Nascido em 1985 na cidade da Horta, nos Açores, Jácome Armas é um físico actualmente pós doc na Universidade de Bruxelas, que trabalha na relação
entre propriedades de buracos negros e as de alguns sólidos elásticos e fluidos
viscosos. Antes foi pós-doc na Universidade
de Berna (a cidade onde viveu Einstein), após o doutoramento em Física Teórica
na Universidade de Copenhaga, no famoso Instituto Niels Bohr sobre
electroelasticidade a partir da gravidade. Antes ainda tinha feito o
curso de Engenharia Física na Universidade de Aveiro e um mestrado na
Universidade de Cambridge.
Portanto, um percurso brilhante de um dos jovens cientistas portugueses
(já conta com vários artigos em revistas
de impacto). Tem-se distinguido na comunicação de ciência (recebeu, por exemplo, o prémio Genius de
comunicação de ciência, atribuído pela associação dinamarquesa de jornalistas de
ciência), e fundou o Science and Cocktails, uma conjunto de conferências públicas
onde a ciência surge misturadas com arte
e... cocktails. Prepara um livro sobre entrevistas com especialistas em
gravidade quântica, um dos temas de fronteira da física contemporânea.
Mas Armas é também um artista. É o autor de várias
instalações e de desenho de som. E é músico no grupo açoriano “O Experimentar Na M’incomoda”.
Como se fosse pouco, é autor de “Conjunto Homem” (Companhia das Ilhas, 2014) um
livrinho de escrita literária de inspiração filosófica sobre
temas de ciência (estruturado como um tema científico, com Lemas e Exemplos)
que ganhou o 2.º prémio no concurso açoriano Labjovem 2009 e que esteve patente
na feira do Livro de Frankfurt. A obra
trata o confronto entre o racionalismo e o newage e é apenas o primeiro volume
de uma trilogia. A Companhia das Ilhas é uma editora açoriana que tem publicado,
na ficção, autores como António Cabrita e Valério Romão, na poesia, Luís Carlos
Patraquim e Nuno Costa Santos, e, no teatro, Jaime Rocha e Tiago Rodrigues (não
o ministro, obviamente, mas o director do Teatro Nacional).
Para dar o sabor da escrita de Armas, deixo o início deste
seu livro. Só foram editados 100
exemplares e eu tenho um!
“Da Natureza para o Homem
Caro Homem, disse a Natureza, sabias que o teu maior erro
foi teres inventado o espelho?
(E o Homem sentiu-se estúpido, não sabia.)
(E o Homem sentiu-se estúpido, não sabia.)
Mas não, disse a Natureza.
Então a Natureza disse: o teu maior erro foi teres coberto o
Mundo com espelhos Agora, sem te aperceberes, sempre que olhas pela janela e
tentas pintar o que vês, acabas por pintar-te a ti próprio. No fim ainda
levantas o quadro e dizes: O Mundo.
(O Homem ouviu,
calou-se e saiu convencido de que ia provar à Natureza que era capaz de ver o
Mundo e todas as suas cores.
(Até hoje o Homem falhou).”
Sem comentários:
Enviar um comentário