segunda-feira, 16 de outubro de 2017
BASTA!
Basta! A repetição da tragédia dos fogos florestais é inadmissível. Passados meses sobre Pedrógão Grande ainda ouvimos responsáveis dizer que é preciso uma "reflexão profunda" pois ainda não a fizeram. As condições meteorológicas de seca prolongada, altas temperaturas e ventos faziam antever esta catástrofe e, mais uma vez, nem a prevenção nem a resposta foram adequadas. Agora Pedrógão Grande é em todo o lado.
Pela minha parte, não tenho qualquer confiança na Protecção Civil. Ontem em viagem de noite do Sul para Norte deparei com uma interrupção da A1 no nó da A23 com um aviso, muito mal indicado, em cima da situação. Depois, vindo pela A13, por Tomar, para Coimbra encontrei um aviso a dizer que A13-1 (Condeixa) estava cortada e não estava, apesar de os fogos se verem da auto-estrada. Vim sempre a ouvir a Antena1 e a TSF e os avisos das autoridades sobre itinerários alternativos e medidas de precaução a tomar eram simplesmente inexistentes. E o site da Protecção Civil é uma confusão.
Não se aprendeu nada com o que ocorreu em Pedrógão. Ninguém dá a cara. O responsável máximo pela Protecção Civil não a dá como nunca a tem dado, refugiando-se atrás de uma adjunta, que em vez de dar instruções de prevenção e de ajuda ao combate vai contando os mortos, com uma voz monocórdica. O secretário de Estado da Administração Interna insinua que há "mão humana" nos numerosos fogos, tentando alijar responsabilidades estatais, quando o que há é falta de mão e de cabeça humanas (além disso, manda-nos fazer de bombeiros como se isso fosse possível e adequado). A ministra da Administração Interna parece aterrorizada com isto tudo e vem falar da falta de férias dela em vez de transmitir força e coragem (faz dó!). O primeiro-ministro diz, entristado, que tudo isto vai voltar a acontecer, como se tudo fosse inevitável e como se houvesse uma espécie de "castigo divino" (que grande consolação...). O Presidente da República mais uma vez lamenta e vai afectuosamente abraçar os familiares enlutados (é o mínimo).
Alguns poderão dizer que são situações excepcionais. Talvez não sejam assim tão excepcionais, dadas as alterações climáticas e o estado de incúria da nossa floresta. Mas para situações excepcionais precisamos de pessoas excepcionais. Até quando continuará o país a arder desta forma medonha?
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9 comentários:
Há muita coisa que não bate certo, muita coisa por explicar, por apurar. Tudo arde, sem rei nem roque, num único dia, alguém incendeia o país de norte a sul, e fica a ver, e isto repete-se e repete-se. Vamos todos apagar apagar os incêndios e chorar os mortos. Para o ano há mais e pior? Esta tem sido a tendência constante. Por que razão nada temos aprendido com estas tragédias dos incêndios? E o que tem sido feito? Resolveu alguma coisa? E os neros? Não se suicidaram? Onde está o poder? O que é o poder? Quem tem o poder? O fogo?
Mais de 400 (quatrocentos) fogos num dia! Para quando percebermos que esta é a nossa guerra, e que precisamos trocar os orçamentos das Forças Armadas com o dos Bombeiros, que são de facto quem nos defende. E os incendiários serem tratados como terroristas. Então entende-se que ontem em dia de alerta vermelho tenha havido foguetório lá para Norte? - Parece q a população queria linxar o fogueteiro, mas lança muitas questões-
Não há dúvida que as matas têm de ser limpa, mas arrisco a dizer que se tem de fazer maior propaganda do destino dos incendiários pela nossa Justiça(??).
Não é aceitável que estes criminosos vejam ser publicitada a sua obra pela comunicação social a custo zero, sem haver no outro prato da balança as punições a que foram sujeitos.
Ou será que estão impunes aqueles que são identificados?
Prioridade máxima para este assunto no nosso sistema judiciário!
Ainda há pouco na tv o prof. Xavier Viegas o referiu: a maior parte dos incêndios não tem causas criminosas mas sim negligentes. Eu concordo pois ainda tenho alguma fé no ser humano, confesso. E quando digo negligência, não falo apenas do cigarro ou do foguete. Em dias como os de ontem, basta uma pequena quantidade de óleo de motor quente (pode chegar aos 100 graus dentro do motor) cair numa zona com mato/erva seca para desencadear um incêndio. Ou máquinas em manobras, com metal a colidir com pedras que facilmente criam faíscas (sabem como o homem primitivo fazia o fogo, não é?). E não quero pensar em todo o lixo, nomeadamente garrafas de vidro, com superfícies curvas, abandonadas por essas matas. Até com garrafas de plástico https://www.youtube.com/watch?v=QwQJ-3pZfwc ou latas de alumínio https://www.youtube.com/watch?v=yTdY-dOYvSA se pode começar um incêndio, havendo as condições ambientais para isso.
Portanto, em dias como o de ontem, tem que haver obrigatoriamente prevenção reforçada. E falo em bombeiros, equipas de reação rápida, estacionadas em pontos estratégicos, equipadas com reservas de água com capacidade para atacar um foco de incêndio assim que ele iniciar. E meios aéreos prontos a actuar, caso esta primeira linha de defesa não funcione. Custa dinheiro sim, é preciso ter pessoas e veículos mobilizados em permanência, mas sai mais caro não o fazer. Porque em dias como os deste fim-de-semana a pergunta não é se vai haver ou não incêndios mas sim onde é que eles vão surgir.
É de facto lamentável que da tristeza de Pedrógão Grande nada de positivo e palpável tenha resultado. E quem teve que viajar ou que acompanhou os relatos de quem o fez, sentiu exactamente o que foi descrito pelo Prof. Fiolhais. FALTOU informação e também controlo das estradas e das acessibilidades.
Faltou limpeza das matas? Sim certamente, mas se o próprio Estado não a faz, como pode exigi-la a populações envelhecidas e sem dinheiro até para comprar medicamentos?
Como podemos ter um Estado que nem ao menos sente a Obrigação de pedir desculpa porque Falhou e falhou muito quando deveria set o último garante da população?
Como ponto de partida concordo com o 1º ministro, quando diz que a situação não se resolve substituindo ministros. Também não sou ingénuo ignorando que os pedidos que os partidos da oposição fazem têm, como objectivo final, atacar o governo. Contudo, no caso da teimosia do 1º ministro em não substituir a ministra da Administração Interna o caso é diferente. A senhora está diminuida psicologicamente desde o trágico acidente de há quatro meses e não tem capacidade de reagir. Se ela tivesse sido substituída há quatro meses quem a tivesse vindo substituir talvez tivesse conseguido que a situação não se voltasse a repetir este domingo. Foi visível a falta de coordenação em Pedrogão Grande é não era preciso esperar pelo relatório da Comissão Técnica Independente para se proceder a algumas alterações mais urgentes. Assim, fica-se sem saber se a ministra tivesse sido substituída estas mortes não poderiam ter sido evitadas. "Não lembra ao careca" (para usar uma expressão do Presidente da República) reduzir os meios no terreno para metade com as temperaturas elevadíssimas que têm existido.
Jorge Loureiro
Três comentários:
1- Como grande admirador do António Costa devo confessar que os últimos comentários que proferiu revelam uma grande insensibilidade. A verdade de que tudo se vai provavelmente repetir não deve ser dita de novo no auge da catástrofe.
2- Numa sociedade Portuguesa que, como um todo, se alinha pelos desígnios do império europeu (EU), sonhando com o fazer tudo igual aos países ricos do centro do império (na defesa, no social, na agricultura, nas industrias, na educação, na investigação, etc.), o facto de os incêndios do nosso país resultarem de problemas de cariz específico associado ao abandono do interior, à ubiquidade da mata privada e à floresta de eucalipto, revela a nossa verdadeira natureza de colonia cultural. Vemos o desnorte e espanto pelo facto de que o seguimento das normas europeias não resolve o problema.
3- Uma pergunta. No auge da segunda grande guerra quando Londres era dizimada por bombardeamentos, o governo inglês pensou em mobilizar a população através de subsídios, incentivos fiscais e programas privados ou deu todo o incentivo aos militares e aos serviços secretos para desenvolverem programas como o do radar?
Não está na altura de colocar os militares, bombeiros e universidades a fazer um R&D aberto sobre formas inovadoras de combater incêndios ou vamos esperar que elas venham mais uma vez da transposição de normas e programas europeus?
Obrigado pela criação deste blog. O Estado não irá fazer nada se não for forçado a isso pela opinião pública. Afirmo isto porque é tradição histórica no nosso país. Portugal era o país mais rico do mundo durante o período do Renascimento e no entanto compare-se a sua produção cultural com a dos principais países europeus (para não falar apenas em Itália). Testemunhos de visitantes estrangeiros à Lisboa quinhentista revelam uma sociedade exibicionista de fausto e luxúria (e de cultura duvidosa). Os nossos políticos foram sempre assim; não é de esperar que sejam melhores depois de 40 anos de treino a corromper a liberdade e a democracia. A acção tem de partir da opinião pública forçando o governo a tomar medidas visíveis.
O trabalho de prevenção é necessário 365 dias por ano. Desmatação, prevenção de riscos, delineamento de áreas de risco, definição de cenários e de estratégias de combate aos vários cenários, equipagem moderna das equipas de combate e de prevenção, formação avançada dos responsáveis pelas coordenações, etc. Tudo isto tem de ser apresentado de forma inequivoca e visível a todos. Os comentários que ouvimos dos políticos já não são aceitáveis.
Faço notar que médicos são acusados e sujeitos à acção da justiça por casos de negligência menos graves. No meu entender, a prevenção de calamidades desta magnitude são uma responsabilidade do Estado, e tal como se faz com os médicos há que os chamar à responsabilidade. Depende de nós exigir justiça. Que aconteça uma vez é uma calamidade. Uma segunda vez é negligência pura. Se acontecer uma terceira, o Governo terá de assumir as suas responsabilidades como criminoso.
Que tal proibir os fumadores ao volante?
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