quarta-feira, 26 de maio de 2021

"NADA PODE SUBSTITUIR UM EDUCADOR"

Na sequência de textos anteriores (aqui, aqui, aqui) 
 
Penso que nesta enérgica tentativa de substituição de professores-pessoas por professores-máquinas se está a subestimar a imprevisibilidade, a sagacidade que marca a própria condição humana. O cenário idílico de crianças e jovens empenhados e entusiasmados a aprender o que consta no programa de uma máquina nunca me convenceu, nem quando os vejo, em entrevistas (preparadas, por certo), dizer o que se quer que digam: não existe ambiente mais perfeito do que o super tecnológico em que estão, nem melhor "professor" do que o não-humano.

A irreverência, a subversão, o boicote ao ensino são comportamentos tão antigos quanto o próprio ensino. A esta conclusão conduzem documentos que nos chegaram, alguns deles com vários milénios. 

Assim, o vídeo que disponibilizo abaixo, de 2019, apesar de ter sido preparado por uma tal Agência de Desenvolvimento da Primeira Infância de Singapura para celebrar o Dia do Professor, parece-me ter muito de credível: um robô-educador foi colocado numa sala de jardim-de-infância e o resultado foi (ou poderia ser) o que se vê: 



1 comentário:

Carlos Ricardo Soares disse...

O que me preocupa, sobretudo, é que haja possibilidade de controlar a mente das crianças e, em geral, das pessoas sujeitas a processos de educação e de aprendizagens. O que elas aprendem, ou não, é questão de somenos, quando penso na hipótese de ser possível controlar as mentes. Se isto for possível, temos um gravíssimo problema para resolver. Haveremos, então, de admitir que é um problema tão antigo como a humanidade e, talvez, o maior de todos. A liberdade, que é algo tão difícil de conseguir para a maioria, está cada vez mais ameaçada pelos processos de delegação da decisão da melhor escolha. A IA é a melhor ilusão que nos podiam vender de que estamos mais bem representados do que nós próprios. Mas ainda não aprendemos sequer a primeira lição: uma pessoa é insubstituível para si própria, mas não, necessariamente, para os outros. Isto faz dela o critério irredutível de tudo, o qual, se não for explicitamente, ou positivamente legislado, dá azo às maiores atrocidades e aos ódios mais insanáveis, como temos verificado na história humana. Nenhum robot tem este problema de só ter de aceitar como dever o que, igualmente, e por idêntica razão, for dever para os outros.

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