sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Antonia Pozzi (1912-1938)

À tranquilidade da infância da poetisa sucedera-se a dor indelével da adolescência, marcada por uma paixão arrebatadora com um professor do liceu.
Pozzi é a par de Cesare Pavese, Cristina Campo e Montale, um dos grandes nomes da poesia italiana do século vinte.

Limites

Tantas vezes relembro
o meu cinto da escola
cinzento, sujo,
com que apertava os meus livros
num nó único
e seguro -
Não existia então
este transcender ansioso
esta superação sem rumo
este perder-se
que ainda não é morrer -
Tantas vezes choro, lembrando
o meu cinto da escola



2 comentários:

De repente é mais verdade disse...

Tantas vezes esqueço
a minha escola
rosa sem rosa
velha de infância
muda de gritos
sem nós nos livros

a minha escola
diária e inútil
com sorrisos nos pés
cheia dos espaços
da minha ausência


Tantas vezes esqueço
a minha escola
de pedras toscas
cravadas ao fundo
da igreja que badala
as ovelhas que não ouvem

a minha escola
que já não sinto
sem rumo e sem choro
por onde me minto
por onde demoro…

-- disse...

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