terça-feira, 27 de março de 2018

UMA DIRECTORA DE CULTURA QUE NÃO QUER SER INCOMODADA

O Público expôs ontem o caso da Directora Regional do Centro que exprimiu de um modo inopinado o desejo de não ser "incomodada" por agentes culturais. Um agente cultural chegou mesmo a afirmar que ela "não aparece, não vê e nunca se interessou":

https://www.publico.pt/2018/03/26/culturaipsilon/noticia/celeste-amaro-e-as-estruturas-culturais-do-centro-nao-aparece-nao-ve-nunca-se-interessou-1808017

Também eu juntei o meu nome ao abaixo assinado. De facto, vivo em Coimbra, no centro da região Centro, onde parece que fica a tal "Direcção Regional da Cultura, e não sei quem é e o que é que faz a tal directora, que soma anos e anos no cargo. Fico com a ideia que é apenas um cargo para dar um salário a uma comissária política que hoje é do PSD como podia ser do PS. 

Já escrevi que há um grave problema cultural em Coimbra, um problema para o qual tanto o PS como o PSD têm contribuído no governo da autarquia pois ambos se têm mostrado alheios à cultura.  Decerto que esse problema não vem só da Câmara da Coimbra, onde há uma vereadora da Cultura do PS que também não sei quem é (dizem-me que é alguém completamente estranho à cultura e que só está lá por estrita obediência partidária). Vem também do governo nacional, o anterior e o actual, que não investem o suficiente em cultura, no Centro ou  noutras regiões do país, e que têm directoras regionais como aquela que agora manifestou o seu significativo incómodo ("Teatro? Façam-no se quiserem, mas não me chateiem", é o que ela pensa). A percentagem do PIB que tem sido investida em cultura pelo governo central é muito "poucochinho". E, a avaliar pela atitude da delegada regional do Centro,  o pouco que existe é provavelmente, mal distribuída. No entanto, a cultura, aqui como noutros sítios, depende criticamente dos apoios do Estado. Não é uma questão entre os agentes culturais e os públicos, perante o qual o Estado se mantém alheio. O actor Nunes Lopes afirmou na recente atribuição dos prémios Sophia: “A cultura é uma responsabilidade do Estado. Juntem-se a nós e façam a vossa parte, senhores governantes."

2 comentários:

Rui Baptista disse...

Estes políticos escolhidos não pelo seu valor nas matérias que tutelam é o pão nosso de cada dia. Por exemplo, para se ser nomeado secretário de Estado do Desporto basta ter jogado ao pião. Quanto a cultura desportiva que importa? Basta dar menos pontapés na gramática que Jorge Jesus!!!

Anónimo disse...

Portugal e os políticos portugueses seriam verdadeiramente cultos quando garantissem pelo menos o pão quotidiano a cada um dos cidadãos. Isto assim é uma choldra - o fluxo emigratório nunca mais pára!

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