Minha crónica no semanário "Sol" de hoje:Anda por aí a febre do futebol. Embora continue a fazer correr rios de tinta, já pouco falta dizer sobre o desporto-rei. Porém, um dos aspectos que têm sido menos referidos é o seu lado científico.
Científico? Sim, o futebol é uma paixão, com grande dose de irracionalidade, mas tem um lado científico. Os movimentos da bola podem ser analisados aplicando as leis da física newtoniana. Os movimentos dos jogadores têm a ver com a biomedicina. Os equipamentos e a própria bola são resultado de tecnologias avançadas. E até a evolução das equipas em campo pode ser estudada com poderosos meios informáticos. Por exemplo, João Moutinho foi o português que mais correu no último jogo contra a Turquia, tendo percorrido 10,227 quilómetros.
O físico inglês Ken Bray tem-se especializado na ciência do futebol. Com um doutoramento em física quântica, é investigador convidado no grupo de Ciências do Desporto e Educação Física na Universidade de Bath. O seu livro “How to Score” (Granta Books, 2006) analisa, do ponto de vista científico, alguns dos principais jogos dos últimos anos. Um dos casos de estudo é a decisão por penáltis, favorável a nós por 6-5, no Portugal-Inglaterra do Euro-2004. Bray calculou a área da baliza que um guarda-redes pode cobrir, que é de 72 por cento. Quer isto dizer que chutos dirigidos para a área não coberta, nos dois extremos da baliza, são indefensáveis, porque pura e simplesmente o guarda-redes não consegue mergulhar até lá. Ora ganha quem sabe. Dos sete pontapés lusitanos um foi muito alto (Rui Costa) e outro entrou apesar de ir à figura do guarda-redes, enganado pelo “teatro” de Hélder Postiga. Todos os outros remates, incluindo o do golo final de Ricardo, foram com precisão para a área não coberta. Quanto aos ingleses, Beckam falhou e Hargreaves atirou sem hipótese de defesa, mas todos os outros cinco chutos foram para a zona coberta da baliza. Ricardo defendeu um e podia ter defendido mais. A física pode ser do inglês Newton, mas nesse dia nós é que a sabíamos toda...
5 comentários:
Fiquei fascinado! Se o João Moutinho percorreu 10 227 quilómetros em 90 minutos, significa que deu 113 630 passos de um metro por minuto. Alguem consegue correr 100km por minuto? E 2km por segundo... Catano!
http://oafilhado.blogspot.com
Tiago,
Também fiquei fascinado... Consigo.
10,277 quilómetros (10 vírgula 277 quilómetros) pode ler-se da seguinte forma: dez quilómetros e duzentos e vinte sete metros.
Tantas contas e escapou-lhe o essencial. Não sei se reparou na figura que fez... Mas se tiver dúvidas no formato numérico, veja aqui.
Os Norte-Americanos é que costumam escrever com vírgulas os números para facilitar a leitura dos milhões e bilhões, sendo que o ponto substitui a nossa vírgula.
Mesmo assim, e até se Tiago Ramalho vivesse nos EUA, a desatenção foi grosseira.
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