Para preparar esta reportagem do Jornal de Notícias, o jornalista Sérgio Almeida fez-me algumas perguntas, a que respondi assim:
1. Em que sentido os leitores digitais de livros vieram modificar os seus hábitos de leitura?
Passei a ler mais, porque posso comprar ou puxar gratuitamente da Internet livros que de outro modo não compraria. Li alguns clássicos da literatura norte-americana que provavelmente não teria lido se não tivesse comprado o BeBook. E libertei-me do computador para ler artigos académicos, pois posso transferi-los para o BeBook e lê-los na cama, em viagem, no restaurante, no jardim.
2. Quais as principais vantagens e desvantagens que, em seu entender, os actuais modelos apresentam?
A desvantagem óbvia é o ecrã ser demasiado pequeno, pois imita a dimensão reduzida dos trade paperbacks norte-americanos. Espero que surjam leitores com o dobro da dimensão, o que permitirá uma leitura mais confortável de PDFs de livros académicos. As vantagens são a portabilidade, facilidade de leitura, duração da bateria.
3. Há pelo menos uma década que se fala na consolidação dos dispositivos de leitura electrónica, mas a sua circulação ainda é, pelo meno no nosso país, muito restrita. Que factores encontra para estas resistências?
Em Portugal não sei como as coisas são; o próprio mercado editorial é muito limitado porque o país é ridiculamente pequeno e ainda por cima a esmagadora maioria das pessoas nunca lê um só livro em toda a sua vida de adulto. Internacionalmente, só em 2008 os leitores electrónicos de livros se afirmaram. Presumo que demore algum tempo a tornar-se comum em Portugal, mas é natural que acabe por acontecer — nomeadamente porque, do ponto de vista editorial, não é difícil editar e comercializar livros em formato MOBI, vendendo-os na Internet.
4. Os modelos mais recentes já apresentam desempenhos muito positivos ou a evolução ainda é demasiado amplas para que consideremos satisfatórios os actuais aparelhos?
Só conheço por contacto directo o BeBook, que é em qualquer caso muito análogo aos modelos da Philips, da Sony e da Amazon. Apesar de a dimensão do ecrã ainda ter claramente de ser repensada, o BeBook permite horas e horas de leitura confortável e armazena milhares de livros. Parece-me um aparelho perfeitamente satisfatório e um investimento muitíssimo mais atinado do que um telemóvel sofisticado.
5. O monopólio da edição em papel tem tendência a perder-se?
Não existe já monopólio da edição em papel, pois há pelo menos uma década que há livros electrónicos na Internet, tanto gratuitos como comerciais. O problema até agora era que ficar horas sentado numa cadeira a ler livros num ecrã de computador era o cúmulo da chatice. Daí que tais livros nunca tivessem tido grande procura. Mas agora temos finalmente maneira de poder usar esses livros electrónicos, lendo-os com o mesmo conforto (e mais portabilidade: imagine-se o que seria viajar com 200 livros em papel!) com que lemos os livros em papel. Continuará provavelmente a haver livros em papel, durante décadas, nomeadamente livros ilustrados coloridos, dado que a tecnologia do papel electrónico é exclusivamente a preto e branco, por enquanto.
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3 comentários:
Há anos que espero e desespero por um leitor de e-books que seja acessível(<250€) e que funcione bem com pdf's mas acho que ainda vamos ter que esperar mais um ano ou dois por ele...
Uma outra forma de livro electrónico que não é referida na reportagem é o audio-livro. Recentemente tornei-me um ávido consumidor de audio-livros comprados através da audible.com ou descarregados gratuitamente no librivox.org.
É uma boa forma de aproveitar o tempo que passamos a conduzir ou a fazer outras tarefas que nos impedem de segurar um livro nas mãos.
Será que em Portugal temos mercado para uma editora/distribuidora de audio-livros? Talvez assim até conseguíssemos mais leitores, quem sabe...
Um portátil pequeno, mesmo dos baratos, serve para o efeito.
Claro, sobretudo para ler na rua, à luz do Sol. E para andar em viagem duas semanas sem o ligar à electricidade e sem o desligar.
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