quarta-feira, 6 de setembro de 2023

FANTASMAS NA CASA

Já, então, escondíamos segredos:
não eram só coisas que nós fazíamos.
Os adultos também tinham enredos
e, ao sabê-los, estarrecíamos!

Casas eram armazéns de fantasmas,
esqueletos fechados em armários,
uma atmosfera onde havia miasmas,
os prazeres, às vezes, adversários!

A alegria cedo profanada,
a inocência algo conspurcada,
a esperança algum tanto ardida,

algum gosto perdido na corrida. 
Poder-se assim minar o paladar,
de quem tanto podia vir a dar!

Eugénio Lisboa

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