sábado, 29 de maio de 2021

EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E CULTURA NO CENTRO

Meu depoimento nos 91 anos do Diário de Coimbra:

O país e o mundo têm atravessado uma crise sanitária cuja saída parece estar finalmente á vista. Tornou-se claro o papel insubstituível que a ciência tem para nos assegurar mais vida e saúde. De facto, conseguimos em tempo recorde produzir vacinas revolucionárias que nos estão a proteger da doença. Seria um enorme erro, no mundo, no país e na região Centro, se no período que agora se abre não desenvolvêssemos o nosso sistema de conhecimento, que se alicerça nas escolas de vários níveis, que passa pelos centros e laboratórios de investigação tanto públicos como privados, e que é indispensável para reforçar a cultura, ao casar as ciências com as humanidades.


O caminho tem de ser feito pelo país como um todo, mas a região Centro tem características que urge atender, designadamente a necessidade da sua afirmação no todo nacional, onde tem estado demasiado apagada. Como só a união faz a força, é preciso reforçar a educação, a ciência e a cultura no Centro. É preciso ligar as escolas de ensino superior  do Centro, robustecer a rede de investigação e desenvolvimento local e dinamizar uma actividade cultural que aumente a identidade e a coesão regional. No ensino superior é precisa uma rede de escolas que seja complementar na busca de áreas de excelência e que afirme o distinto papel das Universidades e dos Politécnicos. Na pesquisa científica, os grandes desafios, aqui como noutros lados do país, consistem em fixar jovens talentos, e em inserir mais ciência na indústria. Na cultura, é preciso relacionar o património e a criatividade artística com a criatividade científica. E, no conjunto, é preciso ligar educação, ciência e cultura. Por exemplo, como é possível, numa cidade com tradições científicas, a ciência estar praticamente arredada do  projecto de “Capital Europeia da Cultura”?   


Muitos parabéns ao longevo “Diário de Coimbra”, a quem desejo muitos mais anos de vida. Dou uma sugestão: sendo os média, nas antigas e novas formas, essenciais para a construção da nossa identidade e para a afirmação da nossa vontade, por que não aspirar, sem perder as fortes raízes nas Beiras, a ser um jornal de referência nacional? Para isso teria, desde já, de reforçar a educação, a ciência e a cultura nas suas páginas, sabendo ligá-las. Haveria decerto muitos colaboradores.

1 comentário:

Carlos Ricardo Soares disse...

Fiz a licenciatura na faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, numa época em que a Universidade de Coimbra ainda era uma marca muito valiosa, talvez mais do que o Benfica. Já nesse tempo, inícios da década de oitenta do séc. XX, tinha a vaga percepção de que abriam mão de um símbolo ou de uma simbologia cujo valor era, por demais, evidente.
Ou eu estava iludido, ou Coimbra já não tinha vontade de ser a cidade dos estudantes, dos doutores e dos poetas.
Hoje, interrogo-me: a quem de direito terá passado despercebido o valor, ou os valores, da insigne marca "Lusa Atenas"?

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