domingo, 17 de abril de 2016

HAIKUS DE DAVID RODRIGUES SOBRE DIREITOS HUMANOS


David Rodrigues é um professor  universitário, doutorado na Universidade Técnica de Lisboa com uma tese sobre crianças com  paralisia cerebral,  autor ou editor de numerosos livros sobre educação, Presdiente da  Pró Inclusão – Associação nacional de Docdentes de Educação especial, e colunista do Público sobre temas educativos (em particular, os temas da inclusão na escola). Mas, comos e isso fosse pouco, é também um pianista de jazz antigo e um poeta. Autor de nove livros de poesia, priveligia o haiku, a forma tradicional japonesa de três versos que de iníio tinha 5-7-5 sílabas, com rima entre o primeiro e o terceuiro verso e uma rima interna no segundo verso, mas que no ocidente se tornou uma forma mais livre. O tema tradicional do haiku é o encontro breve do homem e da natureza, que provoca uma emoção intensa que o poema procura transmitir. Normalmente há um contraste, que nos leva a pensar. A ideia do haiku é transmitir o máximo  de modo mínimo.

O seu livrinho de haikus bilingue (português e inglês) “Plural & Singular” (edição de autor, Lisboa, 2015) contém 24 poemas desse género sobre o tema dos direitos humanos. Eis meia dúzia de exemplos, da minha escolha, que ilustram a sensibilidade poética do autor, membro da  World Haiku Association (Japão) e  orientador de workshops sobre haikus:

Linhas no mapa
Separam a fome da comida.
só linhas.

Centenas de pessoas
Salvam uma baleia.
À deriva, os migrantes.

Não há
Pássaros
Estrangeiros.

Numa praia da Síria
Um homem olha um búzio
Com a casa  às costas.

As árvores
Ensinam a escola:
Estações, flores e frutos.

Ouvir o outro
como se ouve um regato:
Para adivinhar a água.


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