Quando um político português disse que, caso tivesse de fugir da guerra, levaria na (famosa) mochila a chave da sua casa, lembrei-me da subtileza de Amin Maalouf.
“Vais perguntar-me - continuou Khali - porque é que disse às pessoas que ali estavam o contrário da verdade. Sabes, Hassan, todos aqueles homens ainda têm pendurada na parede a chave da sua casa em Granada. Todos os dias a olham e ao olhá-la suspiram e rezam. Todos os dias vêm à sua memória alegrias, hábitos, sobretudo um orgulho que não encontrarão no exílio. A sua única razão de viver é o pensamento de que em breve (…) voltarão a encontrar as suas casas, a cor das suas pedras, os odores dos seus jardins, a água das suas fontes intactos, inalterados, como nos seus pensamentos (…). Talvez seja necessário que alguém lhe diga a verdade um dia. Eu não tenho coragem.”
Amin Maalouf, Leão, O Africano, p. 152-153.
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