PRELÚDIO DO LIVRO INFANTO-JUVENIL DE HUHERT REEVES E YVES LANCELOT QUE ACABA DE SAIR NA GRADIVA:
Abarcar o mar em toda a sua dimensão
Dois não éramos demais para contar o que é o mar! Nem mesmo os nossos netos imaginavam, ao olhá‑lo na nossa companhia, que as suas perguntas iriam levar‑nos tão longe, no tempo e no espaço. Como toda a gente (ou quase), gostam do mar pelos prazeres que proporciona aos sentidos, às sensações, ao imaginário. E já não é pouco, esta capacidade de fazer sonhar. Mas trata‑se de uma atração por um pedaço do mundo que, fundamentalmente, é estranho à vida humana. Gostamos que o mar exista, mas, ao fim ao cabo, poderíamos passar sem ele...
Ora, desde há uns 50 anos apenas, a ciência fez descobertas extraordinárias que fazem do mar um tema central para o futuro terrestre. Aquilo que sabemos hoje do mar, das suas origens, da sua formação, da sua natureza física, dos seus movimentos, do seu papel nas alterações climáticas, obriga‑nos a olhá‑lo de outra maneira: não como um entre outros elementos presentes na superfície da Terra, mas como o coração de um sistema global de que depende o equilíbrio do planeta. Para nós, o mar é indispensável. Para lhe conferir toda a sua dimensão, congregámos os nossos conhecimentos e os nossos olhares. Era preciso um astrofísico (Hubert Reeves) para falar sobre o seu lugar no Universo e explicar o que ele nos ensina sobre o Sistema Solar. Era preciso um oceanógrafo (Yves Lancelot) para o observar a partir da Terra, mergulhando nas suas profundidades extremas. É assim que respondemos a uma só voz às perguntas dos nossos netos. Tal como os jovens da sua geração, eles vão herdar um planeta no estado precário em que vamos deixá‑lo. Mais do que nós com a mesma idade, são já sensíveis à sua fragilidade e sabem que terão de olhar por ele. Também quisemos ajudá‑los a compreender, por sua vez, os mistérios da vida, a despertar a sua curiosidade para lhes dar vontade de saber, de procurar, de descobrir, e a preservar toda a sua capacidade de deslumbramento.
Nós, avôs sábios, conservámo‑la intacta e gostamos tanto de a ver brilhar nos olhos dos nossos netos...
Hubert Reeves, Yves Lancelot
1 comentário:
"O Governo vai cativar 57 milhões de euros às universidades e institutos politécnicos, uma verba que não poderá ser usada a não ser com a autorização específica do Ministério das Finanças."
O silêncio no blog a respeito deste assunto é ensurdecedor...
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