Procurei mais informação acerca do tal homem e apareceu-me outro, de quem este parece seguir as pisadas: um tal Mark Boyle, com formação em economia e ex-empresário que, qual pecador arrependido, em vez de entrar num mosteiro, "fundou o movimento mundial de Freeconomy". Isto para mostrar que aquilo que é realmente importante na vida distancia-se do vil metal.
Tornou-se escritor e activista, colabora em jornais e revistas de nomeada, tem um blogue e um website, aparece numa entrada da wikipédia, etc. Fundou uma comunidade, a "Freeconomy Community" com milhares de seguidores...
Para solidificar tudo isto, publicou um manifesto rematado com uma forte imagem (ao lado), escreveu um livro, e outro e mais outro... Para a nossa língua está traduzido pelo menos "Um homem sem dinheiro".
Não, não... estes livros não são gratuitos, custam dinheiro... É que mesmo o "homem sem dinheiro" sabe que a moda de contar a "sua própria experiência de vida" tornou-se num bom negócio...
Quando, no mundo ocidental, a maioria das pessoas é arrastada para um estado de pobreza, quando se exterminam os sistemas públicos de saúde, de educação, de justiça a que poderia aceder, estes arrebatados entusiasmos pelo "pé descalço", como o último e incontornável reduto de alegria etérea, ainda que inocentes (admitamos que o seja) podem tornar-se legitimadores das piores medidas políticas (ou de outra natureza...). E, nessa medida, os seus mentores deviam procurar moderação, e confrontar-se com alguma crítica social.
4 comentários:
São os que prescindem de dinheiro quando (e porque) nada de fundamental lhes falta. E assim mesmo fazem negócio para angariar algum.
Fossem eles pobres de Portugal e veriam...
Sem duvida :
E, nessa medida, os seus mentores deviam procurar moderação, e confrontar-se com alguma crítica social.
A mim isso não me faz confusão nenhuma. Se querem viver assim que vivam. A que já não sou indiferente é por vezes a forma acrítica e demagógica como apresentam tais notícias, Ao fim e ao cabo isso vende audiências. Não há outra hipótese, gasta quem quer.
Claro que nada disto é inocente. Até porque essa «vida feliz sem dinheiro» depende SEMPRE da existência de outras pessoas, muitas outras pessoas, infelizes e com algum dinheiro... Além disso, viver sem dinheiro por opção (e acabar por ganhar uma pipa de massa com isso) é muito diferente de ser roubado descaradamente que é o que nos está a acontecer!
Enviar um comentário