quinta-feira, 1 de março de 2018

DITOS BURRIQUITOS


O livro, publicado pela In-Libris, é muito original. Já em 2.ª edição (2012), reúne em mais de 120 páginas de papel couché, com ilustrações a preto e branco (de Diogo Goes), um conjunto de provérbios, anedotas, histórias e poemas relativos aos burros. O autor é Paulo Gaspar Ferreira, proprietátio da In-Libris (em cujo site o livro pode ser adquirido), existindo um complemento em mirandês, elaborado por Amadeu Ferreira (escusado será dizer que são famosos os burros de Miranda). O apoio foi para a Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino e das Águas e Parque  Biológico de Gaia. O local de publicação te um nome curioso: Asnela. Fica em Murça, Trás os Montes.

É impressionante a quantidade de provérbios asininos que encontramos reunidos neste livro. As mais famosas são, talvez:
A albarda nunca carregou ao burro.
A pensar morreu um burro.
Albarda-se o burro à vontade do dono.
Antes quero asno que me leve que cavalo que me derrube.
Burro velho não aprende línguas.
Dar com os burros na água.
Muito come o burro mas mais burro é quem lho dá
P'ra trás mija a burra.
Quando um burro zurra is outros baixa as orelhas.
Um olho no burro, outro no cigano.
Um burro carregado de livros é um doutor.
Vozes de burro não chegam aos céus.
Mas há muitas outras.

O livro inclui fábulas de Esopo e La Fontaine mas também o conhecido poema "A Moleirinha" de Guerra Junqueiro. Ou melhor, não sei se hoje é conhecido: eu, pelo menos, conheço-o da escola. 

Com este livro ficamos melhor a saber como os burros estão omnipresentes na nossa língua e cultura. A conclusão só pode ser: os burros não são nada burros.

1 comentário:

Anónimo disse...

Provérbios poemados

Era uma vez um burrito desgraçado,
Olhos castanhos, orelhas alongadas,
Focinho cónico, de funil cortado,
Patas desgastadas por terras danadas.

Com um olho no cigano e outro no espelho,
Sonhava olhar para o palácio e viajar...
Descarregar a teimosa vida até ser velho,
Se possível, não morrer, nem sequer a pensar!

Baixava as orelhas quando ouvia zurrar
Outro burro carregado de livros na albarda,
Voz que aos céus apesar de não chegar
Conseguia fazê-lo sonhar na mansarda.

- Antes quero asno que me leve, dizia,
Que cavalo que me derrube! Ele a tramar...
Com os burros na água, dar não queria,
Nem para trás ficar, como burra a mijar.

Burro velho, língua nova não aprende,
Mas como a albarda nunca carregou ao burro,
Meteu explicações e agora só rende:
Cai euro no boné do dono a cada urro!

Muito come o burro, mas é o burro quem lho dá.
Na realidade, sempre foi pouco valorizado...
Burro é o que cala, consente, carrega e não há
Pachorra pra tanto burro explorado!

FC

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