quinta-feira, 5 de junho de 2008

A lei de Mendeleev – Um labirinto químico


Transcrevo extracto do livro de Nechaev e Jenkins, “Os Elementos Químicos. A história fascinante da sua descoberta e dos famosos cientistas que os descobriram”, Lisboa: Replicação, 2008, que foi publicado originalmente na Rússia em 1939. Este trecho ilustra a relação entre pedagogia e a ciência: Mendeleev chega à sua Tabela Periódica a partir de uma cuidadosa preparação das suas aulas.

"Em 1867, um jovem químico chamado Dmitri Mendeleev foi convidado a ocupar a cadeira vaga de Química Geral, na Universidade de S. Petersburgo, na Rússia.

Era uma grande honra ser convidado a leccionar o curso mais importante de Química na principal universidade do país e o professor, de 33 anos, resolveu fazer todo o possível para mostrar que era digno dela.

Mendeleev começou a preparar as suas aulas com entusiasmo. Enterrou-se no meio de livros e jornais. Foi buscar todos os apontamentos que tinha tomado sobre o seu trabalho, ao longo de anos de estudo e investigação. Afundou-se num mar imenso de factos, experiências e leis, estabelecidas no decurso de décadas por centenas de químicos. Existia material suficiente para uma dúzia de cursos universitários. Mas, estranhamente, quanto mais Mendeelev mergulhava na ciência que há tanto tempo lhe era familiar, tanto mais difícil se lhe afigurava a sua tarefa.

No Outono começou o seu curso. As suas aulas tiveram um sucesso enorme. A sala de aula ficava apinhada, à semelhança de um auditório de um teatro em que vai actuar um actor famoso. Vinham pessoas de outros departamentos para o ouvir – da Faculdade de Direito, da Escola Médica e do Departamento de História. Vinham pessoas de outras instituições. Vinham em bandos para a sala de aula e sentavam-se à espera, muito tempo antes da hora prevista para o início da aula. Ficavam de pé nas passagens entre os bancos e e amontoavam-se no corredor, em volta da porta. Empurravam-se à volta da mesa de experiências, na parte da frente da sala.

Poucas vezes um professor universitário tivera a sorte de ter um sucesso igual. Apesar disso, lá bem no fundo do seu coração, Mendeleev não se sentia satisfeito.

Começou a trabalhar num livro novo, que tratava dos princípios fundamentais da Química. Chamou-lhe “Os Princípios da Química”. Escreveu depressa e com facilidade, servindo-se dos apontamentos que tinha tirado para as suas aulas. Os alunos procuravam ansiosamente ter as brilhantes aulas por escrito. Mas Mendeleev ainda não estava satisfeito. O livro não era o que ele desejava que fosse.

Ele começara a ter a sensação de que a ciência química era uma floresta densa, sem trilhos nem caminhos. Sentia-se como se estivesse a deambular de árvore para árvore nessa floresta, descrevendo cada uma delas separadamente. E havia tantos milhares de árvores!

Por esta altura, os químicos conheciam 63 elementos puros. As combinações desses elementos davam centenas e milhares de substâncias diferentes: óxidos, sais, ácidos, bases...

Existiam gases, líquidos, cristais, metais...Existiam substâncias de cor e substâncias com um brilho que cegava, substâncias com e sem cheiro, duras e moles, amargas e doces, pesadas e leves, estáveis e instáveis – não havia duas exactamente iguais.

Os químicos tinham investigado cuidadosamente toda a enorme variedade de coisas que compõem o mundo. Conheciam centenas de pormenores acerca de cada coisa em particular. Sabiam até, exactamente, como fazer estes compostos e qual era o método mais barato.

(...) Mendeelev não queria enveredar por este labirinto ao acaso. Enquanto preparava o seu curso universitário sobre as leis da Química, continuou sempre à procura de uma lei geral, de uma ordem natural que regesse todos os elementos. Ele estava convencido de que essa lei devia existir, uma espécie de uniformidade escondida entre os elementos, tão diferentes uns dos outros no aspecto. E era disso que ele andava à procura.”

3 comentários:

João Ventura disse...

Preparar aulas? Dar aulas? Mas então ele não tinha que publicar? Em revistas de elevado factor de impacto?
Muito atrasada estava a ciência nessa altura...

Unknown disse...

É, ele deviria ter publicado na internet também, em 1869! Muito atrasado estava a ciência nessa altura...
É o mesmo que (alguns) vão dizer dizer daqui há alguns anos sobre o "atraso" ou evolução atual da Ciência.

Anónimo disse...

Pow so vo dize uma coisa
vcs sao retardados e otariioss !!!

Mendeleiev é o caraa!!!

OBS : Mend, obrigado memso por todo seu estudo, por vc ter criado a nossa querida tabela periodica, conserteza vc avançou a tecnologia pelo menos uns 20 anos pra frente!!!

valew mesmo!!! vc é o cara !!!





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