quinta-feira, 15 de março de 2018
"Os monociclistas" de António Ladeira
Anteontem apresentei em Lisboa com Pedro Mexia o livro de contos de ficção científica "Os Monociclistas e outras histórias do ano 2045 " de António Ladeira (editora On y va de António Manuel Venda, onyva.p)
Deixo aqui os textos da contracapa e das badanas:
Contracapa:
"Agora os cidadãos entravam nos edifícios – onde se encontravam as suas residências, os seus locais de trabalho, os estabelecimentos comerciais, etc – sem saírem do monociclo. Como a linha de visão do monociclista ficava a mais de dois metros do chão, cada montra, cada balcão, cada caixa registadora, cada prateleira, cada mesa, cada janela, tudo teria de ser «aumentado» ou «acrescentado» de modo a adequar-se à nova «estatura» dos utentes.
(de «Os monociclistas»)
Espreitou o ecrã a medo. Desviou o rosto. Voltou a olhar e lá estava: um cidadão cuja cara era igual, mas igualzinha à dele, inspector Alves! Queixo duplo, bigode negro, cabelo à escovinha, sobrancelhas grossas quase unidas, lábios carnudos e vermelhos.
(de «O inspector»)
É mais fácil ler livros digitais porque as histórias estão lá «temporariamente », ou «por empréstimo», e por essa razão ler tem apenas a importância das histórias que existem «temporariamente » ou «por empréstimo». Nos livros digitais as histórias transformam-se. Transformam-se de dia para dia. De hora para hora. De minuto a minuto. Por vezes até de leitura para leitura, ou mesmo enquanto são lidas.
(de «O professor»)
Badanas:
«Como será o mundo em 2045? É a pergunta a que estes contos surpreendentes procuram responder.»
Richard Zimler
Se tivéssemos que descrever numa única expressão os textos aqui reunidos, arriscaríamos chamar-lhes simplesmente «contos de fadas tecnológicos». Neste primeiro volume de histórias sobre, além de outras coisas, as relações entre tecnologia e ética (o segundo volume será editado também pela On y va), António Ladeira constrói um universo futuro e distópico a que chama «O Território», numa clara homenagem à ficção científica. Em cada uma das histórias, um dos fenómenos tecnológicos que transformou (e transforma) as nossas vidas (redes sociais, gigantes tecnológicos, videovigilância, educação digital versus tradicional, etc) sofre um processo inesperado de evolução graças à
cumplicidade de regimes autoritários e totalitários. Entre ecos de Orwell, Kafka, Cortázar e Phillip K. Dick, é difícil dizer onde acaba a irrisão da ironia (e do jogo paródico) e começa um inquietante aviso à Humanidade.
Sobre o autor:
António Ladeira
Nasceu na Cova da Piedade, Almada, em 1969, e viveu em Sesimbra até sair de Portugal, em 1993. Licenciado em «Estudos Portugueses» (Universidade Nova de Lisboa) e doutorado em «Línguas e Literaturas Hispânicas» (Universidade da Califórnia), é professor de literaturas lusófonas e director do programa de português da Texas Tech University, nos Estados Unidos (neste país também leccionou na Universidade de Yale e no Middlebury College). Tem trabalhos académicos e literários em inúmeras publicações (Colóquio-Letras, Jornal de Letras, Artes e Ideias, A Ideia, Vértice, Revista Relâmpago, Hispania, Bulletin of Hispanic Studies, Portuguese Literary and Cultural Studies, Prairie Schooner, Luso-Brazilian Review). Publicou quatro livros de poesia, área em que está presente em antologias e revistas nacionais e internacionais. Fez rádio, colaborou no DN Jovem e foi crítico literário no Diário de Notícias. É letrista do cantor-compositor luso-brasileiro Felipe Fontenelle e da cantora de jazz norte-americana Stacey Kent, nomeada para os Grammy.
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