terça-feira, 25 de maio de 2021

"Educação digital" ou "o digital na educação"?!

Na continuação de textos anteriores (aqui e aqui).

Entretanto, sem qualquer questão ou dúvida, a União Europeia avança com a revolução digital na educação. Portugal acompanha-a com grande entusiasmo. 

Assim, ontem dia 24, realizou-se uma (vídeo)"Conferência de Alto Nível relativa à Educação Digital" com o título "O Digital na Educação", organizada pelo nosso Ministério da Educação. Está bem de ver que "educação digital" e "o digital na educação" não são uma e a mesma coisa, porém, tendo em conta a nebulosa linguagem do texto de apresentação do evento, do seu programa, e do discurso do Ministro, isso perde qualquer importância.

Considere o leitor o seguinte extracto (aqui):

O Evento de Alto Nível sobre Educação Digital pretende focar-se nos seguintes temas: i) Envolver: a educação digital como componente central de sistemas de educação e formação inovadores; ii) Cuidar: a educação digital como força motriz da inclusão, equidade e sucesso para todos; iii) Promover: a educação digital como direito de cidadania e passo em frente na aprendizagem ao longo da vida. 

E faça o seguinte exercício: substitua a expressão "educação digital" por outras expressões que integram o discurso político global, como "inovação", "voz dos alunos", "colaboração" ou "avaliação formadora". Concordará, por certo, que as frases não perdem o sentido que tinham, ainda que não se consiga perceber exactamente qual ele é.

1 comentário:

Anónimo disse...

As escolas podem ser entendidas como as casas onde se ensina e aprende. No entanto, para termos uma boa escola secundária, ou liceu, o mais importante, para além de bons alicerces físicos, sejam eles feitos de betão ou de circuitos eletrónicos, e de bons telhados, de telhas tradicionais, sem amianto, ou de painéis fotovoltaicos, é termos bons professores e melhores alunos. Não é considerar os educadores de infância iguais aos professores do ensino secundário, em termos profissionais, para que a massificação do ensino, ocorrida em Portugal apenas depois do 25 de abril, tenha sido possível, como diz o outro.Imediatamente antes do 25 de Abril, só a alta burguesia podia estudar no Liceu, em Portugal, e a qualidade do ensino era execrável.
Eu, com toda a minha ironia, também por lá andei...
Agora, vão estourar o dinheiro todo da bazuca com computadores e magníficos quadros eletrónicos interativos, assim como quem enche de livros, muito bem encadernados, a enorme biblioteca do convento de Mafra, para inglês e império austro-húngaro verem, mas sem formarem bons professores em universidades públicas, que estejam habilitados a ensinar mais do que aquilo que é óbvio (aprendizagens essenciais), e por isso sejam bem remunerados, ainda não é desta que vamos sair da cepa torta!

CARTA A UM JOVEM DECENTE

Face ao que diz ser a «normalização da indecência», a jornalista Mafalda Anjos publicou um livro com o título: Carta a um jovem decente .  N...