terça-feira, 19 de junho de 2012

A MINHA RESPOSTA AO "ANÓNIMO INVETERADO"

“O português gosta de ver um bravo, ou mesmo um louco, ao parapeito” (Vitorino Nemésio, 1901-1978).

Em resposta ao “Anónimo Inveterado”, cujos textos se encontram (e poderão ser lidos) no post de Guilherme Valente, “Exames a sério - finalmente uma auditoria ao ‘eduquês’” (14/06/2012), entendi dever dar-lhe a devida e destacada projecção pública de desagravo pela reclamação que me foi apresentada pelo seu autor que transcrevo (comentário, dividido em duas partes: 18 Junho, 20:37 e 19 Junho, 07:58): “Ontem deixei uma resposta a este seu comentário. Depois disso já foram publicados mais 10 comentários de outras pessoas e o meu não. Espero que tenha havido umproblema técnico e ele se tenha perdido (…)”. Referia-se o seu autor a um comentário da minha autoria, e a si dirigido, publicado no supracitado post (18 de Junho 00:51).

Começo por pedir desculpa ao(s) leitor(es), porventura interessado(s)nesta querela de o(s) ter de enviar de Heródes para Pilatos para se situar(em) no meu texto resposta. Depois, redimo-me, se for caso disso, pela “resposta violenta” que o “Anónimo Inveterado” (com a vantagem por seu lado de um sempre cómodo anonimato) atribui ao meu comentário ao seu comentário dirigido ao Professor Ascenção, e de permeio, aproveitando a ocasião, para uma chamada da minha pessoa ao “palco” da leitura pública, escrevendo ser eu o “principal editor do blogue”. Ora, como escreveu Marcel Proust, ”a vida é um pouco mais complexa do que se diz, e também as circunstâncias. Há uma necessidade premente de compreender essa complexidade”. Assim, a chispa que ateou esta fogueira, julgo eu (ingenuidade minha?) apaga-se, se houver vontade de ambas as partes, com um simples copo de água.

Acredito não ter sido essa a sua intenção (dir-me-á se sim ou não), mas uma leitura de quem, numa pitoresca expressividade popular, “não tem sangue de barata”, da classificação de “principal editor” podia levar (pelo menos a mim levou-me) a pensar que pretendia atribuir-me uma "honra" que eu não podia, nem devia aceitar. E explico-lhe, novamente, porquê: devido ao naipe de elevada craveira académica e cultural dos outros co-autores do blogue De Rerum Natura. E, logo me ocorreu à memória algo que li em tempos: “Hoje pavão, amanhã espanador”. Melhor explicado, aceitar o apodo (se tivesse sido essa a intenção) de “principal editor” podia levar o leitor mais ou menos descuidado, mais ou menos atento, a deduzir que eu aceitava, de bom grado, ser pavão. Não quero ser hoje pavão. E amanhã espanador, muito menos. Sinto-me confortável na minha posição bípede devida a uma longa luta de milhões de anos para vencer a gravidade, a penoso cargo de antepassados meus/nossos.

Insisto, não foi minha intenção, embora de cabeça quente (e muito menos o é agora de cabeça fria) ofender a sua dignidade: quanto muito utilizei aspereza em certas palavras do meu vocabulário. Mas vai-me desculpar que transcreva o último parágrafo do seu comentário: “No melhor espírito gregário, o senhor respondeu à chamada em sua defesa [do Professor Ascenção]: os amigos apoiam-se em todas as situações, com ou sem razão, os ‘inimigos’ atacam-se em todas as situações, com ou sem razão”.

Ou seja, de uma só cajadada quis matar três coelhos (sem se contentar com apenas dois). Deu a entender que eu vim em auxílio do Professor Ascenção, o que, convenhamos, é pouco lisonjeiro para ele, se estivesse estado minimamente atento (1) à maneira com ele se “desenrasca”, perdoe-se-me o plebeísmo, nos seus polémicos comentários/respostas; (2) Por outro lado, colocou-me na posição ingrata de estar ao serviço de terceiros; ( 3) Finalmente, servindo-me de palavras suas, "sem que nada o autorize a isso", que o considerei como “inimigo”: discordar de uma pessoa pode ser, quando muito, uma forma agonística (quem escreve, luta) de terçar armas, neste caso específico, com o teclado do computador.

Por último, posso asseverar-lhe que todos os meus textos neste blogue, sejam posts ou comentários, mesmo quando eu era apenas colaborador externo, foram subscritos com o meu nome: Rui Baptista.

Sans rancune, apresento-lhe os meus cumprimentos pedindo-lhe que não deixe de fazer comentários aos meus textos como forma de eu poder esclarecer eventuais dúvidas que eles lhe possam suscitar.

Rui Baptista

6 comentários:

Unknown disse...

Caro senhor Rui Baptista:
Se a matéria e a polémica em causa não mereciam o destaque e a visibilidade que lhes deu, muito menos eu merecia esse destaque.
Sou simples e tímido demais para estar debaixo dos holofotes, o que explicará o anonimato.
Outros optam por usar um nome aparentemente normal mas que não corresponde ao seu verdadeiro.
Ambas as opções são aceitáveis, pois o mais importante é o que se diz e como se diz: se há respeito pelos outros (independentemente das polémicas), a linguagem que se usa e a substância dos argumentos.
Por mim, assunto completamente arrumado e sem qualquer ressentimento.



em causa,

Cláudia S. Tomazi disse...

Simplicidade e timidez equivale donde o respeito... nem a história a valha para dois cotiledones.

Rui Baptista disse...

Prezado "Anónimo Inveterado": Como diriam os franceses, "tout est bien que finit bien". Obrigado pela sua resposta. Cumprimentos calorosos. Rui Baptista.

Rui Baptista disse...

Mas não tão bem como eu desejava, por ter pousado uma gralha atrevida no ramo do meu comentário. Assim, a penúltima palavra da 1.ª linha do meu comentário, deverá ser substituída a palavra "que" por "qui". As minhas desculpas.

Joaquim Manuel Ildefonso Dias disse...

Professor Rui Baptista;

O senhor pode não ser o principal editor do blog, mas para mim, e creio que também para muitos, são os seus posts e os seus comentários que mais entusiasmam, são eles que dão muita "alma" ao blog;

Eu dou sempre a prioridade à leitura dos seus posts e comentários;

Ao leitor “Anónimo Inveterado” espero que não deixe de fazer comentários aos textos e na forma que melhor entender.

Kynismós! disse...

Reflexo da falta de honestidade intelectual...

O QUE É FEITO DA CARTA DAS NAÇÕES UNIDAS?

Passaram mil dias - mil dias! - sobre o início de uma das maiores guerras que conferem ao presente esta tonalidade sinistra de que é impossí...