Notícia o Expresso que oito instituições de ensino superior apresentaram 16 pedidos de acreditação de licenciaturas em medicinas alternativas na Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES). Esta possibilidade foi aberta por legislação publicada recentemente, e que é mais um passo numa escalada legislativa que tem vindo a validar as terapias alternativas, apesar da sua falta de fundamento científica. Transcrevo o excerto do artigo do Expresso desta semana, que contém as minha declarações, a esse propósito:
David Marçal, bioquímico, divulgador científico e autor do livro “Pseudociência”, tem uma opinião radicalmente diferente: “Não faz sentido induzir as pessoas em erro. Não faz sentido criar licenciaturas em coisas que não têm fundamentação científica. Dizer que estas práticas funcionam até porque são dadas num curso superior é dar-lhes uma credibilidade artificial. Também devemos dar cursos superiores de astrologia? De curandeiros? Não são mais do que licenciaturas em banha da cobra.”
Muito crítico deste processo, David Marçal dá o exemplo dos ensaios e provas de eficácia e segurança que são exigidas aos medicamentos tradicionais antes de entrarem no mercado. “Se testassem qualquer remédio homeopático provavelmente nenhum passaria nos testes que são exigidos aos outros. Não tenho nada contra quem pratica. Mas não lhe atribuam validade científica.”
4 comentários:
Franz Anton Mesmer foi recusado, insultado e vilipendiado pela comunidade científica da sua época. O Abade Faria foi apelidado de maníaco e de bruxo.
Isto a propósito da foto da imagem sobre acupuntura.
Interessante que mencione Mesmer, que inventou um misterioso "fluido magnetico" que permeia tecidos vivos para vender tratamentos aos ricos. A investigacao das suas alegacoes por um painel cientifico foi dos primeiros casos de revisao por pares. Infelizmente na altura nao foi reconhecido que as historias de cura dos pacientes de Mesmer se deviam ao efeito placebo, que e muito mais interessante que mesmerismos ou numeros de hipnotismo.
E? Nenhum desses dois fizeram trabalhos cujos resultados fossem reproduzidos por outros. Logo, há algo que escondem que altera os resultados (placebos, provavelmente).
Em que é que isso beneficia o lugar das medicinas alternativas? A acupuntura, tal como tantas outras medicinas alternativas, quando sujeita a testes rigorosos, revela resultados que não permitem concluir que seja benéfica. Logo, não pode nem deve passar por medicina. E isto aplica-se a quaisquer outras "alternativas" nas mesmas condições (homeopatia, por exemplo).
Estão a referir-se à licenciatura do Relvas e do Sócrates?
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