domingo, 14 de fevereiro de 2016

Até 11 horas por dia na escola - 2

Há uma década o Estado português instituía a "escola a tempo inteiro" para todo o ensino básico. Em nome do "bem-estar das famílias e das crianças", declarava que as famílias poderiam colocar as suas crianças na escola pública durante 11 horas por dia.

Escolas houve que, além disso, passaram a estar abertas nas férias, nos fins-de-semana e nos feriados, e, também, durante a noite, para acolherem filhos de trabalhadores com horários não-convencionais, para levarem os mais pequenos a conviver com os livros, para fazerem festas de pijama...

Imagem retirada daqui.
A medida estatal e a resposta operacional das escolas foi, a crer no que, à altura, veio a público bem aceite por toda a gente: os pais porque que tinham um sítio seguro para deixarem os filhos enquanto trabalhavam; os sindicatos porque defendiam, evidentemente, os direitos de quem trabalha; os professores e os especialistas em educação porque, na retórica "oficial", assumiam a educação integral, global.

Neste elogio ao esforço do sistema para dar “resposta sócio-educativa de qualidade, de acordo com as necessidades das famílias”, destacou-se a Confederação das Associações de Pais, a Federação Nacional dos Professores e todos os sindicatos. Peritos internacionais elogiaram-na e realizou-se pelo menos um encontro nacional que lhe imprimiu, como convém, o tom "científico" (ver aqui).

Essencialmente por razões economicistas, a anterior legislatura restringiu a "escola a tempo inteiro" ao primeiro ciclo e diluiu as actividades "extra-curriculares", de "enriquecimento curricular"...; a actual legislatura, assumindo os enormes custos que essa figura implica, expande-a ao segundo e terceiro ciclos e recupera tais actividades.

Dez anos passados, a discussão é a mesma: resume-se a um negligente "deve e haver", pouco importando as consequências que o estar todo o dia numa escola tem acarretado e há-de continuar a acarretar a milhares de crianças (ver aqui).

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