Da Comum Claridade
Há um saber qualquer
que há-de ser semelhante ao das
estrelas
no seu fino fio ausente a colisão:
é quando as coisas se complicam, ou
se abrem,
ou muito simplesmente
se incendeiam.
Estará decerto no amar esse saber,
e por isso talvez do coração
diziam os antigos ser o meio,
o centro do pensar.
Talvez assim também
entre a cor da paisagem
e o recordar de cor
um rosto, uma janela quase circular,
um levíssimo gesto antecipado,
pode haver o mais óbvio
comum a universo:
explosão de estrela nova gerando
outras estrelas, ou mesmo
revogando a antiga luz.
Mas em tal comprimento de energia
que o átomo que foi,
desconcertado,
de encontro ao mais vazio,
tenta reconcertar outro
caminho
de onde: novo saber,
um brilho novo,
transversal a tudo.
Quanto ao humano,
sublunar na sua imperfeição,
cinde-o a maravilha do cuidar,
e só lhe resta: amar –
o que perfaz em soma,
igual ao fogo de que é feito
a estrela –
3 comentários:
Estive no lançamento do livro no Porto e referi-o também no meu blogue.
Parabéns pela escolha do poema.
Regina Gouveia
há de (-)
parabéns.
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