“A memória é a consciência inserida no tempo”
(Fernando Pessoa).
Quer queiramos ou não, as recordações da juventude são como uma segunda pele que nos acompanha na velhice. Assim, de quando em vez, emerge em mim de profundezas freudianas a memória de um filme que correu, nas telas portuguesas, em princípios da década de 50, intitulado “Francis, o Macho que Fala”, cuja principal personagem era o actor Donald O´Conner.
Ou seria, em dúvida hamlética, Francis com quem o actor de carne e osso estabelecia diálogo?
Passando à frente, é desse meu tempo de trintão um professor do ensino liceal com prognatismo, ”habitué” de um café frequentado por ambos, que lhe dava o aspecto de queixada asinina.
Este docente, por tudo e por nada, principalmente por nada, perorava com ar doutoral de quem debitava as maiores vulgaridades como, por exemplo, o estado do tempo com uma convicção de quem de posse de infalível certeza científica, houvera consultado o boletim meteorológico para anunciar, “urbi et orbi”, estar um bom dia não permitindo dúvidas nos ouvintes até porque isso estava à vista desarmada do cidadão que tinha saído à rua sem gabardina ou chapéu de chuva.
De igual modo, sem dar deixar lugar a duvidas, assume esse papel de forma profética António Costa ao dizer aos benfiquistas estarem eles em vésperas de dias venturosos e radiosos de sol se votarem em Luís Filipe Vieira para presidente da direcção das “águias.
Salvo o respeito, que nos deve merecer a terceira figura da hierarquia do Estado, encontro no cidadão António Costa uma simbiose entre duas personagens: uma do mundo da política e outra do desporto-rei.
Esta duplicidade de papéis faz correr o perigo das eleições do “glorioso” secundarizarem os graves problemas que o País atravessa de âmbito, da Saúde, da Economia, do Ensino, etc.
Perante este problema, apenas diviso uma solução para tanta e tamanha complexa situação que faz palpitar o coração de Costa entre dois amores, não sabendo “lui-même”, a exemplo de Marco Paulo, de qual deles gosta mais se de Portugal ou do Benfica.
Este facto, impõe das duas uma. Ou a demissão de Costa de primeiro-ministro ou a retirada do apoio a Luís Filipe Vieira para as eleições da presidência da direcção dos encarnados.
De nada lhe vale consultar a Pitonisa de Delfos ou, mais simplesmente, deitar uma moeda ao ar que seja capaz de lhe dar a solução de um dilema que envolve questões de natureza moral, ética e, neste caso, essencialmente, política. Até à sua decisão final o país fica em suspenso porque um “valor mais alto se alevanta”!
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