Por Eugénio Lisboa
Na Roma antiga, quando os bárbaros já estavam à porta, com o seu avassalador poder de destruição, os romanos divertiam-se com pequeninas coisas, como se nada de grave estivesse para acontecer. Em vez de se unirem, para poderem eficazmente resistir, dividiam-se, antagonizavam-se, para obterem verdadeiras pequeninas vitórias de Pirro. Discutiam o sexo dos anjos, procuravam fazer um bom negócio, seduzir a mulher que lhes apetecia, enganar um vizinho, enfeitar melhor a casa… sem se aperceberem que tudo isso ia, em breve, ser devorado pela onda selvagem que iria saquear Roma.
Vivemos actualmente uma situação muito semelhante. Os bárbaros são agora a catástrofe climática, que se avizinha, rápida e inexorável. E, em vez de nos unirmos todos contra ela – única hipótese de salvação – entretemo-nos a produzir cada vez mais armamentos, a fomentar guerras e golpes de Estado, a eleger Presidentes irresponsáveis, a arranjar guerras entre blocos de interesses comerciais, a fundar empresas perigosas, a permitir que poucos vivam com muitíssimo e muitos com quase nada, em invejar os que possuem trinta carros topo de gama e não sei quantas casas em paraísos condenados a desaparecer.
O planeta foi confiscado pelo predador mais hábil e mais tresloucado, entre todas as espécies vivas: o homem, esse destruidor.
Não nos apercebemos de que tudo quanto pretendemos obter, melhores salários, mais saúde, melhores pensões de reforma, mais lazer, mais viagens, melhor e mais acessível habitação, mais cultura, nada é contra o horrível pano de fundo de uma formidável catástrofe que, todos os dias aceleramos.
Valerá a pena irmo-nos anichar numa sumptuosa mansão que de aqui a horas vai ser devorada pelo fogo ou por um furacão?
Não estamos a ser vítimas de uma monstruosa desfocagem? Que me interessa que um Montenegro permaneça ou não num partido e num contexto que perdem significado diante de um horrível Holocausto?
Que interessa se um António Costa vai para uma Europa que vai desaparecer? Que interessa que a TAP se salve em mãos públicas ou privadas, em face do que nos espera?
Oiçam, meus caros senhores e senhoras, nada do que por aí se discute tem qualquer dimensão ou sentido. Ou aprendem depressa a discutir o magno problema que nos ameaça – e nenhum dos partidos se tem com isso preocupado – ou vamos todos, muito em breve, para um inglório território de onde se não regressa.
Os Venturas, os Rui Rochas, os Montenegros, os Raimundos não passam de formigas atarantadas que não sabem ler os relatórios alarmantes dos climatologistas. São eles os que sofrem de gravíssima e perigosíssima iliteracia.
É uma boa altura de se aprender a olhar para as nuvens e não para balanços bancários ou sondagens de voto.
Chegámos ao grande momento em que se deve privilegiar a colaboração e não uma mortífera competição. As leis sagradas do mercado competitivo tornaram-se assassinas.
QUO VADIS, HUMANITAS?
Eugénio Lisboa
5 comentários:
Há quantos anos que os Raimundos apoiam o Ambiente, e o PEV - Partido Ecologista os Verdes, que há muito defende políticas ambientais.
Pura CEGUEIRA ideológica do Sr.Eugénio Lisboa.
Os Raimundos são pessoas sérias e convictas, não são é populistas.
Populismos é o que o Sr. Lisboa aqui publicou.
Há entre os comunistas quem saiba muito mais que o Sr. Lisboa, em todos os campos, na literatura, no clima e na arte em geral, não duvide disso nem por um segundo Sr. Eugénio Lisboa.
Se o Sr. Anónimo que não ousa dizer o seu nome acha que este assunto serve para querelas partidárias, não percebeu patavina do que escrevi. É com gente deesta que os bárbaros acabarão por saquear Roma outra vez. E esta será a última. Como se pode ser tão obtuso? Aprenda a arte de ler, se ainda tiver tempo para isso.
Adenda ao comentário anterior: Se o Sr. Anónimo é o Sr. Ildefonso Dias, por que raio não se identifica? Acha que um assunto desta magnitude se discute com anonimatos? Não tem vergonha da sua cobardia? Caso não seja o Sr. Ildefonso Dias, também me não incomodo muito com isso: são parecidos na obtusidade ideológica, que nunca para aqui devia ser chamada, quando se discute a sobrevivência do planeta. O Sr. Raimundo ou o Sr. Costa ou o Sr. Rocha, são vectores insignificantes, ante a gigantesca tragédia que se avizinha. Unam-se em vez de se guerrilharem, é o que o meu texto recomenda.
https://www.parlamento.pt/ActividadeParlamentar/Paginas/DetalheIniciativa.aspx?BID=110610
O Senhor Eugénio Lisboa mente descaradamente, quando diz que os Raimundos não sabem ler "os relatórios alarmantes dos climatologistas". Vejamos a iniciativa do link acima e quem votou contra.
Tenha vergonha e retire os Raimundos do seu texto.
Deixe-se de populismo e analise os factos.
Pare de lançar nuvens de fumo para uma sociedade que já é ignorante em demasiado.
Vá chamar mentiroso ao seu tetra-avô, seu idiota atrevido. Se acha que é com um voto desses que se luta a sério contra uma eminente catástrofe desta magnitude, o Sr. é muito mais parvo do que eu pensava. Tudo quanto sabe fazer, quando se trata de um holocausto desta dimensão, é tomar as dores de um Sr. Raimundo, que não dá um centésimo do seu tempo a tentar evitar a sério uma tal calamidade. Nem ele nem nenhum chefe de nenhum partido: não são suficientes votos ou declarações. É necessário algo de bem mais substancial. E é também lamentável que idiotas como o Sr. ainda não tenham percebido que não é com miseráveis questiúnculas ideológicas que se previne uma tragédia que está à vista e diante da qual a reputação do Sr Raimundo pouco ou nada interessa. Homem, abra os olhos, veia o que se está a passar e acabe com esse embevecimento parolo com o Saramago, com o Partido comunista e com o Sr. Raimundo. E não toque violino, quando os bárbaros já começaram a atravessar a fronteira! E identifique-se, homem: seja homem. Olhe que eu não acredito que o Sr. Saramago ou o Sr. Raimundo fossem capazes de escrever cartas anónimas...
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