sábado, 14 de junho de 2008

Charlatanices e pseudo-ciências: o aviso de Sagan

A ignorância afirma ou nega veementemente, a ciência duvida (Voltaire)

«Há cerca de 2000 anos, emergiu uma civilização científica esplêndida na nossa história, e a sua base era em Alexandria. Apesar das grandes hipóteses de florescer, ela decaiu. A sua última cientista foi uma mulher, considerada pagã. O seu nome era Hipátia. Com uma sociedade conservadora a respeito do trabalho da mulher e do seu papel, com o aumento progressivo do poder da Igreja, formadora de opiniões e conservadora quanto à ciência, e devido ao facto de Alexandria estar sob domínio romano, após o assassinato de Hipácia, em 415, essa biblioteca foi destruída. Milhares dos preciosos documentos dessa biblioteca foram em grande parte queimados e perdidos para sempre, e com ela todo o progresso científico e filosófico da época».

Neste excerto do último episódio da série «Cosmos», Sagan adverte-nos para as consequências da espiral de que falei no último post. Sagan escreveu no seu manifesto contra as pseudociências, «O Mundo Infestado de Demónios: a ciência vista como uma vela na escuridão», «as consequências do analfabetismo científico são muito mais perigosas na nossa época do que em qualquer outro período anterior, devido aos perigos potenciais dos avanços tecnológicos na vida quotidiana, quando mal utilizados».

No capítulo 19, Não Existem Perguntas Imbecis, Sagan transcreve um artigo que publicou na revista Parade, em meados da década de 90, baseado numa análise das competências científicas dos alunos norte-americanos. Depois de analisar os resultados e as razões subjacentes à fraca prestação dos alunos do seu país, Sagan termina o capítulo explicando por que considera importantes os investimentos continuados em ciência e em educação de ciência. E estes motivos são tão diversos como uma escolha mais fundamentada dos candidatos nas próximas eleições ou aceitar esta e não aquela solução para proteger o planeta:

«A maioria das crianças norte-americanas não é estúpida. Parte da razão de não estudarem muito é que recebem poucos benefícios tangíveis quando o fazem. Hoje em dia, a competência (isto é, conhecer realmente o assunto) em capacidades verbais, matemática, ciência e história não aumenta o salário dos jovens nos primeiros oito anos depois da escola secundária - e muitos não se empregam na indústria, mas no sector de serviços.

A ciência, na minha opinião, é uma ferramenta absolutamente essencial para qualquer sociedade que tenha a esperança de sobreviver bem no próximo século com os seus valores fundamentais intactos - não apenas como é praticada pelos seus profissionais, mas a ciência compreendida e adoptada por toda a comunidade humana. E se os cientistas não realizarem essa tarefa, quem o fará?»

24 comentários:

Anónimo disse...

Gostei do seu texto. Gostava porém de lhe por uma questão: e se a ciência, ela própria, não se validar constantemente, ou seja não questionar o pensamento e o método ao ponto de cristalizar em conceitos e postulados que embora errados constituam axiomas úteis é sua prossecução? Dou-lhe um exemplo. A sida existe? Quem se atreveu a dizer o contrário tem sido trucidado e, no entanto, a doença, viral, nem sequer se encaixa no postulado de koch, onde se encaixam todas as doenças virais. Trinta anos depois da descoberta de algo, ainda não se sabe porque uns são infectados e outros não, não se chegou a qualquer cura eficaz. E no entanto para quase todas as outras doenças mais graves e mais contagiosas já há métodos de tratamento mais fiáveis. E se a ciência se enganou ou se enganou de propósito? Como ficaremos?

Tiago Moreira Ramalho disse...

Excelente artigo de Parlmira da Silva, excelente vídeo de Carl Sagan. Acho que depois do Waked Life vou também meter alguns exertos da série cosmos no meu blogue. Parabéns.

alf disse...

Parece-me que o Voltaire pôs o "dedo na ferida"

"A ignorância afirma ou nega veementemente, a ciência duvida (Voltaire)"

é por isso que algumas pessoas olham de soslaio para a ciência actual. A Ciência actual não tem dúvidas. É só certezas. Prova infalível de Ignorância.

Basta ver o aquecimento global. E assusta ver como a Ciência impede toda a contestação às suas "certezas".

Talvez fosse realmente bom que a ciência começasse a questionar-se um pouco mais.

Na disto contraria o que diz o post, que está certo, pretendo apenas chamar a atenção de que a ciência talvez não seja ainda aquilo que desejariamos.

CPRT disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
CPRT disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
CPRT disse...

Caro Miguel Esteves,

Muitas das suas ligações, a partir da segunda metade do seu texto, não estão a funcionar.

Porque é que o CO2 tem mais impacto do que o H2O. O que escreveu sobre isto deixa dúvidas? Pode enviar as ligações para os respectivos dados?

De Rerum Natura disse...

O comentário do Miguel Esteves foi apagado sem querer. A repetição:

Infelizmente, e depois de mais um excelente post da Palmira, a ignorância (e já agora a arrogância) sempre acabam por cair na caixa de comentários.

A ciência hoje em dia é só certezas? Quem afirma semelhante disparate só pode estar certamente convicto da sua ignorância.
O aquecimento global? Alterações climáticas? Ninguém no seu perfeito juízo, e que saiba algo de fisica do clima se lembra de negar o fundamental da literatura ciêntifica publicada que versa a (mui) vasta temática das alterações climáticas.
Em muito poucas palavras, esse fundamental reduz-se a:
injecção massiva de gases de efeito de estufa (CO2, CH4 os mais importantes, descontando o vapor de H2O, cujo tempo de residência na atmosfera é tão curto que, grosso modo, não conta para a questão das alterações climáticas e do aquecimento global do planeta) na atmosfera num curtissimo espaço de tempo (à escala geológica) leva a prazo a um aumento da temperatura média da superficie do planeta.
Em mais algumas palavras:
o planeta recebe o grosso da energia do sol (a qual faz mover o sistema termodinâmico que é o clima) na gama do visivel (a razão de ser na gama do visivel deriva da temperatura efectiva do sol, ~5780K, vide lei do deslocamento de Wien) e emite na gama dos IV dada a temperatura efectiva da terra ser muito inferior à do sol (~255K).
Os chamados gases de efeito de estufa são opacos na gama dos IV e como tal, é graças à presença destes na nossa atmosfera que a temperatura média do planeta se situa nuns muito mais confortaveis 288K.
Assim sendo, o aumento da concentração destes gases na atmosfera leva a que uma maior quantidade de energia seja retida por essa mesma atmosfera e logo a um aumento da temperatura média do planeta.
Para ainda mais palavras acerca do balanço energético da terra uma sugestão aqui.

No entanto, nada deste conhecimento é novo, já no sec.XIX, Svante Arrhenius (um fisico virado quimico) avançava com a hipotese de aquecimento global do planeta.
Resumindo, para quem quiser saber mais acerca da história do aquecimento global, nada melhor que o excelente trabalho de Spencer Weart do instituto americano de física, AIP.

Quanto à negação do aquecimento global e das alterações climáticas (aqui já entramos no dominio da politica e a coisa pia mais fino, mas não deixa de ser igualmente fascinante) nada melhor que o revelador (pdf) trabalho da historiadora de ciência Naomi Oreskes, em particular o seu fascinante e muito bem documentado seminário (video) no Scripps Institution of Oceanography.

E no que toca ao Carl Sagan dizer que era um pseudo cientista é tão ridiculo (e arrogante) que (quase) nem merece resposta!!!
De facto, alguém que esteve activamente envolvido numa serie de missões espaciais (limito-me a referir apenas uma, a Viking, cujo sucessor se encontra neste momento em Marte) e que publicou não sei quantas centenas de artigos em variados journals, só pode ser apelidado de pseudo cientista.
E quanto ao inverno nuclear de facto só pede mesmo ser uma teoria infantil, não fora o caso de as erupções vulcânicas serem outra face da mesma moeda, e como tal permitirem assertar a validade do inverno nuclear, i.e., o efeito das cinzas e aerossois na filtragem da radiação solar e consequente arrefecimento da atmosfera e do planeta, isto sem falar nas consequentes chuvas ácidas (o Pinatubo é um excelente exemplo disso mesmo).
Ah! e já agora, porque não um conflito nuclear regional? Afinal parece que os efeitos (pdf) do mesmo não se limitam a uns tantos milhões mortos numa região suficientemente longe da Europa (sub-continente indiano)...


De facto "se os cientistas não realizarem essa tarefa, quem o fará?"...


Miguel Esteves

Oscar Maximo disse...

Sobre 2 ideias do Sagan:
1- Sobre o mundo estar sobrepovoado e quanto mais gente houver, menor valor será dado ao individuo - perfeitamente de acordo.
2- Sobre o interesse das viagens espaciais - em desacordo - pouco contribuirá para a salvação desta civilização, pois é disso que se trata. É necessário investir noutras ciências, mais próprias para futuras épocas de penuria de energia. Por ex., saber as épocas de cultivo, outros conhecimentos do tipo "faça você mesmo". Aqui não se trata de avançar a ciência, mas sim de divulgar.

Tiago Moreira Ramalho disse...

Já que o De Rerum Natura é um blogue de divulgação científica, deixo-vos aqui uma novidade: um carro movido a água criado pelos japoneses. Vejam o vídeo...

http://oafilhado.blogspot.com/2008/06/os-japoneses-so-brilhantes.html

Marca Amarela disse...

Caros admins do De Rerum Natura:

Afinal é permitido (ou não) inserir tags html na caixa de comentários?

Faço a pergunta dado o meu comentário ter sido acidentalmente apagado e a posterior reposição do mesmo não incluir os links (logo os tags...)

Anyway, aqui vão os links em separado (por ordem de referência no texto):

lei do deslocamento de Wien
http://en.wikipedia.org/wiki/Wien%27s_displacement_law

balanço energético do planeta
http://eesc.columbia.edu/courses/ees/climate/lectures/radiation/index.html

Arrhenius e a hipotese de aquecimento global
http://en.wikipedia.org/wiki/Svante_Arrhenius
http://www.aip.org/history/climate/co2.htm

Spencer Weart
http://www.aip.org/history/climate/author.htm

Discovery of global warming
http://www.aip.org/history/climate/index.html

AIP
http://www.aip.org

Naomi Oreskes
http://en.wikipedia.org/wiki/Naomi_Oreskes

parte do seu trabalho:
http://www.ametsoc.org/atmospolicy/documents/Chapter4.pdf (pdf)
http://www.youtube.com/watch?v=2T4UF_Rmlio (seminario video, tem cerca de uma hora mas vale bem a pena)

Scripps Institution of Oceanography
http://sio.ucsd.edu

Carl Sagan
http://en.wikipedia.org/wiki/Carl_Sagan

Missões Viking
http://en.wikipedia.org/wiki/Viking_program
http://nssdc.gsfc.nasa.gov/planetary/viking.html (dados das mesmas)

Missão Phoenix (sucessor das Viking, neste momento em Marte)
http://phoenix.lpl.arizona.edu

Inverno nuclear
http://en.wikipedia.org/wiki/Nuclear_winter
http://climate.envsci.rutgers.edu/robock/robock_res.html#nw (trabalhos recentes sobre o mesmo)

Influência dos vulcões no clima
http://climate.envsci.rutgers.edu/robock/robock_volpapers.html
http://climate.envsci.rutgers.edu/robock/VolcanoClimateForDistribution.ppt (esta não fazia parte do texto, mas esta apresentação em powerpoint é mt boa e didáctica)

Pinatubo
http://en.wikipedia.org/wiki/Mount_Pinatubo

Destruição do ozono estratosférico, resultado de um conflito nuclear regional
http://blog.wired.com/wiredscience/2008/04/regional-nuclea.html
http://lasp.colorado.edu/aerosol/mills/2008MillsPNAS_MassiveOzoneLoss.pdf (artigo pdf)

Miguel Esteves

Marca Amarela disse...

Caros admins

em bom inglês, as chatices técnicas da caixa de comentários "really suck!!!"
passe a publicidade, mas o serviço de blogs do wordpress é francamente melhor!!!

de qq forma, outra vez os links que não apareceram correctos

balanço energético do planeta
http://tinyurl.com/5ts48a

artigo da Naomi Oreskes
http://tinyurl.com/6xggrj (pdf)

trabalhos recentes sobre inverno nuclear e influência dos vulcões no clima
http://tinyurl.com/6xwufy
http://tinyurl.com/6agjdk
http://tinyurl.com/6rdkg2 (powerpoint)

conflito nuclear regional
http://tinyurl.com/6fbeqo
http://tinyurl.com/67g6ju (pdf)

só mais uma nota (aos admins): todas estas correcções acabam por tirar coerência e fluidez às ideias apresentadas, seria interessante que de facto os comentários pudessem usar as tags correctamente.

Bom acho que agora, a coisa fica correcta!

Marca Amarela disse...

Relativo ao CO2 vs vapor de H2O

De uma forma mais clara:
apesar do vapor de H2O estar presente em muito maiores quantidades que o CO2 na atmosfera, este funciona como um feedback positivo (ou em bom português, como um efeito de realimentação do sistema) e não como um forçamento (o caso do CO2). E funciona como um feedback devido ao seu muito curto tempo de residência na atmosfera (da ordem das semanas e não das decadas/centenas como no caso do CO2). I.e., se removermos o vapor de H2O da atmosfera, em apenas duas semanas este retoma os seus valores de concentração normais na atmosfera, graças à evaporação.
Mas melhor mesmo, é ler o que os especialistas têm a dizer sobre a coisa.

Outro aspecto interessante relativo ao vapor de H2O, é que ao aumentar a quantidade de energia retida pela atmosfera (via aumento da concentração de CO2), podemos estar a acelerar o ciclo da H2O (grosso modo, mais energia disponivel para o ciclo evaporação-condensação-precipitação) e logo maior frequência e intensidade de fenomenos extremos, e.g., tempestades mais violentas, maiores quantidades de H2O precipitada em menos tempo, furacões e tempestades tropicais mais intensos (neste caso o principal motor energético é a maior temperatura dos oceanos tropicais, logo maior evaporação). Mas neste particular, ainda há muitas questões em aberto...

(vamos lá ver como é que saem os tags...)

Miguel Esteves

alf disse...

Caro Miguel Esteves

Todo o seu conhecimento sobre o processo climático sofre do mesmo enviezamento das teorias «oficiais»

Claro que não o vou convencer, vejo que está cheio de «certezas», mas não posso deixar de registar algumas correcções ao que disse.

Uma é a facilidade com que ignora o efeito das nuvens. As nuvens são o grande regulador do clima. Quando a temperatura superficial aumenta, aumenta a evaporação e a formação das nuvens; estas tanto impedem a saida de calor da terra como a entrada de radiação solar, sendo um o processo dominante qd a radiação é baixa (de noite) e o outro qd é alta.

O CO2 existe em quantidades ínfimas - menos de 0,04%!!! e é um gás vital à vida, como saberá. «Sequestrar» o CO2 é colocar a vida na terra em perigo.

A temperatura da Terra segue a energia radiada pelo Sol com um atraso de 30 a 40 anos, resultando da integração pelo sistema climático terrestre. Actualmente estamos em «arrefecimento global». Muito moderado, mas arrefecimento.

O aquecimento global caracteriza-se por menores amplitudes térmicas, devido ao aumento de humidade média na atmosfera. Exactamente o oposto do que dizem os defensores do "aquecimento global". E isto é o básico, o mais elementar que há sobre climatologia, donde tenho de concluir que os defensores do CO2 como causa do aquecimento global ou são extremamente ignorantes em climatologia ou são desonestos.

O arrefecimento global, ao contrário, origina mínimas mais baixas e máximas mais altas, Assim, quando surgirem uns dias muito quentes no Verão, lá teremos os defensores do aquecimento global a exibir toda a sua ignorancia climática.

Esta associação "aquecimento-CO2" tem raizes no estudo do passado da terra. De acordo com a Física actual, a Terra teria de ter estado congelada até há uns 500 milhões de anos, pelo menos. Mas não esteve, embora haja uma teoria que procura demonstrar que esteve (snow ball earth)

A única explicação encontrada para tão estranho fenómeno foi a relação com os altos níveis do CO2 do passado. Daí o terem-se construido modelos a explorar esta possibilidade -mas são modelos sem nuvens!!! Não têm interesse nenhum para o estudo climático.

Outra razão para o desprezo da variação da actividade solar é o facto de os cientistas só se terem convencido de que esta é variável depois de os satélites a terem medido. Mais um grave erro dos cientistas, pois há décadas que quem trabalha em telecomunicações de longa distancia sabe isso.

Se quiser ter uma perspectiva diferente do assunto (se não conhecer outra perspectiva, como pode ter opinião?) pode dar um salto ao meu blogue e ver as etiquetas sobre o aquecimento global ou sobre o Sol. Embora eu reconheça que os meus posts podem ser algo chatos... enfim, nem todos temos o talento da Palmira...

CPRT disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
CPRT disse...

Caro Miguel Esteves,

Novamente, os seus tags (ligações ou links), não estão a funcionar.

Por exemplo: para colocar neste espaço uma ligação (link) com o nome "O SAPO" para o sítio http://www.sapo.pt/, escrever o seguinte directamente caixa de comentários:

<a href="http://www.sapo.pt/">O SAPO</a>

e o resultado será esta ligação na qual se pode clicar: O SAPO

As instruções que aqui pus não ficaram transformadas num link, devido ao facto de eu ter colocado um código antes e depois das mesmas, que não é necessário para colocar um link num comentário.

CPRT disse...

Caro Alf,

Sabe que o que é o Calor Latente? Se sim, não sei se reparou que durante a evaporação e condensação da água, há como um "transporte de energia" da superfície para zonas elevadas e consequentemente para o espaço, esse fenómeno é de grande importância e é um mecanismo que não pode ser ignorado, este fluxo de calor arrefece a terra. Não tenho dados concretos, mas parece que ciclo da água, pelo menos em parte, "rouba calor" à superfície terrestre.

CPRT disse...

Caro Miguel Esteves,

Você antes de comentar, pode testar o seu comentário clicando em "VIZUALIZAR", botão azul em baixo da caixa onde insere o comentário, e assim pre-visualiza o que vai ser publicado, com links (tags) incluindo (a funcionarem ou não).

Marca Amarela disse...

Caros

As minhas desculpas a todos...
Um erro tipográfico inicial que se propagou pelos meus comentários via copy paste deu o resultado que deu...

IUG, obrigado pela sua chamada de atenção... teve o mérito de me pôr a olhar com atenção para a fonte do meu texto... os erros mais simples acabam por ser sempre os mais chatos e por escaparem nas correcções!!!

ALF, antes que continue a dizer mais disparates, vá estudar física (se estiver praí virado), em particular, termodinâmica da atmosfera e física do clima!
Se por acaso já estudou, vá rever a matéria dada e actualizar esses conhecimentos...

Aqui vão umas sugestões por onde começar:

projecto motion mountain (este tem a física toda, mas mesmo toda... por alguma razão os últimos capitulos estão em aberto e por terminar...)

vários cursos do MIT:
em particular, alguns dos cursos de um professor que virou estrela na net! O minimo que se pode dizer é que as aulas deste senhor são animadas!!!

mais alguns do departamento de ciências da terra também do MIT

mas note que vai dar trabalho, e não é coisa que se faça de ânimo leve... mas é terrivelmente divertido e imensamente gratificante!

outra coisa; não existe ciência oficial nem não-oficial, essa expressão é uma outra face da mesma moeda das charlatanices pseudo-ciêntificas que por aí abundam e que é (entre outros) o tema do post da Palmira


anyway aqui vai de novo o último texto com os links correctos

Relativo ao CO2 vs vapor de H2O

De uma forma mais clara:
apesar do vapor de H2O estar presente em muito maiores quantidades que o CO2 na atmosfera, este funciona como um feedback positivo (ou em bom português, como um efeito de realimentação do sistema) e não como um forçamento (o caso do CO2). E funciona como um feedback devido ao seu muito curto tempo de residência na atmosfera (da ordem das semanas e não das decadas/centenas como no caso do CO2). I.e., se removermos o vapor de H2O da atmosfera, em apenas duas semanas este retoma os seus valores de concentração normais na atmosfera, graças à evaporação.
Mas melhor mesmo, é ler o que os especialistas têm a dizer sobre a coisa.

Outro aspecto interessante relativo ao vapor de H2O, é que ao aumentar a quantidade de energia retida pela atmosfera (via aumento da concentração de CO2), podemos estar a acelerar o ciclo da H2O (grosso modo, mais energia disponivel para o ciclo evaporação-condensação-precipitação) e logo maior frequência e intensidade de fenomenos extremos, e.g., tempestades mais violentas, maiores quantidades de H2O precipitada em menos tempo, furacões e tempestades tropicais mais intensos (neste caso o principal motor energético é a maior temperatura dos oceanos tropicais, logo maior evaporação). Mas neste particular, ainda há muitas questões em aberto...

Miguel Esteves

Marca Amarela disse...

Com novo pedido de desculpas a todos pela trapalhada e maçada, vou colocar outra vez o meu comentário inicial com os links corrigidos... tal como dizia anteriormente, o texto ganha outra coerência!

aqui vai:


Infelizmente, e depois de mais um excelente post da Palmira, a ignorância (e já agora a arrogância) sempre acabam por cair na caixa de comentários.

A ciência hoje em dia é só certezas? Quem afirma semelhante disparate só pode estar certamente convicto da sua ignorância.
O aquecimento global? Alterações climáticas? Ninguém no seu perfeito juízo, e que saiba algo de fisica do clima se lembra de negar o fundamental da literatura ciêntifica publicada que versa a (mui) vasta temática das alterações climáticas.
Em muito poucas palavras, esse fundamental reduz-se a:
injecção massiva de gases de efeito de estufa (CO2, CH4 os mais importantes, descontando o vapor de H2O, cujo tempo de residência na atmosfera é tão curto que, grosso modo, não conta para a questão das alterações climáticas e do aquecimento global do planeta) na atmosfera num curtissimo espaço de tempo (à escala geológica) leva a prazo a um aumento da temperatura média da superficie do planeta.
Em mais algumas palavras:
o planeta recebe o grosso da energia do sol (a qual faz mover o sistema termodinâmico que é o clima) na gama do visivel (a razão de ser na gama do visivel deriva da temperatura efectiva do sol, ~5780K, vide lei do deslocamento de Wien) e emite na gama dos IV dada a temperatura efectiva da terra ser muito inferior à do sol (~255K).
Os chamados gases de efeito de estufa são opacos na gama dos IV e como tal, é graças à presença destes na nossa atmosfera que a temperatura média do planeta se situa nuns muito mais confortaveis 288K.
Assim sendo, o aumento da concentração destes gases na atmosfera leva a que uma maior quantidade de energia seja retida por essa mesma atmosfera e logo a um aumento da temperatura média do planeta.
Para ainda mais palavras acerca do balanço energético da terra uma sugestão aqui.

No entanto, nada deste conhecimento é novo, já no sec.XIX, Svante Arrhenius (um fisico virado quimico) avançava com a hipotese de aquecimento global do planeta.
Resumindo, para quem quiser saber mais acerca da história do aquecimento global, nada melhor que o excelente trabalho de Spencer Weart do instituto americano de física, AIP.

Quanto à negação do aquecimento global e das alterações climáticas (aqui já entramos no dominio da politica e a coisa pia mais fino, mas não deixa de ser igualmente fascinante) nada melhor que o revelador (pdf) trabalho da historiadora de ciência Naomi Oreskes, em particular o seu fascinante e muito bem documentado seminário (video) no Scripps Institution of Oceanography.

E no que toca ao Carl Sagan dizer que era um pseudo cientista é tão ridiculo (e arrogante) que (quase) nem merece resposta!!!
De facto, alguém que esteve activamente envolvido numa serie de missões espaciais (limito-me a referir apenas uma, a Viking, cujo sucessor se encontra neste momento em Marte) e que publicou não sei quantas centenas de artigos em variados journals, só pode ser apelidado de pseudo cientista.
E quanto ao inverno nuclear de facto só pede mesmo ser uma teoria infantil, não fora o caso de as erupções vulcânicas serem outra face da mesma moeda, e como tal permitirem assertar a validade do inverno nuclear, i.e., o efeito das cinzas e aerossois na filtragem da radiação solar e consequente arrefecimento da atmosfera e do planeta, isto sem falar nas consequentes chuvas ácidas (o Pinatubo é um excelente exemplo disso mesmo).
Ah! e já agora, porque não um conflito nuclear regional? Afinal parece que os efeitos (pdf) do mesmo não se limitam a uns tantos milhões mortos numa região suficientemente longe da Europa (sub-continente indiano)...


De facto "se os cientistas não realizarem essa tarefa, quem o fará?"...


Miguel Esteves

Rui leprechaun disse...

não existe ciência oficial nem não-oficial


Não deixa de ser verdade, ó Amarelo, embora se possa mesmo falar de uma ciência mainstream e dos seus dissidentes.

Mas sim, existe o tal elefante real e depois os mil modos como os "cegos" o tacteiam e percebem de formas por vezes bem diferentes.

Ora, e se o elefante for fractal...

Rui leprechaun

(...em toda a parte é igual! :))

alf disse...

IUG

O que refere faz parte dos processos de transporte de calor da superfície para a atmosfera; mas o sistema climático pode-se modelar de forma simples interpoloando entre o sabemos de Vénus e das condições terrestres no passado. No meu blogue, tenho uns posts sobre isso. Claro que é muito especulatico mas é certamente melhor que fazer modelos que ignoram as nuvens.

marca amarela

a contestação àquilo em que acreditamos é dificil de engolir, não é verdade? Por isso é que os arautos de novas ideias costumam ser perseguidos e, se possível, enviados para a fogueira.

Sabe que os novos modelos climáticos prevêm agora uma década de arrefecimento global? Ele está aí, já não dá para ignorar, então houve que «martelar» os modelos para os ajustar às medidas... coisa fácil, basta entrar com umas correntes...

Consulte os seus especialistas para nos explicar, a nós, ignorantes, porque é que a temeperatura média global está a descer e o CO2 a subir.

CPRT disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
CPRT disse...

Caro Miguel Esteves,

«[...]descontando o vapor de H2O, cujo tempo de residência na atmosfera é tão curto que, grosso modo, não conta para a questão das alterações climáticas e do aquecimento global do planeta)[...]»

Lembre-se que pois mais curto que seja esse tempo, isso não é irrelevante na sua perspectiva, pois em média há uma certa quantidade de água que lá está.
Mas se contar com o calor latente, então a coisa piora um pouco, pois quanto menos tempo estiver uma molécula de água, mais o ciclo de transporte de calor se repete (associado ao calor latente), e ai, o seu argumento vira-se contra si, não sei se reparou, assim cai em contradição.

P.S. - já agora, se quiser pode apagar os seus comentários que acha que estão com gralhas, visto que esta´registado, basta clicar no "caixote do lixo" do lado esquerdo na parte inferior do comentário.


Alf,

«O que refere faz parte dos processos de transporte de calor da superfície para a atmosfera[...]»

Sim, foi o que eu referi, e que raramente tenho visto referido e que não pode ser ignorado. Ou seja, temos que ter em conta o vapor de água, e com isto não caio em contradição.

Quando fala em interpolação (presumo que se referia a extrapolação)de Vénus; como refere , acho que é especulação, nas não uma qualquer, é das grosseiras, e este tipo de especulação não nos leva a lado nenhum, se levar a resultados certos é por mero acaso, por isso se chama especulação.

alf disse...

iug

Eu não dei o devido valor à sua referencia ao calor lactente, peço desculpa. É muito mais importante do que eu percebi.

o vapor de água funciona como um processo de transporte de calor da superfície para a altitude de formação das nuvens, onde liberta esse calor latente na condensação.
Na forma de "nuvem", o vapor de água tem um duplo efeito de impedir a passagem de radiação, tanto para fora como para dentro - embora deixe sair calor por condução.

Assim, o ciclo hidrológico é um "motor" de transporte de calor latente da superfície para altitude

Nos modelos climáticos que suportam a teoria do aquecimento global, o vapor de água fica na atmosfera, não se transforma em "nuvens"; como tal, o efeito do vapor de água de retenção do calor terrestre é mantido, mas o efeito de reflexão da radiação solar não existe!

Ou seja, é como considerar que as nuvens são transparentes à entrada de radiação e opacas à saída!

E, tanto quanto sei, o tal "motor hidrológico" de transporte de calor latente da superfície para altitude não é contemplado, pois não existe a formação de nuvens.

Quanto à extrapolação para Vénus pode parecer grosseira à primeira vista: mas depois há coisas que indicam que não será.

Uma é o facto da temperatura de corpo negro de Vénus ser quase igual à da Terra. Ou seja, a energia radiada por Vénus do lado "noite" é igual à da Terra, apesar da enorme diferença de temperatura superficial.

Porque será? "Coincidência?"

E eu tenho outras razões para saber que não se trata de uma extrapolação grosseira nem de uma coincidência, mas para isso é preciso seguir o meu blogue todo.

O que é grosseiro é fazer um modelo com as equações que conhecemos e deixar de fora os fenómenos que não sabemos pôr rigorosamente em equação; porque obtemos um modelo matemático muito "rigoroso" mas que não tem a ver com a realidade física. Um modelo «rigoroso» não é um modelo baseado em equações conhecidas mas um modelo que emula adequadamente todos os fenómenos relevantes. E as nuvens é um fenómeno essencial ao processo climático, um modelo sem nuvens é como um automóvel sem rodas.

Só quero chamar a atenção que podemos facilmente fazer modelos climáticos com nuvens, e que não há dificuldade nenhuma em modelar aproximadamente as nuvens; sabemos as suas temperaturas "do lado de fora" e "do lado de baixo" e sabemos estimar o seu isolamento à radiação; até as podemos modelar simplesmente considerando que são opacas.

Esse tipo de modelo não gera nenhuma consequencia para o insignificante CO2; e gera dados de acordo com os resultados, nomeadamente a diminuição das amplitudes térmicas com o aquecimento. Ora o modelo actual sem nuvens gera coisas tão grotescas como «ondas de calor» e secas em consequencia de aquecimento global. O que é um óbvio disparate, o aumento de temperatura faz expandir as caracteristicas climaticas da zona equatorial. O Arrefecimento global é que gera máximas elevadas e mínimas muito baixas.

EMPIRISMO NO PENSAMENTO DE ARISTÓTELES E NO DE ROGER BACON, MUITOS SÉCULOS DEPOIS.

Por A. Galopim de Carvalho   Se, numa aula de filosofia, o professor começar por dizer que a palavra empirismo tem raiz no grego “empeirikós...