cada vez mais assombrado pelos demónios da razão adormecida, de que o «Segredo» é apenas mais um exemplo, urge recordar figuras que marcaram a História, como Humboldt, reacender as velas de Sagan e estimular o pensamento independente e crítico!

25 comentários:

Bruce Lóse disse...

Palmira,

O novo director da RTP quer mais futebol neste serviço público, o bastonário dos Engenheiros afirma com enlevo que Lisboa é a cidade mais bonita da Europa senão mesmo do mundo, e o dos médicos (intrépido defensor da dignidade do ser humano) acha naturalíssima a migração dos seus colegas para o privado não havendo as condições de "respeito e dignidade" no público. O "Segredo", Pal?

Um pouco mais novo do que Humboldt, Eduardo Lourenço afirmou há dez anos: "o horror tornou-se invisível". Se a ignorância é o problema maior, o que dizer da senda da estupidificação?

Fernando Dias disse...

Eu não acredito, mas se me perguntarem se há aqui mais qualquer coisa, eu digo que não sei. O facto de não saber não me obriga a acreditar, mas a forma como Palmira conduz este debate parece-me errada. Assim como concordei com o seu artigo de ontem da mesma maneira não concordo com este de hoje. Parece paradoxal, mas não é. A postura em ciência é cada vez menos monolítica.

Palmira, vamos ser mais humildes e aceitar que a sua e a minha ignorância são infinitas. A Palmira desconfia de certas interpretações como por exemplo as de Eugene Wigner, Brian Josephson, John Wheeler, John von Neuman, Brian Greene, etc., etc. ? Isto é, que a consciência pode criar a realidade, sendo que a matéria e a energia não passam de conceitos da própria consciência e portanto não existem em si-mesmos.

Por outro lado, temos verificado que em certos estudos do efeito placebo, inclusivamente em doenças infecciosas bacterianas, quando se dá um placebo acompanhado de uma forte carga persuasiva, contra o controlo em que se dá o antibiótico de referência mas acompanhado de fortes efeitos de desconfiança, por exemplo pelos efeitos secundários, etc., etc., os resultados têm sido surprendentes a favor do placebo. Porquê?

Primeiro porque o papel do sistema imunitário é muito maior do que se pensa no processo do organismo auto-combater as infecções.
Segundo, os mecanismos psicológicos do crer, querer, força de vontade, optimismo, etc., etc., têm uma influência muito maior do que se possa pensar, pois este está interligado com o sistema nervoso, e todo o organismo por sua vez está coordenado num grande campo de consciência.

Por isso, eu não seria tão atávico em preconceitos ditos científicos, seja lá o que ciência queira dizer. O facto de haver estes charlatões a Palmira cai num erro muito frequente que é deitar fora o bebé com a água do banho.

Fernando Dias disse...

Melhorando o penúltimo parágrafo, o que eu queria dizer era. Consci~enia, sistema nervoso e sistema imunitário, e eventualmente outros sistemas estão todos interligados e interdependentes e não se podem dissociar. Há uma intrincada influência de uns sobre os outros.

Unknown disse...

F. Dias:

Já leu o post do Desidério "Pensamento positivo e crenças motivadoras"?

Vá ler e vai ver que deixa de fazer confusão entre "crenças motivadoras e wishful thinking, que podemos traduzir por pensamento mágico. As doutrinas New Age do “pensamento positivo” alimentam-se da confusão entre as duas noções."

Anónimo disse...

A questão é que "pensamento crítico" não rima, necessariamente, com pensamento científico. Muitas vezes é precisamente o oposto. É claro que "O Segredo" é um embuste. Mas combater um embuste com um discurso religioso, completamente acrítico em relação a si mesmo (o pensamento crítico como bem nos ensinaram os iluministas Descartes, Leibniz e Kant, é precisamente ser-se crítico consigo mesmo), como é o da Palmira, só leva à cristalização da ciência e a proliferação dos embustes. Se a uns convém a honestidade, a outros convém a humildade. Pois, como qualquer "pensamento crítico" bem nos ensina, a nossa ignorância é infinita.

Unknown disse...

A postura em ciência não é monolítica nem temos pretensão de saber tudo. Mas sabemos pelo menos o que está errado e o que não é ciência. Tretas mágicas estão erradas e não são ciência.

Que não sabemos muito sobre neurocoisas é verdade, como não sabíamos muito sobre o átomo no princípio do século XX. Não é ciência, é anti-ciência, dizer que como não sabemos tudo ou não sabemos muito sobre um determinado assunto então é errado descartar hipóteses mágicas.

Não foi com hipóteses mágicas que se chegou à mecânica quântica nem será com hipóteses mágicas que se explicará um dia como funciona o nosso cérebro. Isso tenho a certeza :)))

Chateia-me que misture o John von Neumann com tretas mágicas. o f.dias parece estar a fazer uma confusão desgraçada, a não ser que ache que ele era brilhante por artes mágicas :)

Fernando Dias disse...

Sim, e já leio o pensamento de Desidério há mais de dez anos. Apesar de concordar 80% com as coisas que Desidério pensa, posso ter nuances de pensamento diferentes. Não tenho que estar a 100% de acordo com desidério nem a 100% de acordo com Palmira. É nos detalhes finos que estão as diferenças. E depois é preciso jogar com conceitos. E depois vêm as generalizações. "Doutrinas New Age" não me dizem nada. E o que é que eu sei o que eles pensam: nada!

Unknown disse...

Fantástico este comentário do Functivo :)))))

Está bem que o Segredo é treta e o que a Plamira escreveu está certo ... mas a treta de estimação do Functivo (homeopatetice ? espiritismo? IDiotia ? telepatia por telefone????) essa não!

Ao menos podia elucidar-nos sobre a treta cuja desmontagem tanto o indignou :)

Estou a ter um dia chato e precisava de um momento de humor :)

Anónimo disse...

Há, facto, potencial humorístico em quem vê no elogio do Pensamento Crítico à Kant, Descartes e Leibniz uma defesa da homopatia, do espiritísmo ou da ID. Mas, certamente há ainda mais humor em quem opinia que a Ciência sabe o que está o errado, que sabemos o que é Ciência (se disser qual é o seu critério de demarcação isto é capaz de vir a ser bastante divertido), que confunde anti-ciência com pseudo-ciência). Mas, o mais divertido será se defender que a Física Quântica se deu por um qualquer processo internalista. Sabe como Bohr chegou ao princípio de complementariedade? Sabe o que é o princípio de complementariedade? Sabe como De Broglie chegou à ideia das ondas de matéria? Acredita mesmo que alguma vez uma revolução científica se deu por razões estritamente científicas?
Conhece a acusação feita e repetida por parte de Popper da Física Quântica ser um atentado à Ciência por levar-nos a escolher entre o solipsismo e o irracionalismo? Sabe que, em Popper, por exemplo, quase toda a Física Contemporânea ser pseudo-ciência?

A Ciência é uma coisa muito séria. Mas, usualmente, o seus piores defensores são, precisamente, os cientístas.

O seu riso é, certamente, o riso da mulher trácia.

Cale-se e calcule.

Unknown disse...

Mais um factor UAU :)

Estou-me a referir ao novo comentário do functivo, claro :)

Infelizmente não nos esclareceu sobre a treta da sua predilecção, apenas tentou dar uma de erudito mandando a eito um monte de bojardas e juntando um monte de nomes sonantes como argumento de autoridade :)

Depois podia ir buscar umas coisas mais interessantes, tirando o de Broglie e seus seguidores nunca houve grandes adeptos das ondas de matéria. A não ser que ande a ler o Croca esta fica muito deslocada em quem tenta dar uma de conhecedor de física :)

E não, não acredito que todas as grandes descobertas acontecem por processos meramente científicos. Há o acaso que já mereceu um livro, a serendipidade e há o factor humano.

Por exemplo, em 1912, e após cerca de um ano a trabalhar com J. J. Thompson, em Cambridge, Neils Bohr foi sumariamente “despedido” porque não concordava com o modelo do átomo de Thompson.

Sem emprego, Bohr foi para Manchester trabalhar com Ernest Rutherford. E foi este o primeiro passo que conduziu à Mecânica Quântica tal como hoje a conhecemos :)

Unknown disse...

Em relação ao princípio da complementaridade espero que não pense que tem alguma coisa a ver com os princípios herméticos :)

Espero que não pense como o Popper (normalmente quem não sabe física tem muita dificuldade em perceber mecânica quântica) e pense que a mecânica quântica (e o tal princípio cujo nome o impressionou) não é ciência :)))

Sei lá, espero que não diga que os aparelhos de CD, o controle remoto de nossas TVs, os aparelhos de ressonância magnética em hospitais ou o computador em que escreve estas pérolas são "mágicos" :).

Toda a chamada high-tech só existe devido à mecânica quântica. A crer no Functivo mais de 30% do PIB americano é devido a magia :)

Cada vez melhor :)

Então esta de que os cientistas não percebem nada de ciência e são os vendedores de banha da cobra que percebem arruma-me!

Mas vá lá... deixe de me tentar impressionar com os seus conhecimentos de Física (eu sou físico, by the way) e diga mas é qual é a banha da cobra que nos quer vender :)

Anónimo disse...

"Depois podia ir buscar umas coisas mais interessantes, tirando o de Broglie e seus seguidores nunca houve grandes adeptos das ondas de matéria."

Confunde ondas de matéria com a teoria da dupla solução. Bohr, Heisenberg, Compton, Einstein, Born, Pauli, Schr., etc, todos aderiram as ondas de matéria. (leia o livro de Heisenberg de 1930 sobre os conceitos de física quântica)

"todas as grandes descobertas acontecem"

Referi-me a revoluções, não a descobertas. Se não sabe a diferença...

"Por exemplo, em 1912, e após cerca de um ano a trabalhar com J. J. Thompson, em Cambridge, Neils Bohr foi sumariamente “despedido” porque não concordava com o modelo do átomo de Thompson."

Erro histórico.

"Sem emprego, Bohr foi para Manchester trabalhar com Ernest Rutherford. E foi este o primeiro passo que conduziu à Mecânica Quântica tal como hoje a conhecemos :)"

Não sabe a diferença entre a primeira e a segunda quantificações. Manifesta desconhecer o muito que se passou entre 1913 e 1927. (isto para não falar do disparate de colocar como início da MQ a quantificação do átomo). Leia, por exemplo, "The Story of Quantum Mechanics", de Guillemin.

"Em relação ao princípio da complementaridade espero que não pense que tem alguma coisa a ver com os princípios herméticos :)"

Portanto, não sabe o que é o princípio de Complementaridade. Um princípio que veio da filosofia e que Bohr quis exportar para toda a Ciência. Leia, o livro de Max Jammer de 1974.

"Espero que não pense como o Popper (normalmente quem não sabe física tem muita dificuldade em perceber mecânica quântica) e pense que a mecânica quântica (e o tal princípio cujo nome o impressionou) não é ciência :)))"

Popper era Físico de formação e tem obra estritamente científica no domínio da Física Quântica.

"Toda a chamada high-tech só existe devido à mecânica quântica. A crer no Functivo mais de 30% do PIB americano é devido a magia :)"

Confunde Ciência com Tecnologia ou Tecnociência. Não sabe sequer a diferença, bem conhecida em MQ, aliás, entre a teoria ser funcional e ser entendível. Leia, por exemplo, o que Richard Feynman escreveu sobre isto.

"Cada vez melhor :)"

Não. Está cada vez pior.

O resto, como contraponto à ignorância, são falácias grosseiras.

Já agora, esclareço-lhe que nem Kant, nem Leibniz ou Descartes são autores "New Age", mágicos, curandeiros ou estiveram envolvidos na edição do "O Segredo".

Se não percebeu - que não percebeu - o que quis dizer, se confunde o elogio do pensamento crítico com venda da Banha da cobra, então só posso lamentar o seu estado de debilidade literária.

Ignorância profunda, cientísmo bacoco, argumentação pueril, incapacidade para pensar. Pior defensor da Ciência não seria possível. É triste.

Já fiz o meu serviço público consigo. Agora tenho artigos para acabar.

(by, the way. eu também sou físico de formação académica- FCUL)

Unknown disse...

Functivo ou Fun:

Podia ter começado por dizer que era um dos paladinos do Croca :)))) Assim já se percebe tudo no âmbito da guerra Croca e até se percebe qual é a sua treta de estimação :)

Pelo que me contaram, o grafismo do livro patético do Croca até foi alterado para incluir uma referência ao De Rerum Natura e à incompreensão pelo establishement das ideias «brilhantes» do senhor.

E o que são estas ideias brilhantes? Em 1926-27, Louis de Broglie propunha interpretar os objectos microscópicos como consistindo de uma partícula guiada por uma onda associada.

O que acontece com a onda quando a partícula é detectada? Segunda essa teoria da "onda-guia", a onda que não interage com o detector continuaria a propagar-se, sem poder ser detectada: seria a modos que uma onda vazia.

Os vários discípulos de de Broglie, F. Selleri e outros (menciono o Selleri fez a recensão de um dos livros do Croca) têm tentado vender esta ideia sem sucesso porque todas as experiências que tentam arranjar falham em provar o que deveriam provar.

Em 1990, os porponentes nacionais da "nova" MQ - Croca, R. et al. (1990), Found. Phys. Lett. 3, 557 - publicaram um artigo em que descreviam uma experiência de interferência de dois fotões em que propunham que os efeitos de interferência são esperados classicamente [de acordo com sua versão da teoria da onda-guia de de Broglie], mas não de acordo com a MQ aceite.

Pouco depois, o artigo foi dissecado - por exemplo, Wang, L.J.; Zou, X.Y. & Mandel, L. (1991), Phys. Rev. Lett. 66, 1111-4 - e conclui-se "que os resultados experimentais claramente contradizem o que se espera com base na teoria da onda-guia de de Broglie, mas estão em boa concordância com as previsões da teoria quântica usual, incluindo o implícito colapso da função de onda".

Unknown disse...

Meu caro:

Sobre ciência e tecnociência, na realidade aplicação de ciência, acho que está um bocadinho baralhado.

Eu escrevi:

"Toda a chamada high-tech só existe devido à mecânica quântica"

Para haver aplicações tecnológicas de ciência tem que haver ciência. Para o Fun sem piada só ressabiamento não há ciência porque a totalidade dos físicos (com umas excepções que confirmam a afirmação) ri-se das patetadas do Croca :)

O que eu disse é que todas estas tecnologias para si assentam em magia e não em ciência já que pelos vistos acha que toda a Mecânica Quântica esta errada porque ninguém compra as onduletas e outras tretas (todas erradas) do Croca :)

Unknown disse...

Sobre os erros históricos e outros, não sei bem que historietas anda a ler mas aconselho-o a ler a biografia do Bohr no Mac Tutor.

provavelmente deve achar que são uns grunhos com "Ignorância profunda, cientísmo bacoco, argumentação pueril, incapacidade para pensar." por não subscreverem a sua visão da história.

Enfim...

Anónimo disse...

???

Anónimo disse...

Pedro:

"Por exemplo, em 1912, e após cerca de um ano a trabalhar com J. J. Thompson, em Cambridge, Neils Bohr foi sumariamente “despedido” porque não concordava com o modelo do átomo de Thompson.

Sem emprego, Bohr foi para Manchester trabalhar com Ernest Rutherford. E foi este o primeiro passo que conduziu à Mecânica Quântica tal como hoje a conhecemos :)"

Mac Tutor:

"Bohr applied to the Carlsberg Foundation for a travel grant in May 1911 and, after the award was made, went to England in September 1911 to study with Sir J J Thomson at Cambridge. He had intended to spend his entire study period in Cambridge but he did not get on well with Thomson so, after a meeting with Ernest Rutherford in Cambridge in December 1911, Bohr moved to the Victoria University, Manchester (now the University of Manchester) in March 1912. The timing was very fortuitous since shortly before Bohr and Rutherford met, Rutherford had published a major work showing that the bulk of the mass of an atom resided in the nucleus.

In Manchester Bohr worked with Rutherford's group on the structure of the atom. Rutherford became Bohr's role model both for his personal and scientific qualities. Using quantum ideas due to Planck and Einstein, Bohr conjectured that an atom could exist only in a discrete set of stable energy states."

Unknown disse...

A mecânica quântica não é a minha cup of tea e estou completamente a leste das guerras Croca.

Mas já estou farta do Croca ou seus acólitos virem para o DRN regurgitar veneno a despropósito.

Estou como o fulano da Enciclopédia Britânica, é nas Universidades e nas revistas científicas que devem travar as vossas guerras não é na opinião pública que não percebe pevas do que se trata.

Se não conseguem convencer os pares do vosso ponto de vista acho péssimo que venham para a praça pública em grandes alardes de perseguidos e acusações aos pares! E acusações à ciência porque não vos reconhece o "génio".

Estão a fazer um péssimo serviço à ciência com este tipo baixinho, mesquinho e maledicente de actuação, completamente anti-científico. Os vendedores de banha da cobra e os obscurantistas agradecem o favor...

Anónimo disse...

Será mesmo que nem a Rita nem o Pedro perceberam que nada disto tem a ver com interpretações da MQ? Será que não perceberam que o pensamento crítico não é exclusivo de Bohm (que já agora, para quem nada sabe=Pedro, é o "grande" seguidor da Teoria da Dupla solução), nem de Everett, nem de D'espagnat, nem de Popper, nem Bohr, nem de Schrondinger, nem de Òmnes, etc, etc? Será que não perceberam que há imensas interpretações da MQ e todas elas são cientificamente significativas? Será que não perceberam que a Ciência "Croca" (??) é a mesma que a Ciência "Bohr" (??), que a Ciência "Einstein" (??)? Será que não percebem que é do mais profundo anti-ciência falar-se que estes ou aqueles estão certos ou errados sem saber sequer, precisamente o que pensam uns e outros?

Mau serviço à Ciência prestam aqueles que falam em nome dela ignorando o que fala (Pedro é uma espécie de arquétipo), ou tomam-na como se uma fosse Religião, onde os catedráticos ditassem a ortodoxia. A Ciência é uma empresa infinita que deve viver sempre acompanhada pelo pensamento crítico, principalmente para si mesma. O problema do post estava aqui. E isto nada tem a ver com interpretações da MQ.

Unknown disse...

Meu caro Croca, Rui Moreira (ou acólito, gosto da designação):

Veja lá se reconhece de que livro tirei isto (e os restantes leitores comparem as lamúrias)

Faltam obras (do domínio da divulgação científica) não comprometidas, directa ou indirectamente, com dogmas religiosos, políticos, sectários, empresariais ou de qualquer outra origem.

Mostraremos que a desgastada interpretação corrente da física quântica pode e deve ser substituida por uma nova física causal e não-linear,

Como é sabido, muitas vezes a ciência é apresentada de um modo inteiramente acrítico, como um corpo de saber perfeitamente acabado, onde a dúvida não tem lugar; como uma aventura em que os bons ganham sempre, sendo o progresso um caminho perfeitamente definido, sem altos nem baixos. Esta visão pareceu-me reducionista e castrante.

Pois do livro do Croca, em que ele tal qual os IDiotas, se queixa do establishment que não reconhece que os físicos estão todos errados e não se curva à superioridade das palermices do senhor.

Porque será que os que não conseguem convencer os pares, que não conseguem publicar em revistas científicas as suas "teorias" alternativas, se devotam a acusar
os outros das mais variadas coisas?

Se a vossa teoria fosse alguma de coisa de jeito afirmava-se sem necessidade de lamúrias. Exactamente proque não resiste a uma análise crítica é que ninguém a compra :)

É muito mau vir deitar lama para cima da ciência que não reconhece a vossa treta e insultar quem vos desmascara...

Anónimo disse...

Mais falácias...

Para lhe dizer a verdade, nunca li mais do que a primeira página do livro que cita. Não gostei. E o conteúdo já conheço de outras publicações. Nomeadamente, em revistas internacionais com referee. Do mesmo modo que conheço muitas outras intepretações da MQ.

Uma vez mais, o Pedro é quase uma compilação de tudo que um mau defensor da Ciência pode ser. Já começa a parecer-me que, na realidade, o Pedro é um apologista de "O Segredo" ou algo assim. O género é o mesmo. Por isso, retiro-me.

Anónimo disse...

Eu, modesta professora do ensino básico, que não percebo nada de MQ, e que gosto é da Agustina e que me divirto com os livros do FJ Viegas, que li em miúda tudo do Eça, tudo do Júlio Diniz, li os clássicos todos, li o Guerra e Paz, li os 100 anos de Cólera, li o amor em tempo de guerra, li "As viagens na minha terra", li os Esteiros, li Miguel Torga, li um livro que me surpreendeu e que se chama "Por amor da Índia" da Catherine Clement, li o Equador ( de que gostei muito), li "O rio das Flores" (de que não gostei), li aquele primeiro da Margarida Rebelo Pinto ou Pinto Rebelo, que é só rir, li um ou dois da Inês Pedrosa, li o "Perfume", li a Madame Bovary, li a Dama das Camélias, li a Comédia Humana, li o Erro de Descartes, li todos os Lobo Antunes até aos meu 21, 22 anos (depois cansei-me), li um do Rodrigo Guedes de Carvalho, de que gostei, li o Príncipe, li um ou dois do Marquês de Sade, que são uma delícia, li o Sidharta (uma seca), li o Fio da Navalha, li o Reviver o passado em Brideshead (e fui fanática pela série quando ela passou pela primeira vez, era eu uma miudita), li o Grande Gatsby (em PT e ING), li o servidão humana, e mais uns quantos do Somerset, li as vinhas da ira, li um ou outro do Hemingway( não sou grande fã), li o Cosmos, eu sei lá o que eu já li na minha vida!
Não consigo ler é Saramago, não sei por que razão..mas até li umas passagens do Kamasutra.

Mas nunca li o Segredo e quando a minha irmã me disse ao telefone que o tinha comprado ( eu nem tinha sequer ouvido ainda falar de tal coisa), perguntei-lhe por que o tinha adquirido e se era bom. Ela respondeu-me que o tinha feito porque era um livro de auto-ajuda que andava a fazer furor por aí, mas que estava bem arrependida.
E eu respondi-lhe: tanta coisa boa para leres e vais comprar um livro dessas tretas.
Depois um dia, na Fnac, vi lá o livro e abri-o na primeira página. Li as duas primeiras linhas e pensei: " que treta, há gente tão imbecil a ganhar tanto dinheiro, que até mete nojo".

Portanto, pergunto eu, os senhores leram realmente o livro? É que vos gabo a pachorra..

Palmira F. da Silva disse...

Olá Maria:

Eu tive de ler o livro porque fui à TSF comentá-lo. Não foi muito mau porque o livro espremido não tem muito para ler e passei por cima das tretas dos pseudo-testemunhos/argumentos de autoridade.

Mas partilhei o pensamento que reproduziu em toda a desagradável leitura.

Anónimo disse...

Cara Palmira,
pronto é assim, ossos do ofício, a vida de uma intelectual tem desses espinhos..)). Também já tive que ler cada pastiche que so visto..

Pagaram-lhe ao menos o livro? :)))

Anónimo disse...

"Num mundo cada vez mais assombrado pelos demónios da razão adormecida, de que o «Segredo» é apenas mais um exemplo"

sou apenas mais um adolescente:
num mundo cada vez mais assombrado pelos demonios que adormeçem a emoçao, os sentimentos bons o livro foi uma bençao.
sem sentir nao à razao e quando o que se sente é mau..a delinquencia é o caminho, se nos crianças tiver-mos aconchegados de coisinhas boas, teremos a razao..=) ah e o pensamento é universal, n?
nao te criticas a ti, com todo o respeito?! abraços

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