domingo, 13 de janeiro de 2013

Do que os nossos alunos são capazes... 1

Um dos princípios pedagógicos que, no último meio século, mais tem sido contestado na praça pública, acabando essa contestação por marcar a tendência das reformas educativas, pode ser formulado da seguinte maneira: no quadro da educação formal, a aprendizagem requer o ensino.

Ou seja, actividade do professor, orientada num determinado sentido e devidamente formalizada, leva todos os alunos, ou a sua grande maioria, a adquirem conhecimentos e a desenvolverem capacidades que não adquiririam nem desenvolveriam por si mesmos, no convívio com a família ou noutras instituições sociais, com a extensão e profundidade que a escola permite.

Eis um exemplo, patente no seguinte início de diálogo, imaginado entre os filósofos Kant e Mill num cenário... improvável:
Kant: Imaginemos um grupo terrorista que tem 200 pessoas reféns num avião e ameaça destrui-lo com uma bomba. Os terroristas dizem que apenas libertam os reféns se entregarmos um homem que eles querem matar. Essa pessoa é integra e nunca cometeu nenhum crime, eles apenas a querem ver morta para vingar a morte de um colega. Será correto sacrificar a vida dessa pessoa para salvar a vida das duzentas?
Mill: Na minha opinião, seria admissível matar uma pessoa para salvar muitas. Afinal, do ponto de vista moral, para decidir bem são os efeitos produzidos pela ação o mais importante. Portanto, devemos escolher aquilo que traz benefícios para o maior número.
Os autores são dois estudantes do 11.º ano, Alexandre Mendes e Emanuel Noivo. A professora é Sara Raposo. Isto acontece, claro está, na Filosofia.
A continuação deste diálogo encontra-se aqui.
Aqui encontra-se um texto do mesmo teor deste.

2 comentários:

Cláudia da Silva Tomazi disse...

Bem, é bom. Deixo-lhe esta.

José Batista disse...

Fui ler e gostei muito.
Parabéns aos alunos e à sua professora.

Fazendo votos para que não apareçesse nenhum "auto-qualificado", antigo mau aluno e actual mau cidadão, de dedo esticado a apoucar discentes e mestra.

O corpo e a mente

 Por A. Galopim de Carvalho   Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...