Entrevistei há uns meses o filósofo Richard Swinburne, um dos mais importantes filósofos da religião contemporâneos. A entrevista está finalmente online, sem legendas, contudo. As minhas desculpas a quem não domina a língua inglesa. Esta é a primeira parte da entrevista.
quinta-feira, 29 de maio de 2008
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8 comentários:
Dério,
Há na filosofia um grande risco de empastar a curta distância entre o observador e o óbvio com uma casmarra de salvíficos preciosismos, de tal modo que até entre académicos acontecem coisas extraordinárias:
P - Deus existe?
R - Depende do gabinete.
P - E o resto?
R - Também.
Sou daquele tipo de gajo que não vê com muito bons olhos o desleixo na apresentação de resultados. Isso comigo a mandar piava mais fino. E se me disser que a filosofia não se detém em "resultados", então (permita-me) não se ponham a desfiar respostas.
lóse, não percebi o que raio quer dizer. O homem está a explicar um pouco a história da própria disciplina, antes de começar a explicar as suas ideias (e o resto virá nas restantes partes da entrevista, que são 5, acho). Claro, outros filósofos discordam dele, e eu discordo dele, mas o meu papel aqui era apenas o de lhe dar a oportunidade de explicar algumas das suas ideias e argumentos. Isto é uma entrevista e não um debate. Mas nem sei se é isso que queria dizer com o seu críptico comentário, por isso posso estar a disparar ao lado. Se não lhe interessa a filosofia da religião... óptimo. Qual é o problema? A mim também não me interessa o leite de cabra.
Ambos sabemos que qualquer argumento a que eu timidamente procurasse dar asas, já o Dério tinha transformado em faisão com ervilhas. Por isso vou falar-lhe com o coração nas mãos e fugir.
1- o óbvio a que me referia é: Deus existe? É impossível "conhecer factivamente". Quem sustenta para além disto devia estar a vender automóveis.
2- o que me incomoda - por mais críptico que lhe pareça - é a volubilidade no pensamento crítico.
3- as cinco partes da entrevista estão no Youtube com um anúncio da Scientology na barra direita, e não fui eu que o pus lá.
Agora, se me permite, já cá não estou.
Caro Desidério,
Vejo agora que o meu último comentário parece bem antipático, ao contrário até do que pretendia. Deixo-lhe as minhas desculpas.
Lóse, não me pareceu antipático o seu comentário, apenas dificilmente compreensível. Tal como dificilmente compreensível é o segundo. O que está a querer dizer exactamente? Não percebo. Você já sabe que não existe Deus, é? E por isso acha irrelevante a discussão sobre se Deus existe ou não? É isso? (Note que "conhecer factivamente" é um pleonasmo; todo o conhecimento é factivo.)
«todo o conhecimento é factivo»
Seja, não me calhará a mim essa discussão... Usei o pleonasmo por causa da sua discussão com o Ludwig e quis sublinhar que a estou usar “conhecimento” no sentido que você lhe atribui. Swinburne é, então, um cavalheiro que conhece Deus. Os meus parabéns.
«Você já sabe que não existe Deus, é?»
Ao contrário da linha editorial deste blogue, não sei sobre isso coisa nenhuma... O que eu peço da filosofia e dos seus urdidores é que queimem os miolos com coisinhas mais prosaicas e, chegando por sorte a algum resultado (*), que seja útil.
(*) aproveitando Pessoa para mais uma tirada críptica, “se gostas de resultados, porque não gostas de resultados?”
Mas, Lóse, a filosofia é especulação. Especular sobre se existe ou não Deus é um dos temas centrais da filosofia. Não percebo realmente o que quer dizer. Quer resultados? Em filosofia, não há tal coisa, se com isso quer dizer teorias substanciais amplamente aceites. Em filosofia lidamos com o que ninguém sabe, Lóse. Ninguém sabe se existe Deus ou não e o que fazemos em filosofia é discutir se será mais plausível pensar que existe Deus ou se será mais plausível pensar que não existe Deus. Compreendo que possa não lhe interessar esse debate, a mim também não me interessam muitos debates. Mas se é apenas isso, o seu comentário é irrelevante. Eu pensei que fosse qualquer coisa mais, daí ter respondido.
Dério, o que me diz é que a filosofia é irrelevante (e não eu, se me permite o pedantismo). E eu fico a perder, porque a irrelevância deve ser um lugar confortável...
Mas como vai insistir no desentendimento sobre o que são resultados, resta-me talvez animá-lo com a minha convicção de que a filosofia vale mais do que leite de cabra.
Cumprimentos na mesma.
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