sexta-feira, 7 de maio de 2021

À ESPERA DA BAZUCA

 


Início do meu artigo de opinião saído na quinta-feira no Público:

Ninguém sabe como vai ser o tempo pós-pandemia, mas o governo está ansiosamente à espera da “bazuca.” O nome, que vem da arma antitanque (e antes disso de um instrumento musical), mas, no presente contexto, significa a entrada de muito dinheiro, a maior parte a fundo perdido, da União Europeia. Não gosto da metáfora bélica, que tem subjacente a ideia de um grande poder financeiro para vencer a crise que atravessamos.

Usando uma outra famosa metáfora trata-se de uma “pipa de massa”: cerca de 17 mil milhões (14 mil milhões de subvenções e 3 mil milhões em empréstimo, aos quais poderão acrescer 2 mil milhões) para seis anos. Não foi fácil encontrar a versão revista do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) recentemente entregue na Comissão Europeia, apesar de existir um “portal da transparência.” Encontrada, foi penosa a releitura das 343 páginas do documento, pois está escrito em “tecnocratês”, polvilhado dos termos da moda e sem grande cuidado com a língua portuguesa. Por exemplo, a palavra “resiliência” aparece 181 vezes, “transição” 364 vezes, “clima” e seus derivados 218 vezes, e “digital” e seus derivados 553 vezes. Bem sei que o guião foi escrito em Bruxelas e havia só que o traduzir do inglês, mas podiam ter arranjado uns sinónimos e, além disso, ter pedido a ajuda de um revisor linguístico.

(...)

Ver o resto em https://www.publico.pt/2021/05/06/opiniao/noticia/espera-bazuca-1961292

1 comentário:

Manuel M Pinto disse...

Na verdade, é lamentável a utilização de vocabulário tão inadequado e repetitivo e, até mesmo "impróprio" da Língua Portuguesa!
Parabéns Sr. Dr. Carlos Fiolhais pelo seu tempestivo e esclarecedor artigo de opinião!

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