Meu artigo de opinião publicado em "As Beiras" de hoje:
“Se
cada tijolo não estiver no seu lugar não haverá construção”.
Antoine de Saint-Exupéry
Antoine de Saint-Exupéry
A bastonária da Ordem
dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, com um ego desmesurado que a leva a não
perder uma oportunidade de aparecer na comunicação social, nem que seja pelas
piores razões, como, por exemplo, defender que as quotizações da Ordem dos
Enfermeiros servem para pagar camionetas para deslocações de enfermeiros a manifestações de natureza sindical, ainda que sob o manto diáfano de “Marcha
Branca” .
E nesta sua
cruzada de socialite não perde um minuto
que seja para o auto-elogio. Destarte, durante a “I Convenção Internacional dos
Enfermeiros”, levada a efeito pela respectiva associação profissional, em Alfândega do Porto (10 e 11 de Maio de 2019), a seis meses, portanto, de nova eleição
para o cargo que ocupa actualmente, sobe ela ao
palanque, numa espécie de
campanha pré-eleitoral, assumindo o papel de Calimero, como o leitor deve estar
lembrado um choroso, pintaínho que diz ser
perseguido, injustamente, por meio mundo!
Ou, mudando radicalmente de “mise en scène”, optando pela táctica dos relvados
de futebol de que o ataque é a melhor defesa, brinda a plateia com este pequeno,
mas suculento naco de prosa: ”Eu estou aqui inteira, livre, como sempre estive,
para vos dizer que podem contar comigo
para mais 4 anos se for essa a vossa vontade”.
Demos tempo ao tempo!
É cedo para se saber se essa é a vontade dos enfermeiros. Mas dela é, pese
embora o “sacrifício” de natureza económica com os seus apetecíveis honorários
aumentados principescamente.
Num país de
lantejoulas, nada me devia espantar, mas espanta-me! Espanta-me, por exemplo, a
fronteira difusa com que a pessoa em causa torce a lei para justificar os seus
fins, ao arrepio do defendido por
António da Nóvoa (1987): “O exercício de uma profissão faz apelos a normas e
comportamentos éticos que orientem a prática profissional e as relações tanto
entre os próprios práticos como entre estes e os outros actores sociais”.
A atitude da
bastonária, em querer ter um sapatinho de Cinderela numa associação
profissional de direito público e o seu par nos sindicatos, levam-me a pensar
que ela “acaba por achar sagrada a desordem do seu espírito” (Jean Rimbaud).
Quer um conselho
senhora bastonária (bem sei, se os conselhos fossem sempre coisa boa ninguém os
dava, vendia-os por bom preço), arrume as suas ideias, de uma vez por todas, porque
o que está em jogo não são interesses pessoais. “Outro valor mais alto se
alevanta”: uma classe profissional com o seu valor profissional reconhecido, através
dos tempos, e, recentemente, consolidado numa cerimónia, plena de significado, realizada
no Centro Hospitalar de Coimbra, em homenagem a 204 enfermeiros com 35 ou mais
anos de serviço que o respectivo presidente do Conselho de Administração houve
como “de respeito e valorização da profissão”.
Não senhora bastonária, não há um tempo de
“apagada e vil tristeza”, antes de Ana Rita Cavaco, e outro de glória depois do
seu aparecimento fulgurante em cena, anunciado, por trombetas de
glória por si sopradas!
5 comentários:
Justissima a sua crítica professor Rui Baptista. Por vezes fico a pensar porque é que situacões desta indole acontecem muitas vezes, talvez porque a maioria das pessoas não se importam com isso... repare professor Rui Baptista, nesta última semana, na minha cidade, o PS já alterou pela terceira vez a tarja dos enormes outdoors colocados em rotundas, e se tivermos em conta que esta situacão deve repetir-se no país inteiro (haja dinheiro)... e repare que a inteligencia dos intervenientes, a atitude moral, num e noutro caso devem ser muito equivalentes, seja como for eu prefiro a sensualidade da senhora bastonária, aos dois bonitões que metem inveja á bota botilde...
Rui Baptista24 de maio de 2019 às 12:10
Se reparar na foto, a bastonária está com um dedo no ar com ar afirmativo de quem tem razão no percurso de (in)glória percorrido que lhe dá um ar mandão, como ar, bem pouco sensual. Quanto às tarjas do PS devem estar cheias do photoshop para transformarem, debalde, e bem debalde, os candidatos em sósias de Rodolfo Valentino, do tempo do cinema mudo! Com a diferença que os políticos falam de mais para, como escreveu Kruchev, prometerem pontes em sítios em que não há rios! Mas isto é pecha geral...
Na 2.ª linha tem uma gralha. Retiro "como ar"
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