Início do meu artigo de opinião saído na quinta-feira no Público:
Ninguém sabe como vai ser o tempo
pós-pandemia, mas o governo está ansiosamente à espera da “bazuca.” O nome, que
vem da arma antitanque (e antes disso de um instrumento musical), mas, no
presente contexto, significa a entrada de muito dinheiro, a maior parte a fundo
perdido, da União Europeia. Não gosto da metáfora bélica, que tem subjacente a
ideia de um grande poder financeiro para vencer a crise que atravessamos.
Usando uma outra famosa metáfora
trata-se de uma “pipa de massa”: cerca de 17 mil milhões (14 mil milhões de
subvenções e 3 mil milhões em empréstimo, aos quais poderão acrescer 2 mil
milhões) para seis anos. Não foi fácil encontrar a versão revista do Plano de
Recuperação e Resiliência (PRR) recentemente entregue na Comissão Europeia,
apesar de existir um “portal da transparência.” Encontrada, foi penosa a
releitura das 343 páginas do documento, pois está escrito em “tecnocratês”,
polvilhado dos termos da moda e sem grande cuidado com a língua portuguesa. Por
exemplo, a palavra “resiliência” aparece 181 vezes, “transição” 364 vezes,
“clima” e seus derivados 218 vezes, e “digital” e seus derivados 553 vezes. Bem
sei que o guião foi escrito em Bruxelas e havia só que o traduzir do inglês,
mas podiam ter arranjado uns sinónimos e, além disso, ter pedido a ajuda de um
revisor linguístico.
(...)
Ver o resto em https://www.publico.pt/2021/05/06/opiniao/noticia/espera-bazuca-1961292
1 comentário:
Na verdade, é lamentável a utilização de vocabulário tão inadequado e repetitivo e, até mesmo "impróprio" da Língua Portuguesa!
Parabéns Sr. Dr. Carlos Fiolhais pelo seu tempestivo e esclarecedor artigo de opinião!
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