domingo, 4 de março de 2018

Ei-las que fecham!

Texto na continuação deste.

Na cidade do interior onde vivi até vir estudar para Coimbra havia (e ainda há) duas papelarias/livrarias. Uma tinha os livros muito alinhados em estantes de madeira atrás do balcão que eram interrompidas por uma porta que dava acesso a uma divisão onde o dono ou empregado entrava para ir buscar o pedido; na outra não me lembro de ver livros à mostra, estavam numa divisão a que uns poucos degraus davam acesso. Na primeira papelaria/livraria nunca passei do balcão, mas na segunda, certo dia, fui convidada a entrar para ir buscar mais um volume da História da Filosofia de Nicola Abbagnano, que eu comprava ao ritmo das minhas parcas economias. Este foi o meu primeiro contacto com uma livraria digna desse nome.

Fotografia retirada daqui.
Chegada a Coimbra, em duas ruas (Rua Ferreira Borges e Rua da Sofia), ligadas por uma outra (Rua Visconde da Luz), encontrei, com o deslumbramento esperado, várias livrarias algumas também editoras: a Coimbra Editora, a Almedina, a Livraria 115, a Casa do Castelo e, num primeiro andar com chão de tábuas que rangiam a cada passo, a enorme sala da cooperativa Unitas. Todas elas desaparecerem dali ou desapareceram simplesmente.

Percorrendo de memória esse corredor urbano não consigo identificar mais nenhuma livraria além da Bertrand, no Largo da Portagem, e, lateralmente, a primeira Minerva; na ramificação das ruas da baixa havia a livraria alfarrabista de Miguel Carvalho, que fecha agora.

Não estou a ver mais nenhuma por ali mas posso estar enganada, até porque deixei, praticamente, de ir à baixa. Custa-me ver a transformação das livrarias (e também das lojas de fazendas, dos cafés,...) em pontos de venda de souvenirs (penso que esta palavra já não se usa): os galos de Barcelos, as toalhas bordadas com corações de Viana, as Nossas-Senhoras de Fátima, os produtos de cortiça de uma variedade infinita, e os bilhetes-postais com feitio de azulejo português não substituem os livros antes agravam a sua falta, são pensados para uma leva de "turistas" que passa, está agora aqui mas, quando menos se espera, debanda para outro lado.

Isto na Baixa, avançando pela cidade, lembro-me de outras livrarias a abrir e a fechar: a Quarteto, a Minerva... que frequentava a miúdo e com gosto.

Não vou a "hipermercados" de livros, nem a livrarias renovadas ao estilo de "supermercado", nem compro livros online. Resta-me, para livros novos, a encomenda à porta e a ida esporádica à Almedina do Estádio; para livros menos novos, os alfarrabistas, em espaços minúsculos, bem como os mercados. É nos mercados que faço mais compras e a melhores preços porque, dizem-me os vendedores, toda a gente se quer desfazer dos livros, não valem nada!

No verão passado espreitei para dentro de uma das papelarias/livrarias da minha pequena cidade e ao vê-la igual ao que era há décadas respirei de alívio. Como poderia adivinhar que as livrarias de Coimbra, que eu achava grandiosas, não lhe sobrevivessem?

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O BRASIL JUNTA-SE AOS PAÍSES QUE PROÍBEM OU RESTRINGEM OS TELEMÓVEIS NA SALA DE AULA E NA ESCOLA

A notícia é da Agência Lusa. Encontrei-a no jornal Expresso (ver aqui ). É, felizmente, quase igual a outras que temos registado no De Rerum...