segunda-feira, 13 de maio de 2019

A cultura e línguas clássicas não “morreram”, estão “escondidas”


A componente curricular de opção para o Ensino Básico designada por Introdução à Cultura e Línguas Clássicas, acolhida em 2015 pelo Ministério da Educação/Direcção Geral da Educação, vai fazendo, nas condições que o sistema permite, o seu caminho. Para isso tem contribuído o empenhamento de professores e de escolas bem como da Associação de Professores de Latim e Grego. Eis um depoimento de uma professora, publicado no último boletim da Associação.
Posso, agora, com toda a certeza, assegurar que tudo isto se me afigura uma aventura tornada realidade que:  
nasceu há cerca de quatro anos…  
se iniciou com a apresentação do projecto nacional Introdução à Cultura e Línguas Clássicas, com o apoio da Direção Geral da Educação, na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra…  
começou com o Círculo de Estudos em Cultura e Línguas Clássicas, o qual decorreu durante um ano lectivo, cujas mentoras foram as duas classicistas Isaltina Martins e Célia Mafalda Oliveira…  
se veio a desmistificar totalmente quando criei o “Clube de Latim/Grego”, mais tarde “Clube de ICLC”, nas duas EBs do Agrupamento de Escolas onde lecciono… 
Eureka! Eis que, finalmente, encontrara o caminho…
A convicção transformara-se em realidade; o interesse em acção!!!


Então, comecei a propagar a importância da cultura e línguas clássicas pelo Agrupamento, inicialmente no 3.º ciclo e, no ano seguinte, nos 2.º e 3.º ciclos, missão com que continuo na Educação para a Cidadania/Formação Cívica. 
Assim, fui demonstrando que, durante muitos séculos, os gregos e os romanos edificaram uma civilização extraordinária que sobreviveu até aos nossos dias. A imposição política romana e a reminiscência cultural grega marcaram profundamente as sociedades ocidentais, e, não obstante a aculturação anglo-saxónica do nosso tempo, as culturas clássicas mantêm as suas raízes profundas na literatura, nas artes, na filosofia, na ciência, na política, na linguística, no desporto… 
Na verdade, desde o início do ensino básico, podemos com segurança proceder a uma perfeita aliança interdisciplinar com outras disciplinas de carácter teórico e prático, como sejam as de Português, História, Geografia, Espanhol, Francês, Matemática, Educação Musical, Educação Visual, Educação Física, Artes Performativas e muito mais; demonstrar como se consegue perceber a formação de palavras a partir de étimos greco-latinos e explicar a presença de deuses e heróis greco-latinos na literatura portuguesa, sobretudo n´Os Lusíadas.  
Efectivamente, em toda a Europa, civilizada, o Latim não “morreu”, porque todo o Mundo culto sabe que o Latim e a cultura romana (que soube com mestria apropriar-se do manancial cultural grego) se disseminaram devido ao seu carácter também humanístico, que, com a Romanização, trouxeram ao mundo tudo o que de bom e de bem-estar podiam oferecer às populações do largo império que os romanos formaram.
Portanto, penso que o Latim deveria ter um carácter obrigatório nos actuais curricula nacionais, já que o conhecimento e a compreensão do mundo actual nunca serão plenos sem o conhecimento desta mesma cultura clássica.  
E é por tudo isto que urge fomentar um segundo Renascimento em Portugal…
Ganhariam as novas gerações, ganharia a cultura nacional. 
Anabela Claudina Costa
Membro da Direcção da APLG

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