Quando te vi, eras discreta e posta
em sossego, tal e qual a Inês
do verso de Camões. “Ela não gosta”,
pensei, “de se ver exposta, talvez.”
Falavas pouco, mas sempre a propósito,
com suavidade e ironia fina,
deixando, com cuidado, em depósito,
teu toque suave de Indochina.
Prometias doçura e lealdade,
talvez amor, mas sendo delicado,
cheio de pudor e de claridade.
Minha vida por ti iluminada
foi tudo quanto não teria sido,
se me não tivesses acontecido.
Eugénio Lisboa
quinta-feira, 28 de setembro de 2023
CLARIDADE
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