domingo, 14 de dezembro de 2008

Presunção e Água Benta


Há quase dois anos, Bento XVI referiu que o uso da razão sem mediação pela fé causa uma esquizofrenia terrível, ou mais concretamente:

«Deve admitir-se que a tendência para se considerar verdade apenas aquilo que pode ser experienciado constitui uma limitação à razão humana e produz uma esquizofrenia terrível, causa da existência do racionalismo, materialismo e hipertecnologia».

Na altura, tive uma certa dificuldade em perceber o que fosse a hipertecnologia denunciada como um mal por Bento XVI assim como tive muitas dúvidas sobre se o uso da razão nos descrentes origina uma acumulação excessiva de dopamina nas fendas sinápticas e como tal produz alucinações, delírios e percepções irreais sortidas. Mas percebi, dadas as prioridades anunciadas do seu papado, proeminentes entre elas a bioética, o apelo aos cientistas católicos para que «exprimissem o carácter razoável da sua fé».

Depois de ler a profusão de documentos, entrevistas e declarações debitadas pelo Vaticano sobre o tema, não considerei nada razoáveis, bem pelo contrário, as lucubrações da fé sobre ciência, em especial sobre biomédica/bioética. Para o cardeal Ratzinger, e podemos apenas supor que para Bento XVI, o homem não «tem direito pleno sobre a sua natureza biológica», acrescentando «O nosso estatuto ontológico como criaturas feitas à imagem de Deus impõe limites à nossa auto determinação (biológica). A soberania (sobre o nosso corpo) de que dispomos não é ilimitada».

Lucubrações irrazoáveis sobre ciência e cientistas não são apanágio do actual Papa, há dois anos o cardeal Alfonso Lopez Trujillo, responsável pelo Conselho Pontifical da Família, o mesmo que disse que o HIV é suficientemente pequeno para passar através de «poros» dos preservativos e que condenou veeementemente a clonagem terapêutica, afirmou que os cientistas que trabalham com células estaminais deveriam ser excomungados automaticamente. O cardeal Trujillo afirmou ainda que a excomunhão latae senentiae deveria ser estendida aos políticos que aprovassem leis permitindo a investigação em células estaminais, mesmo aquelas obtidas sem destruição de embriões - devidamente condenadas por Monsenhor Elio Sgreccia, que preside à Academia Pontifícia para a Vida.

Este último dignitário afirmou numa entrevista à Rádio Vaticano que o método para obter células estaminais desenvolvido por cientistas da Advanced Cell, em Alameda, Califórnia, «não resolve os problemas éticos» desta área de investigação. O novo método - descrito na Nature - consiste em colher um embrião numa fase muito primitiva de desenvolvimento e retirar-lhe uma única célula, que pode dar origem a uma estirpe de células estaminais embrionárias. O embrião, excedentário de fertilização in vitro, não é destruído no processo e mantém todo o seu potencial de desenvolvimento. Contudo, notou Sgreccia, o novo método não tem em conta que mesmo aquela única célula removida pode evoluir para um ser humano totalmente desenvolvido. Ou seja, segundo o Vaticano uma célula totipotente tem a mesma ou mais dignidade* que um ser humano.

As irrazoabilidades papais e as considerações avulsas de outros altos dignitários sobre bioética foram agora reunidas num único documento ainda menos razoável (documento completo em formato pdf). A instrução Dignitas personae, que a Congregação para a Doutrina da Fé divulgou sexta-feira e substitui a agora obsoleta Donum vitae , transcreve as considerações «científicas» de todos estes experts em biologia em geral e embriologia em particular num documento que consideram dever «ser colocado no centro da reflexão ética sobre a investigação biomédica».

Ou seja, esta é uma instrução doutrinária destinada essencialmente a controlar o trabalho dos cientistas, no tom que deu o mote ao papado de Bento XVI, «que não se trata de impor aos não-crentes uma perspectiva de fé, mas sim de interpretar e defender os valores radicados na natureza mesma do ser humano». Ou seja, não é «uma colecção de proibições», nem uma interferência na ciência mas sim «uma série de indicações para que a ciência se coloque verdadeiramente ao serviço da vida, e não da morte ou da arbitrária e perigosa manipulação das pessoas humanas».

Assim, a Dignitas personae avisa a comunidade em geral e a científica em particular que os recentes avanços em investigação em células estaminais, terapia genética e experiências com embriões violam princípios morais e levantam questões «éticas» sérias para os investigadores e outros professionais, mesmo aqueles não dados a práticas pecaminosas que, de acordo com o Vaticano, têm o dever de recusar material biológico obtido por outrem de forma não ética. Assim o Vaticano lança uma admoestação aos cientistas: «Não devem colaborar com o mal»!

Mas se é a investigação científica que está na berlinda, porque a «filosofia geral é que todo o ser humano tem direito a nascer da união dos pais», são condenadas igualmente quer a contracepção, um «pecado de aborto, sendo gravemente imoral» quer a reprodução medicamente assistida que envolva inseminação artificial - e, claro, o diagnóstico precoce e o congelamento dos embriões excedentários, «que são e permanecem titulares dos direitos essenciais e que, portanto, devem ser tutelados juridicamente como pessoas humanas».

A Dignitas personae detém-se no entanto na ciência, reprovando em particular a execrada investigação em células estaminais, considerada «cooperar com o mal» e «um escândalo» que não «está ao serviço da humanidade». Claro que a engenharia genética é um anátema em quaisquer circunstâncias «porque o homem nunca poderá substituir o Criador» e a terapia génica levanta dúvidas porque favorece «uma mentalidade eugénica». De igual forma, é condenado clonar genes humanos em animais por tal abominação constituir uma grave ofensa à dignidade humana - tenho uma dúvida transcendente sobre se bactérias e leveduras estão incluídas e se, por exemplo, os diabéticos que se injectam com insulina estarão a cometer um pecado grave.

Achei especialmente divertido o capítulo devotado ao «uso de "material biológico" humano de origem ilícita» pela tortuosidade a que se obrigaram os seus redactores. Embora a produção desse material ilícito seja «sempre uma desordem moral grave», os laboratórios que o utilizem na produção de vacinas -quando este «foi produzido fora do seu centro de investigação ou que se encontra no comércio» -, devem apenas evitar «o perigo de escândalo», isto é, que se saiba que estão a trabalhar com os tais materiais.

Tudo isto porque no caso de vacinas preparadas a partir de fetos abortados, o Vaticano produziu há anos um documento que permite a vacinação «imoral» de crianças católicas embora exorte os católicos a lutarem contra as companhias que produzem imoralmente tais vacinas, especialmente a vacina contra a rubéola para que não há alternativas «morais».

O sofisma na base da decisão consiste em considerações de extrema ratio, isto é, a obrigação moral de evitar colaboração material passiva com um «crime»(ser vacinado com uma vacina ilícita) não é obrigatória se existir um inconveniente grave, nomeadamente quando existe «coerção moral da consciência dos pais que são forçados a agir contra a sua consciência ou então pôr em risco a saúde dos seus filhos e de toda a população. Esta é uma escolha alternativa injusta, que deve ser eliminada tão cedo quanto possível».

Mas se os desenvolvimentos científicos tornaram impossíveis de aceitar pelos crentes posições como a do Papa Leão XII que, durante uma epidemia de varíola em 1829, decretou que «aquele que permitir ser vacinado deixa de ser um filho de Deus», em relação aos cientistas não há esses pruridos.

Assim, de acordo com o Vaticano, os cientistas têm «o dever de recusar o referido "material biológico" – mesmo na ausência de uma certa relação próxima dos investigadores com as acções dos técnicos da procriação artificial ou com a dos que praticaram o aborto, e na ausência de um prévio acordo com os centros de procriação artificial – resulta do dever de, no exercício da própria actividade de investigação, se distanciar de um quadro legislativo gravemente injusto e de afirmar com clareza o valor da vida humana

Repetindo o que já disse n'«As Bananas da Discórdia», estas proibições absurdas, o obscurantismo e imiscuição indevida na ciência são o que tornam o discurso dos teólogos cada vez mais irrelevante. Infelizmente, há umas quantas pessoas que levam a sério estes dislates e os tentam transpor para a letra da lei dos respectivos países, como aconteceu em Itália durante o referendo de 2005 sobre fertilização medicamente assistida.

Esperemos que a este documento infeliz não se sigam manifestações anti-ciência dos mais fanáticos. Mas certamente que a Dignitas personae dará munições à Igreja americana nas guerras culturais, nomeadamente no que respeita à anunciada intenção de Barack Obama de reverter o veto de George W. Bush na limitação das pesquisas com células embrionárias. Além disso, não é necessário grande presciência para prever que o documento será recorrente na argumentação dos bispos franceses durante os debates parlamentares sobre a Bioética, previstos para 2009.

*Na encíclica Evangelium Vitae pode ler-se, no meio de uma imensidão de platitudes e da condenação reiterada do aborto, eutanásia e contracepção, que «a vida na sua condição terrena não é um valor absoluto». O ponto 57 da encíclica resume a posição da ICAR sobre a inviolabilidade da vida humana: apenas condena «a eliminação directa de um ser humano inocente». Ou seja, não há problemas com a eliminação directa de «culpados» (quiçá os homossexuais que se pretende proteger com a directiva da ONU a que o Vaticano se opõe veementemente) e com mortes indirectas ou «colaterais» (quiçá das «guerras justas» sancionadas no catecismo de 1997).

24 comentários:

José Lourenço disse...

Matt Ridley, na sua obra GENOMA tem uma passagem curiosa(pág. 32, 2 e 3 parágrafo):
"... De facto, é muito surpreendente que os seres humanos não tenham 24 pares de cromossomas. Os chimpanzés têm 24 pares de cromossomas, assim como os gorilas e os orangotangos. Entre os grandes antropóides nós somos a excepção.
A razão, que imediatamente se torna evidente, não consiste em ter desaparecido em nós um par de cromossomas de grandes primatas, mas sim em dois dos cromossomas dos grandes primatas se terem fundido. O cromossoma 2, o segundo maior dos cromossomas humanos, é de facto formado a partir da fusão de dois cromossomas de médias dimensões dos grandes primatas, tal como pode ser visto a partir do padrão de bandas pretas nos respectivos cromossomas.
O Papa João Paulo II, na sua mensagem à Academia Pontifícia das Ciências de 22 de Outubro de 1996, argumentou que entre os grandes primatas ancestrais e os seres humanos modernos existia uma «descontinuidade ontológica» - um ponto onde Deus injectou a alma humana numa linhagem animal.
Deste modo, a Igreja pode reconciliar-se com a teoria evolutiva. Talvez o salto ontológico tenha ocorrido quando os dois cromossomas dos grandes primatas se fundiram e OS GENES DA ALMA SE ENCONTREM SENSIVELMENTE A MEIO DO CROMOSSOMA 2"!

Como diria Galileu "a verdade é filha do tempo"; não é que 500 anos depois a Igreja resolveu "absolvê-lo".

Xico disse...

Qualquer discussão com cientistas teria como axioma que se ateriam a factos. Usar uma frase atribuída a um Papa por um seu inimigo está longe de ser uma atitude intelectualmente honesta. Leão XII, terá sido um Papa reaccionário,mas se aboliu a comissão pontifical de vacinação é porque a vacinação era aceite pela Igreja. Tratou-se concerteza de uma acto relacionado com gestão e não com critérios cientificos ou teológicos. Foi essa abolição que teve consequências trágicas em Roma com o aparecimento de Varíola, já após a morte do Papa (fevereiro de 1829). A frase é uma atoarda propagandística.
Talvez a Palmira gostasse de citar o bispo Fleming que sózinho na Terra Nova, fartou-se de vacinar contra a varíola, em 1835, arriscando-se a apanhá-la, porque nenhum médico o queria fazer.
Ou outro grande cientista e químico, que tanto ajudou à vacinação, apesar do seu catolicismo empenhado, Pasteur.

Palmira F. da Silva disse...

Xico:

A frase não é nehuma atoarda propagandistica.

Pode confirma no Instituto Tomás de Aquino, ou no livro A Autoridade da Verdade do padre José Ignacio González Faus.

Mas não posso deixar de achar muito curioso que em todo o texto apenas se indigne, embora pelas razões erradas, com este ponto...

Xico disse...

Palmira,
No site do Instituto diz-se que a frase é atribuída.
De qualquer modo a Palmira também esqueceu ou não quis dizer, que os jesuítas já inoculavam contra a variola por métodos anteriores à vacina de Jenner. Também se esqueceu de dizer que anteriormente a 1827 epidemias de varíola fizeram razias nas populações vacinadas o que trouxe grande desconfiança ao método em toda a Europa, talvez isso explique a reacção papal.
Se só citei este ponto foi simplesmente para realçar que não é com atoardas e meias frases que se desenvolve uma discussão séria sobre ciência e a posição da Igreja católica que não bastas vezes contribuiu e muito para o desenvolvimento da mesma nomeadamente na área da saúde. Questões científicas são uma coisa, questões éticas outras.
E não chega falar no estafado caso de Galileu que pouco teve a ver com questões científicas (só por interesse propagandístico assim é tratado)ou do catecismo sobre a pena de morte ou do recente caso dos homosexuais.
Não gostaria também que agora argumentasse por desonestidade intelectual, que não deveríamos ter condenado Mengele?!

Palmira F. da Silva disse...

No livro é confirmada a autoria e acrescenta-se os pensamentos do cardeal Annibal de la Genga (que tomaria o nome Leão XII) sobre a vacinação - uma bestialidade.

Agora não percebo muito bem que atoardas impeditivas de uma discussão séria sobre ciência existem no texto, tirando as devidamente identificadas entre aspas e em itálico-

Muito menos percebo o que cargas de água tem Mengele a ver com a história...

Carlos Albuquerque disse...

Palmira

1) O livro de Gonzalez Faus cita um artigo de Abel Jeannière que cita Pierre Simon. Abel Jeannière diz que não encontra a citação no Bullarium romanum, mas cita o cardeal de la Genga sem indicar a fonte. Acho que é preciso mais do que isto para confirmar a frase atribuída a Leão XII enquanto Papa.

2) Estou de acordo que o documento não é razoável. Muitos teólogos católicos acharão exactamente o mesmo.

3) Trata-se de uma instrução que nem sequer é assinada pelo próprio Papa. Não tem um grande peso na formação da doutrina da Igreja.

4) A instrução apresenta uma misturada enorme de condenações, na pior linha católica. Tanto condena uma FIV com um mínimo de embriões como condena a clonagem reprodutiva. Onde podia chamar a atenção para questões éticas relevantes perde-se por pôr tudo no mesmo saco.

5) A fundamentação da instrução não traz nada de novo, remetendo para a contestada Humanae Vitae ou para a Donum Vitae, que nem sequer é contestada por ser, como esta, apenas uma instrução.

6) Em jeito de conclusão, é mais um (pequeno) sapo para muitos católicos mas nada de realmente novo.

Palmira F. da Silva disse...

Caro Carlos Albuquerque:

A Donum Vitae também era «apenas» uma instrução, assinada «apenas» pelo responsável pela Congregação para a Doutrina da Fé aka ex-Santo Ofício- o cardeal Joseph Ratzinger. Claro que ambas foram aprovadas pelos respectivos papas e «têm a sua autoridade» (Q&A em pdf da conferência episcopal americana) e a primeira foi seguida na íntegra não só em todos os estabelecimentos de saúde católicos como pelos mais fanáticos que a tentaram impor a todos.

Recordo o que aconteceu em Itália no referendo sobre procriação assistida, o fervor contra a investigação em células estaminais, etc., etc..

perspectiva disse...

A Palmira Silva, a tal que compara cubos de gelo com DNA, é inconsistente com as suas premissas, porque se os católicos são assim tão imperfeitos, é porque ela reconhece que existe um padrão absoluto de bondade e de justiça que transcende todo o ser humano e em face do qual o ser humano é julgado.

Ora isso é o que a Bíblia diz, mas não é o que a teoria da evolução ensina.

De acordo com a Bíblia, o Homem deve ser justo e bom, porque Deus é justo e bom.

De acordo com a teoria da evolução, todos somos acidentes cósmicos sem valor intrínseco, pelo que mesmo a moralidade é um acidente cósmico e não tem qualquer vinculatividade intrínseca.

De acordo com a teoria da evolução nem sequer existe qualquer padrão moral objectivo com base no qual a Palmira possa julgar Bento XVI.

Quando muito, existirá a opinião e a conduta da Palmira, mas ela não valerá mais do que a opinião e a conduta de Bento XVI.

Tanto basta para concluir que na cabeça da Palmira Silva vai uma grande confusão, coisa que a comparação do DNA com cubos de gelo já indiciava.

perspectiva disse...

A noção de que Deus criou o homem e a mulher tem grandes implicações para a compreensão do matrimónio.

A noção de que toda a criação está corrompida pelo pecado, tem grande importância para se compreender os desvios que todos nós, sem excepção, cometemos relativamente à Lei de Deus.

Perante Deus, todos sem excepção somos pecadores. Todos precisamos do seu perdão e da sua graça.

A noção da justiça e da bondade de Deus celebra-se no Natal e na Páscoa, com a encarnação, vida, morte e ressurreição de Jesus.

Ao morrer, Jesus sofreu o castigo dos nossos pecados. Ao ressuscitar, ele garante vida eterna àqueles que aceitarem a Sua salvação.


Mas quem quiser clarificar o seu pensamento em matéria de criacionismo é convidado a conhecer a "forquilha criacionista" com base na qual, dizemos em tom de brincadeira, o Ludwig Krippahl e a Palmira irão ser espetados e grelhados nos próximos tempos.

Na base dos argumentos científicos a favor do criacionismo encontramos um raciocínio com a forma de uma forquilha tridente:


1) Sempre que num sistema temos informação codificada esta tem sempre origem inteligente;

2) No DNA encontramos informação codificada;

3) Logo, na origem da informação codificada do DNA está um ser inteligente.

A força deste argumento é que as premissas 1) e 2), em que a conclusão repousa, são cientificamente irrefutáveis.

Elas baseiam-se na observação, não podendo ser desmentidas através da observação. Elas dizem respeito a factos observáveis.

Elas colocam os evolucionistas em xeque mate, na medida em que não existe nenhuma evidência científica que as possa contrariar.

Na origem da informação codificada em livros, enciclopédias, computadores, telemóveis, etc., está sempre uma inteligência.

Só a desconsideração das premissas a) e b) é que pode explicar a confusão que a Palmira Silva faz entre cubos de gelo e DNA.

Como o Ludwig sabe que não existe informação codificada sem inteligência, a sua estratégia tem sido tentar negar que no DNA encontramos informação codificada.

No entanto, essa estratégia falha completamente, pelo simples facto de que no DNA encontramos realmente informação codificada.

Isso não é simplesmente um modelo humano.

É literalmente assim.

Sequências de nucleótidos são usadas para representar toda a informação (de que a comunidade científica não dispõe) que representa todas as instruções químicas necessárias à produção e reprodução de seres vivos extremamente diversos, complexos e funcionais.

As letras ATCG são as mesmas. O que muda é a sequência.

Que isso é assim, é amplamente corroborado pela comunidade científica.

Isto tem sido reconhecido mesmo pelos evolucionistas mais impenitentes.

Carl Sagan é um bom exemplo.

Ele referia-se ao DNA como “o livro da vida”, reconhecendo que a dupla hélice do DNA é a linguagem, com apenas quatro letras, em que a vida está escrita.

A variação destas quatro letras é aparentemente infinita.

Com elas pode ser codificada toda a informação necessária à produção e reprodução dos diferentes seres vivos.

No que toca aos seres humanos, reconhecia Carl Sagan, o material hereditário requer múltiplos biliões de bits de informação, numa estimativa que hoje se sabe que foi feita muito por baixo.

Nas palavras de Carl Sagan, "(these) bits of information in the encyclopedia of life-in the nucleus of each of our cells-if written out in, say English, would fill a thousand volumes.

Every one of your hundred trillion cells contains a complete library of instructions on how to make every part of you."

[Carl Sagan, COSMOS, Ballantine Books, 1980, p. 227.]

O Ludwig diz que no DNA não existe informação codificada.

Em sentido oposto, Carl Sagan diz que as nossas células contêm uma completa biblioteca com instruções sobre como fazer cada parte de nós (instruções essas que a comunidade científica não consegue abarcar).

Os criacionistas não poderiam concordar mais com Carl Sagan neste ponto, já que os factos são indesmentíveis.

Como se vê, a estratégia do Ludwig está votada ao fracasso. A da Palmira Silva também.

O Ludwig e a Palmira não têm, por isso, qualquer hipótese científica séria contra a forquilha criacionista.

Quase podemos dizer, em tom de brincadeira, que espetámos o Ludwig e a Palmira com ela e agora vamos grelhá-los em lume brando.

Eles vão espernear, mas só isso.

Recordemos, numa formulação ligeiramente diferente:

1) Toda a informação codificada tem origem inteligente.

2) No DNA encontramos informação codificada em quantidade, qualidade, variedade, complexidade e densidade que transcende tudo o que a comunidade científica é capaz de produzir

3) Na origem do DNA encontramos uma inteligência que transcende a inteligência de toda a comunidade científica junta.

É tão simples como 2 + 2 = 4

O Ludwig e a Palmira não têm qualquer hipótese científica contra este argumento.


Nem eles, nem ninguém.

Este argumento, sendo aparentemente simples, tem implicações fundamentais para a análise do big bang, da origem da vida, do hipotético ancestral comum, da selecção natural, da especiação, etc.

É que a informação é uma realidade imaterial, que não se confunde com o mundo material.

Ska disse...

Perspectiva, dá o pé louro, essa resposta não foi dada já sobre a homossexualidade, noutro sítio? Ou é aquele tipo de resposta que responde a tudo?

Ah, e o aumento de informação como ficamos?

alexandre o médio disse...

Perspectiva, genial, genial ;)

Ah, como refutar os teus sólidos argumentos. Obrigado por me abrires a mente. O tua escrita é da mais fina que existe. (E destrutiva.) E ainda bem que não és entendido, senão deixarias de ter todo este impacto ;) Para bom entendedor meia palavra basta... E já disse demais, desculpa lá! Ah, vamos reflectir e meditar sobre a glória suprema magnífica da criação dos 7 dias.

AddCritics disse...

Caro Perspectiva não se esqueça que a atribuição das 4 letras foi feita pelos humanos e não por um criador.

A informação existe de facto. A base é a mesma para todos os seres vivos. Mas a tal codificação em 4 letras foi feita pelos humanos para simplificar a representação dos nucleótidos e de sequências.

Se informação significasse complexidade o seu argumento cairia por terra, porque há vários seres vivos com muito mais informação genética do que os seres humanos e podemos considera-los, mais simples, Menos complexos.

alexandre o médio disse...

addcritics:

Muito fácil a resposta para isso - isto mostra apenas que o método usado pelo ser humano para tentar aprender os mecanismos que fazem funcionar o universo é limitado e disfuncional. E isto é mais uma prova da inteligencia criativa responsavel pela Criação. Tudo isto nos ultrapassa, logo uma inteligencia suprema, para nós inatingivel, tem que existir.

Nabla disse...

Acho que isto é caso para nos perguntarmos "Se deus existe, porque raio fez pessoas tão parvas?"

Acho que é prova mais que suficiente que não há nenhum criador todo-poderoso

alexandre o médio disse...

nabla, a verdadeira inteligencia encontra-se na humildade e no reconhecimento das nossas limitações. Nao tentemos ser Deus, nem entender os seus designios, pois estes nao se encontram disponiveis.

Acabe-se com a porcaria da ciencia, que so nos afasta da verdadeira natureza Criadora.

José Lourenço disse...

Na linha de seguimento de alguns comentários, gostaria de deixar alguns excertos da obra Cosmos, de Carl Sagan:

Durante milhares de anos, os Homens foram oprimidos - e alguns continuam a sê-lo - pela ideia que o universo é uma marioneta cujos fios são puxados por entidades mágicas, invisíveis e inescrutáveis.

Durante muito tempo todos aceitaram que só a Terra existia. Depois, entre Aristarco e nós, verificámos com relutância que não éramos nem o centro nem o objectivo do Universo, mas que vivíamos num mundo perdido na imensidão, à deriva num grande oceano cósmico.

Nem nós nem o nosso planeta gozamos de uma posição privilegiada na natureza. Descobrimos que vivemos num mundo insignificante de um sistema solar que ocupa a periferia da Via Láctea.

Muitos de nós, secretamente, deploramos estas descobertas, pois continuamos a suspirar por um universo cujo centro seja a Terra... aos poucos vão sendo contrariadas as nossas esperanças de um estatuto preferencial a que não temos direito!

Sem dúvida a Ciência não é perfeita e pode ser mal utilizada, mas corrige-se a si própria, progride e aplica-se a tudo. Obedece a duas regras:

* não existem verdades absolutas, tudo deve ser examinado;
* tudo aquilo que esteja em contradição com os factos tem de ser afastado ou revisto.

Temos de entender o cosmos como ele é e não confundir aquilo que ele é, com aquilo que gostaríamos que ele fosse.

O Universo nem parece benigno nem hostil; simplesmente indiferente aos problemas de criaturas tão insignificantemente convencidas como nós...

Só o conhecimento nos liberta...digo eu!

joão boaventura disse...

André Gide disse:

Acredita naqueles que procuram a verdade. Duvida daqueles que a encontram.

rui disse...

Eu também tenho que confessar (espero que me absolva :) ) que há algo que me escapa no seu texto. Quase parece que pretende defender que não há questões éticas relacionadas com as biociências e a biotecnologia. Se as há, é bom que as pessoas reflictam e se pronunciem sobre elas, e também os teólogos (que também são pessoas :) ). Parece pois bastante razoável que o Papa coloque no centro das suas atenções os dificílimos problemas éticos de fronteira que surgem associados à fronteira do conhecimento. Por que razão é que isso a incomoda tanto?

É que não parece razoável que os problemas éticos associados à ciência sejam deixados ao único critério dos cientistas, que também não têm qualquer superioridade ética ou moral para se pronunciarem sobre eles. Neste aspecto, são também simples mortais, com as suas crenças e as suas hesitações, tal como os teólogos.

Ainda assim, e considerando as devidas distâncias entre um simples post e uma declaração vaticana, parece-me que este post da Palmira sai a perder no confronto. É que a declaração vaticana prima pela cautela na abordagem a estes problemas e portanto quase não diz nada de novo (a única novidade consiste em afirmar a dignidade do embrião enquanto pessoa). O post da Palmira também é um déjà-vu, incluindo a reafirmação da sua crença de que ao embrião não deve ser concedida tanta dignidade. Mas é talvez um déjà-vu mais fundamentalista, na sua presunção de que os problemas são todos simples e têm uma resposta óbvia, excepto para os pobres ópio-dependentes.

Nabla disse...

alexandre o médio,
se tal como nos querem fazer querer, deus nos fez como somos, então também terá sido desígnio desse ser omnipotente que nos questionássemos sobre a natureza das coisas e inclusive tentássemos compreender a sua vontade. Por isso acho que ou ele deu um tiro no pé ou então não é tão omnipotente como dizem (ainda há a hipótese de que ele não exista, mas não vou sequer falar dela senão o cérebro do perspectiva pode entrar em curto circuito).

Quanto à sua vontade de se acabar com a ciência alegando que só nos afasta da verdadeira natureza criadora, devo argumentar que nos quase 200.000 anos de existência de humanos (ah é verdade se calhar acredita no adão e na eva) a ciência como a conhece esteve praticamente ausente até há bem pouco tempo (comparativamente). E quer em termos de gosto de viver, felicidade, saúde, igualdade e até humanismo nenhuma altura foi tão boa e justa como a que estamos a viver. Creio que não há dúvidas que em grande parte se deve à educação e à ciência.

alexandre o médio disse...

isto é verdade

logicamente falando é correcto

"sempre q ha informaçao codificada ha por tras disso uma inteligencia"

toda a informaçao codificada q conhecemos fomos nos q a inventamos

e depois , ya , descobre-se que a vida ta codificada em informaçao ..

logo tem q ter origem inteligente

mas por esse raciocionio

tb podemos dizer

logo tem q ter origem de uma inteligencia humana



perspectiva, tou a mudar-me para o outro lado!!

alexandre o médio disse...

"Na origem da informação codificada em livros, enciclopédias, computadores, telemóveis, etc., está sempre uma inteligência."


perspectiva!! outro argumento q esse ta a abanar

alexandre o médio disse...

tava no gozo ó nabla

alexandre o médio disse...

A noção de que Homem criou o homem e a mulher tem grandes implicações para a compreensão do matrimónio.

A noção de que toda a criação está corrompida pelo pecado, tem grande importância para se compreender os desvios que todos nós, sem excepção, cometemos relativamente à Lei do Homem.

Perante o Homem, todos sem excepção somos pecadores. Todos precisamos do seu perdão e da sua graça.

A noção da justiça e da bondade do Homem celebra-se no Natal e na Páscoa, com a encarnação, vida, morte e ressurreição de Jesus (filho do Homem).

Ao morrer, Jesus sofreu o castigo dos nossos pecados. Ao ressuscitar, ele garante vida eterna àqueles que aceitarem a Sua salvação.


Mas quem quiser clarificar o seu pensamento em matéria de criacionismo é convidado a conhecer a "forquilha criacionista" com base na qual, dizemos em tom de brincadeira, o Ludwig Krippahl e a Palmira irão ser espetados e grelhados nos próximos tempos.

Na base dos argumentos científicos a favor do criacionismo encontramos um raciocínio com a forma de uma forquilha tridente:


1) Sempre que num sistema temos informação codificada esta tem sempre origem inteligente humana;

2) No DNA encontramos informação codificada;

3) Logo, na origem da informação codificada do DNA está um ser inteligente Humano.

A força deste argumento é que as premissas 1) e 2), em que a conclusão repousa, são cientificamente irrefutáveis.

Elas baseiam-se na observação, não podendo ser desmentidas através da observação. Elas dizem respeito a factos observáveis.

Elas colocam os evolucionistas em xeque mate, na medida em que não existe nenhuma evidência científica que as possa contrariar.

Na origem da informação codificada em livros, enciclopédias, computadores, telemóveis, etc., está sempre uma inteligência humana.

Só a desconsideração das premissas a) e b) é que pode explicar a confusão que a Palmira Silva faz entre cubos de gelo e DNA.

Como o Ludwig sabe que não existe informação codificada sem inteligência humana, a sua estratégia tem sido tentar negar que no DNA encontramos informação codificada.

No entanto, essa estratégia falha completamente, pelo simples facto de que no DNA encontramos realmente informação codificada.

Isso não é simplesmente um modelo humano.

É literalmente assim.

Sequências de nucleótidos são usadas para representar toda a informação (de que a comunidade científica não dispõe) que representa todas as instruções químicas necessárias à produção e reprodução de seres vivos extremamente diversos, complexos e funcionais.

As letras ATCG são as mesmas. O que muda é a sequência.

Que isso é assim, é amplamente corroborado pela comunidade científica.

Isto tem sido reconhecido mesmo pelos evolucionistas mais impenitentes.

Carl Sagan é um bom exemplo.

Ele referia-se ao DNA como “o livro da vida”, reconhecendo que a dupla hélice do DNA é a linguagem, com apenas quatro letras, em que a vida está escrita.

A variação destas quatro letras é aparentemente infinita.

Com elas pode ser codificada toda a informação necessária à produção e reprodução dos diferentes seres vivos.

No que toca aos seres humanos, reconhecia Carl Sagan, o material hereditário requer múltiplos biliões de bits de informação, numa estimativa que hoje se sabe que foi feita muito por baixo.

Nas palavras de Carl Sagan, "(these) bits of information in the encyclopedia of life-in the nucleus of each of our cells-if written out in, say English, would fill a thousand volumes.

Every one of your hundred trillion cells contains a complete library of instructions on how to make every part of you."

[Carl Sagan, COSMOS, Ballantine Books, 1980, p. 227.]

O Ludwig diz que no DNA não existe informação codificada.

Em sentido oposto, Carl Sagan diz que as nossas células contêm uma completa biblioteca com instruções sobre como fazer cada parte de nós (instruções essas que a comunidade científica não consegue abarcar).

Os criacionistas não poderiam concordar mais com Carl Sagan neste ponto, já que os factos são indesmentíveis.

Como se vê, a estratégia do Ludwig está votada ao fracasso. A da Palmira Silva também.

O Ludwig e a Palmira não têm, por isso, qualquer hipótese científica séria contra a forquilha criacionista.

Quase podemos dizer, em tom de brincadeira, que espetámos o Ludwig e a Palmira com ela e agora vamos grelhá-los em lume brando.

Eles vão espernear, mas só isso.

Recordemos, numa formulação ligeiramente diferente:

1) Toda a informação codificada tem origem inteligente humana.

2) No DNA encontramos informação codificada em quantidade, qualidade, variedade, complexidade e densidade que transcende tudo o que a comunidade científica é capaz de produzir

3) Na origem do DNA encontramos uma inteligência que transcende a inteligência de toda a comunidade científica junta.

É tão simples como 2 + 2 = 4

O Ludwig e a Palmira não têm qualquer hipótese científica contra este argumento.


Nem eles, nem ninguém.

Este argumento, sendo aparentemente simples, tem implicações fundamentais para a análise do big bang, da origem da vida, do hipotético ancestral comum, da selecção natural, da especiação, etc.

É que a informação é uma realidade imaterial, que não se confunde com o mundo material.

Nabla disse...

alexandre o médio,

não percebi que estava no gozo, é a lei de Poe em acção

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