Por Eugénio Lisboa
O grande T. S. Eliot dizia que os poetas imaturos imitam, mas os poetas maduros roubam. Foi o que ele fez a Dante, como Camões a Virgílio e Racine a Eurípedes.
Fernando Pessoa também não esteve com meias medidas e foi buscar o seu "A minha pátria é a língua portuguesa" ao Rivarol que, no século XVIII, fugindo da França do Terror, para um exílio sem retorno, escreveu, como quem se salva: "A minha pátria é a língua francesa."
Petrarca foi alimento do Camões lírico. E o grande Goethe dizia que, a ele, até os poetas de segunda ou terceira categoria lhe serviam, quando estes se apercebiam de coisas que a ele lhe tinham escapado.
Eça, que dizia, a propósito de uma carta longa que escrevera, não lhe ter chegado o tempo para a fazer mais curta, foi buscar esta pérola ao Padre António Vieira. Contemporâneo de Vieira, Pascal disse a mesma coisa. Coincidência?
O chamado "plágio" era antigamente tido como uma homenagem ao "plagiado", uma amistosa chapelada. O que é bom é para usar e divulgar. A apropriação é uma forma de amor e até de autoria cúmplice.
Quantas vezes dizemos: "Quem me dera ter escrito ou dito isto!" Não é inveja, é admiração.
Oscar Wilde, que tinha espírito para dar e vender, não se lhe dava de se apropriar de um "bon mot" de terceiros. Um dia, numa reunião de amigos, em que estava também o seu grande rival, em matéria de espírito aguçado, o pintor Whistler, um dos presentes teve uma saída brilhante e Wilde logo observou: "Quem me dera ter dito isso!", ao que Whistler repondeu: "Hás de dizê-lo, Oscar, hás-de dizê-lo..."
Eugénio Lisboa
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Nota: Espero que este texto não dê conforto aos que plagiam a torto e a direito nos trabalhos escolares. Aí é grave por se tratar de actos académicos que devem demonstrar a consistência e originalidade de pensamento de futuros investigadores ou profissionais. A apropriação, neste caso, é batota. Mas a apropriação feita com graça, esbelteza e criatividade faz parte da alegria de viver... Mel Brooks numa deliciosa cena passada num parque põe um pássaro a caganitar em cima da cabeça do protagonista, numa clara alusão faceira ao filme OS PÁSSAROS, de Hitchcock! Isto não é plágio, é "citação" velada e homenagem.
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